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Maratona de Lives iCities

Por que comunidades digitais são fundamentais para o sucesso de uma empresa

Mariana Ceccon, Millena Prado e Aléxia Saraiva
06/08/2020 23:06
Nesta quinta-feira (6) o iCities – empresa organizadora do Smart City Expo Curitiba, edição brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do mundo – estreou sua nova plataforma online voltada ao networking, o Weaver. Com um congresso especial focado somente em comunidades digitais e netweaving (uma analogia ao ato de tecer contatos profissionais), a plataforma hospedou convidados como o fundador do Duopana Luciano Kalil, o diretor da Hotmilk Fernando Luciano e o vice-chair do Clube de Negócios do World Trade Center Lisboa, Luciano Montenegro.
Dotado de inteligência artificial, o Weaver utiliza um algoritmo que indica conexões qualificadas a partir dos interesses do profissional. Quando a conexão aceita o contato — o chamado match —, a plataforma fornece opções de marcar um horário na agenda e criar um link para a reunião, incentivando a troca. Além das indicações, o usuário também poderá buscar por outros contatos específicos.
Aproveitando esse ambiente de troca, os fundadores do Weaver promoveram cinco discussões dentro do tema comunidades digitais para incentivar os novos usuários a utilizarem o espaço virtual para fomentar negócios e ampliarem suas redes de contato.
O GazzConecta acompanhou a transmissão do evento e resume os principais pontos abordados nos debates. Confira!

Netweaving e comunidades de negócios 

A conversa inaugural do seminário, encabeçada pelo sócio do iCities Caio Castro, focou no fortalecimento das relações humanas e na assertividade das conexões. Foram convidados para a discussão Bernhard Smid, especialista em criação de conexões profissionais e fundador do Matchmaking Brazil e o vice-chair do Clube de Negócios do World Trade Center Lisboa, Luciano Montenegro. Entre as questões abordadas estavam o futuro das comunidades de negócios nos meios digitais e novas oportunidades surgidas a partir desse remodelamento na promoção de encontros.
“As plataformas virtuais são tendência, não apenas para fazer o casamento de oportunidades entre pessoas e negócios, mas também para produtos”, explica Smid. “O que eu vejo é que esse mundo digital é de fato uma grande oportunidade, inclusive para prestadores de serviço, como arquitetos e engenheiros, que podem passar a se conectar com mercados internacionais, desde que estejam atentos aos aspectos culturais e concorrentes locais. O inverso também acontecerá. Teremos mais concorrência estrangeira no Brasil, e esse é um alerta para quem ainda está relutante em se adaptar ao online”, arremata.  
Para Montenegro, as comunidades virtuais, apoiadas por inteligência artificial e capazes de promover encontros valorosos para empresas e clientes, farão parte de um modelo híbrido de negociação. “Ainda no momento de fechamento e aprofundamento de um negócio, o presencial contará muito. A questão do corpo falando, as pequenas nuances que fazem você fechar ou não... Mas é inegável que promover esses encontros iniciais compatíveis online aumenta muito a capacidade de você atingir um público maior, com mais facilidade e interação”, pontua.

Potencializando os ecossistemas de startups 

A arquiteta e urbanista do iCities Juliana Palácios recebeu Andrea Sorgenfrei, head da PinÓ — unidade de negócios da Gazeta do Povo que promove as marcas GazzConecta, Bom Gourmet e HAUS — e o diretor do ecossistema de inovação da Hotmilk, Luciano Fernando, para conversar sobre os novos caminhos para as comunidades de startups.
Em sua maioria fundadas em ambientes de espaços compartilhados, o futuro das startups e empresas de tecnologia deve estar nos coworkings. É no que acreditam os convidados deste painel.
“Como PinÓ, acompanhamos as tendências desse setor. Existe uma tese de que os coworking terão uma recuperação muito rápida pós-pandemia graças às novas configurações das empresas, que deixarão de ter ambientes grandes e estruturais para operarem um modelo de encontros híbridos e em espaços compartilhados, onde a cultura empresarial será promovida”, explica Sorgenfrei. “Seguramente os ambientes para esses encontros criativos permanecerão ativos, mas as grandes reuniões, com grandes deslocamentos estão superadas”, garante.
Fernando exemplifica este cenário explicando que mesmo durante a pandemia novas empresas procuraram o ecossistema de inovação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), onde fica localizado o Hotmilk, para fechar novos contratos de locação nestes ambientes compartilhados com outras empresas. “Esses espaços geram senso de comunidade que ainda não é possível no virtual. É no café, no lounge e nos corredores que as propostas de trocas entre empresas tornam-se relevantes”, pontua.
No entanto, para o especialista em inovação, mais do que conciliar uma operação virtual e presencial, as startups deverão desenvolver prioritariamente uma cultura de gestão ágil. “É preciso identificar se o seu modelo de negócio faz sentido neste mundo que está sendo reconfigurado. Se for preciso, mude a direção para manter a proposta de valor do seu negócio”, finaliza.

