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Maratona de Lives Smart City Expo Curitiba

Cidades inteligentes só funcionam quando tecnologias são democratizadas entre cidadãos

Aléxia Saraiva, com colaboração de Millena Prado
28/05/2020 23:29
“Smart city não é a infraestrutura, é o todo: meio ambiente, planejamento urbano, tecnologia e pessoas”. É assim que Susanna Marchioni, CEO da Planet Smart City no Brasil, resume o conceito de cidades inteligentes e inclusivas cunhado pela sua empresa. Criando cidades inteligentes do zero de modo pioneiro no Brasil, ela subverte a ideia de que inovação é restrita a poucos, expandindo-a para todos os cidadãos de uma comunidade de forma gratuita.
Marchioni foi uma das entrevistadas da terceira Maratona de
Lives promovida nesta quinta-feira (28) pelo Smart City Expo Curitiba, edição
brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do Brasil. A temática que
permeou as cinco conversas que aconteceram ao longo do dia foi de que forma a
tecnologia pode melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Com duas cidades construídas no Brasil e diversos planos para o futuro, a Planet Smart City mostra, na prática, como é possível empoderar e integrar cidadãos através da tecnologia. Grande parte desse conceito está integrado no aplicativo Planet App, que apresenta horário de programação dos serviços públicos, gerencia grupos de moradores, cria grupos de compartilhamento de caronas, troca de produtos e serviços, entre outros.

Cartões pré-pagos democratizam acesso a crédito

Soluções de facilitação de crédito e de meios de pagamento digitais estão na linha de frente para auxiliar adaptação durante a quarentena – além de evitar filas e reduzir o contato humano, elas ampliam o acesso a quem não tem conta corrente. Algumas dessas vantagens foram listadas no bate-papo com Fernanda Caraballo, diretora de engajamento com governos da MasterCard.
Segundo Caraballo, os cartões pré-pagos da empresa estão
sendo utilizados no Chile para realizar o pagamento de auxílio emergencial para
quem não possui conta corrente. Já na Turquia, a solução é uma forma de desembolso
de microcrédito para microempreendedores.
“[O cartão funciona] sem precisar de uma conta em banco para
fazer o pagamento desse empréstimo – o que inclui grande parte da população,
ampliando o acesso a esse tipo de programa. Na Turquia está sendo um sucesso, e
no Brasil vários estados estão estudando essa solução”.
Outra solução pontuada por Caraballo que facilita o dia a
dia nas cidades é a integração do sistema de transporte público com cartões de
crédito, que podem ser usados diretamente nas catracas de metrôs ou ônibus. Ela
conta que a cidade pioneira na tecnologia foi Londres, que implementou o
sistema há seis anos. “Isso gera uma conveniência que permite que os turistas
ou usuários eventuais possam fazer uso do serviço público com mais praticidade”,
relata.

Turismo inteligente é vantagem na retomada pós-crise

Antonio Carlos Pereira, gerente sênior de mercado da Indra - multinacional espanhola que oferece soluções de inteligência artificial e ferramentas de monitoramento e gestão – apresentou as vantagens de uma tecnologia já presente em outros países que pode ser implementada no Brasil: o turismo inteligente.
No sistema, turistas recebem informações completas sore o
local que desejam visitar, os estabelecimentos comerciais e ofertas de produtos
e serviços; programar sua viagens e visitas; além de verificar quais são os
melhores horários ou dias com menos circulação de pessoas, pensando em um cenário
de retomada pós-coronavírus.
Na outra ponta, para o município e os estabelecimentos
cadastrados, é possível ser mais assertivo na oferta de produtos, reconhecendo
especificamente quem é o público e quais as maiores demandas.
“O destino inteligente pode viabilizar a retomada do turismo
neste momento. O turista pode ver quantas pessoas estão lá e recebe ofertas e
serviços com melhores preços da região. É um futuro que estava a médio e longo
prazo antes da pandemia, mas agora vai acontecer em curtíssimo prazo,
funcionando como uma saída para recuperação do turismo”, afirma.

Falta de conectividade e legislação antiga são empecilhos

Atilio Rulli, diretor sênior de assuntos governamentais da Huawei, comentou sobre os avanços necessários para que o Brasil caminhe cada vez mais no desenvolvimento de tecnologias que facilitem a vida do cidadão.
Para ele, entre as ferramentas que podem ser implementadas
mais facilmente no país está a unificação dos serviços oferecidos pela
prefeitura, como um centro de integrado de serviços de saúde e polícia
acionados por um único número, além de estabelecer fronteiras monitoradas para
melhorar a segurança pública.
“Unificar os serviços públicos em um único lugar, com um
único número para serviço de saúde e guarda municipal, por exemplo, é possível.
É um dos grandes pontos para que as cidades adquiram valor agregado,
beneficiando o gestor e atendendo o cidadão com agilidade."
Entre os exemplos de cidades que já passaram por
transformações digitais está Aparecida de Goiânia (GO). Na cidade, a Huawei
implementou um projeto cuja primeira fase foi concluída em 2019. O sistema
envolve desde o videomonitoramento da cidade até a análise do perímetro, com
informações oferecidas à prefeitura para facilitar a gestão.

Acelerar a digitalização no Brasil vai beneficia evolução de cidades inteligentes

Um dos exemplos de como a pandemia alavancou essa perspectiva
foi através de videoconferências. Segundo ele, a Teletex ajudou a instalar no
Brasil cerca de 30 mil licenças da Webex – plataforma de comunicação da Cisco
que fornece salas de reunião com segurança digital, e que está com licença gratuita
por 90 dias para novos clientes.
“O novo normal vai limitar o olho a olho. Você precisa
conseguir transmitir suas intenções e objetivos pela tela, então a experiência
precisa ter uma qualidade muito boa. ”
Para Buss, o mercado das cidades inteligentes é um dos mais promissores. Para que ele se desenvolva mais rapidamente no Brasil, o executivo propõe que os governantes deixem de ver essas tecnologias apenas como um custo, mas passem a entendê-las como um investimento que traz um retorno efetivo à população – tais como reconhecimento facial e wireless público e gratuito para os cidadãos.

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