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Maratona Smart City Expo Curitiba 2020

Resiliência é a principal característica das cidades inteligentes de hoje

Mariana Ceccon, especial para GazzConecta, e Aléxia Saraiva
27/03/2020 23:36
Exemplos não faltam. O mundo já conta com diversos modelos de cidades que são inteligentes nas mais diversas áreas, e o momento de crise faz com que suas soluções sejam compartilhadas entre diversas localidades. O papel do ecossistema de inovação e da relação entre governança e iniciativa privada foram alguns dos tópicos discutidos neste segundo dia de maratona de lives realizada pelo Smart City Expo Curitiba 2020, edição brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do mundo.
O evento, que aconteceria nesta quinta (26) e sexta-feira (27) e foi postergado para junho, deu lugar a nove lives que aconteceram ao longo dos dois dias para aquecer o público com relação a algumas das temáticas mais debatidas no evento - e se relacionando, é claro, com o momento de crise em decorrência do novo coronavírus.
Media partner do evento, o GazzConecta resumiu as quatro lives desta sexta. Confira a seguir e assista às lives no final da matéria.

Digitalização imprescindível

Depois da quarentena e do
isolamento social promovido pela crise no novo coronavírus, o trabalho não será
mais o mesmo – a digitalização é imprescindível tanto para pessoas como para
empresas. Essa é a opinião de Josep Piqué, presidente da TechNova Barcelona e um
dos idealizadores do 22@Barcelona, distrito de inovação que virou case mundial
de transformação urbana.
Foi ele o convidado da live de
abertura do segundo dia da maratona, que teve mediação do sócio-diretor do
iCities Eduardo Mazarollo. O assunto principal tratou da importância da
digitalização para que cidades sejam mais inteligentes e resilientes,
principalmente em momentos de crises como a que estamos vivendo.
“A vida pós Covid-19 é muito mais
smart”, ressaltou. Para Piqué, os ecossistemas de inovação existentes pelo
mundo precisam se articular através do compartilhamento de uma agenda de
desafios, no qual cada agente – governo, empresas, academia – trata de uma
demanda específica. “Os desafios podem ser sanitários, econômicos, sociais,
urbanos. O ecossistema toma sentido quando compartilha os desafios entre si.
Isso nos ajuda a entender quem faz o que, porque ninguém pode fazer tudo”,
endossa o especialista.

Estratégias da nova economia

O presidente da comissão de
inovação e gestão da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), Rhodrigo
Deda, falou sobre algumas estratégias, principalmente de parceria entre órgãos
públicos e empresas, para fomentar a nova economia no século 21.
Moderado pela arquiteta e
urbanista do iCities Juliana Palácios, a conversa focou em exemplos como o dos
conselhos de inovação municipais, os tribunais de contas e outros modelos públicos
de governança, além do papel dos líderes públicos, como canalizadores de
mudanças positivas.
Deda, que é mestre em tecnologia
e sociedade, defendeu que a inovação seja trabalhada em três etapas nas
organizações: a percepção de que a inovação é importante; o teste de modelos e
aprendizado com este processo; e por fim a disseminação desse modelo mental
dentro das instituições. "É preciso que a gente também abrace a
diversidade de pessoas. São os elementos estrangeiros que diversificam e que
dinamizam uma cultura. É dai que surge a criatividade e a inovação",
pontuou.

Contenção de riscos

Ter processos bem definidos,
ágeis e eficientes ao enfrentar uma emergência não deveria ser apenas uma
preocupação do setor privado. É o que pensa a presidente do Instituto
Paranaense de Compliance, Letícia Sugai. "Quais são os processos críticos
que não podem parar, para que meu negócio não pare? Quando olhamos para o
governo estamos falando em segurança? Saúde? Se você tem essas áreas mapeadas
fica mais fácil alocar pessoas e recursos para manter uma cidade funcionando
durante uma crise", defende.
Durante a sua participação, a
especialista explicou como esses conceitos são pilares fundamentais de uma
organização e como os cidadãos podem lançar mão de ferramentas para exigir que
esses modelos também sejam adotados, de forma natural ou não, pelos órgãos
públicos.
Letícia também falou como o senso
comunitário de desconfiança tornam qualquer processo burocrático e andam na
contramão do conceito de cidade inteligente. "Dar autonomia para as
pessoas, reduzir cláusulas contratuais e desburocratizar nos deixa mais
expostos, mas é uma forma também de aumentar o grau de confiança coletivo. Para
isso acontecer é preciso ter planos de contenção, entender que problemas podem
acontecer e precisarão ser corrigidos, mas que em longo prazo essa engrenagem
funcionará de forma mais natural", exemplifica.

Cidades inteligentes maispróximas da realidade

Quando se fala em cidades
inteligentes, muitas pessoas acreditam que trata-se de uma ideia futurista e de
promessas que não saem do papel. A pesquisadora Ana Carolina Benelli,
consultora do Instituto de Tecnologia e Sociedade, mostrou justamente o
contrário: ela listou uma série de projetos que representam o conceito de
cidades integradas, tecnológicas e sobretudo resilientes.
De hortas comunitárias a modelos
de gestão da informação nos setores públicos, a pesquisadora debateu com o
diretor comercial do iCities, Caio Castro, como fazer com que os projetos de
cidades inteligentes também atendam as expectativas dos cidadãos, saindo apenas
da emissão de comunicados e prestação de contas, e partindo para empoderamento
de grupos da sociedade para tomada de decisões e formulações de políticas
públicas.
"Um dos exemplos mais atuais
que podemos dar sobre o engajamento cívico e protagonismo cidadão é como estará
nossas comunidades pós Covid-19", comentou a pesquisadora. "A
governança de como tratamos essa situação toda é o que fará a diferença. Como
vamos usar esses insumos para lidar com uma próxima emergência? Como
internalizar essas informações e aprendizados que estamos recebendo e transformar
num conhecimento útil para a criação de políticas públicas, melhorias e ações
de desenvolvimento territorial no nosso próprio bairro? Isso é uma cidade
inteligente e resiliente", pontuou.

Adiamento da última transmissão

A última transmissão ao vivo da
maratona Smart City Expo Curitiba 2020 precisou ser adiada. A conversa, que
estava agendada para acontecer às 19h desta sexta-feira (27), entre Ana Paula
Bruno, do Ministério de Desenvolvimento Regional e o sócio do iCities Beto
Marcelino, não pode ser transmitida devido a problemas técnicos. O tema do
vídeo era “Lidando com a complexidade: inovações em políticas públicas”.
Após enfrentar cerca de 40
minutos de problemas com a conexão e transmissão do conteúdo, os organizadores
preferiram reagendar o debate para a próxima semana. A data e horário ainda não
foram definidos.
Durante dois dias, no Instagram do evento, foram veiculadas dez entrevistas com especialistas das áreas de inovação, ciência de dados e cidades inteligentes. Os debates serviram para aquecer o evento físico, agendado para acontecer entre os dias 18 e 19 de junho.
Confira abaixo todas as lives realizadas durante a maratona!

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