O poder da comunicação nas comunidades digitais 

No terceiro painel do dia, Eduardo Mazzarolo, sócio-diretor do iCities, recebeu Luiza Luth, manager na comunidade Inovadores e Inquietos, além de Anderson Godz, colunista do GazzConecta e fundador da comunidade Gonew.Co. Para os convidados, a pandemia fortaleceu processos comunicativos que, mais do que nunca, devem funcionar com assertividade.
A comunidade Inovadores e Inquietos, capitaneada por Luiza, foi fundada no início de janeiro e se reinventou quando um dos primeiros encontros presenciais foi cancelado por conta da pandemia. Luth aponta que o imprescindível para as novas estratégias é ouvir os membros.
“Começamos um trabalho próximo da comunidade e nos colocamos a disposição, fazendo uma comunicação alinhada e clara", descreve. Luiza enfatiza também um dos maiores aprendizados neste período de crise. “Aprendemos a escutar mais os membros e explorar novas ferramentas, pensando novas possibilidades. Saímos da zona de conforto para tornar a experiência diferenciada e com valor.” 
Já Anderson Godz salienta que com a superexposição na comunicação vem a hiper transparência. “Não tem mais diferença entre criar comunicação para atingir o público interno e o externo. A gente tem uma mensagem e ela precisa ser simples, capaz de ser publicada internamente, criar comunidade, engajar patrocinadores e mantenedores. A comunicação precisa ser perene, transparente e única, baseada em valores que permeiam a empresa”, aponta.

Como comunidades digitais podem acelerar a digitalização do setor público 

Entre os objetivos das comunidades, inclusive as digitais, está gerar valor e impacto para os setores público e o privado, conectando soluções entre diversos segmentos. No painel liderado por Beto Marcelino, sócio-diretor do iCities, a discussão foi sobre a digitalização do serviço público, com Sarah Habersack, especialista em desenvolvimento e transformação da agência pública alemã GIZ, e Guilherme Dominguez, fundador do BrazilLAB.
Para Sarah, a cooperação entre o governo e entidades privadas só acontece quando ambos entendem a lógica de cada segmento. Na sua opinião, é preciso investir primeiro em descobrir quais são os problemas para posteriormente implementar soluções tecnológicas.
“No mundo digital existe a tendência de oferecer a solução antes de entender como aquele problema acontece. Definir uma problemática é parte do processo para encontrar a solução. Claro que muitas startups e empresas já estão fazendo isso, mas é preciso investir também na definição da problemática e depois olhar para as soluções que sejam adequadas”, determina. 
Guilherme enfatizou a importância da colaboração para promover a transformação e o diálogo entre setores público e privado. “Não podemos perder o elemento humano que é sinônimo de diversidade. 
As vezes a entidade está pressionada e quem está de fora pode levar uma solução. Nosso objetivo é pensar de fora para dentro e usar a tecnologia como transformadora”, finaliza.

Criar comunidades é o coração da presença digital 

O fechamento da programação ficou por conta do tema que é o objetivo da plataforma Weaver: a criação de comunidades digitais, especialmente em tempos de pandemia e de aceleração da transfomação digital de empresas. A live encabeçada pelo sócio-diretor do iCities Eduardo Mazzarolo trouxe o Luciano Kalil, fundador da Duopana, maior plataforma de gestão de comunidades do Brasil; Isabela Quartarolli, fundadora da plataforma de educação Women Leadership; e Flavia Bernardini, coordenadora do núcleo de análise de dados para a cidadania (D4Ctz).
A conversa endossou a importância da presença digital de marcas e negócios através de comunidades online, incentivando a troca de informações e a produção de conteúdo em volta de valores ou causas.
“Uma marca só sobrevive se ela cria vínculo com as pessoas, o que pode ser feito estabelecendo uma comunidade que dá poder para elas se transformarem de alguma forma. Não vejo como uma empresa hoje pode ter presença digital sem ter uma comunidade, sem ter pessoas criando conteúdo junto dela. Não tem como estar presente nas redes sociais ou ter um bom ranqueamento no Google se as pessoas não ajudam a divulgar sua marca e dão visibilidade ao seu conteúdo”, endossa Kalil. A Duopana tem atualmente 400 comunidades – algumas com até 200 mil membros, e foi vendida à empresa de marketing de influência Squid em abril.
Quartarolli, por sua vez, explicou como em pouco mais de um ano fez do Women Leadership uma grande comunidade voltada ao protagonismo das mulheres através da liderança. Sua comunidade é baseada em dois pilares: a causa e a educação. “A liderança não é só um cargo. Primeiro, você precisa entender que precisa ser a líder da sua vida, e a partir dos nossos cursos as mulheres entendem que são líderes em casa, na igreja, em sua própria comunidade ou trabalho — e é através da educação que isso acontece”, relata a CEO. Atualmente, a empresa migrou cursos e eventos para o meio digital.
Já Bernardini, que parte de um ambiente acadêmico, contou como o D4Ctz surgiu naturalmente de um espírito colaborativo entre a tríplice hélice (governo, iniciativa privada e academia) no Rio de Janeiro. A iniciativa partiu de uma investigação para a tese de doutorado de seu colega André Guedes, que identificou que os dois drivers que impulsionavam as cidades eram a governança e a tecnologia. Eventualmente a comunidade era tão consistente que eles perceberam a possibilidade de escrever um livro compilando o conteúdo compartilhado, o que reuniu mais de 100 autores.

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