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Segundo Ricard Zapatero, presidente da Fira Barcelona, capital da Catalunha é pioneira no uso de tecnologias para conter coronavírus.

Maratona de lives #AroundTheWorld

Como cinco cidades inteligentes estão lidando com a pandemia do coronavírus

Aléxia Saraiva
01/05/2020 00:29
Inteligência artificial, segurança de dados, streaming de eventos, agricultura urbana, inovação. Inúmeras tecnologias podem vir a ser úteis para o combate à crise do novo coronavírus, mas ainda são poucas as cidades que conseguem rapidamente se apropriar de tecnologias existentes para promover melhorias na qualidade de vida de seus cidadãos.
Com o objetivo de compartilhar boas práticas que já estão sendo realizadas ao redor do mundo, o Smart City Expo Curitiba - edição brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do mundo - promoveu, nesta quinta (30), uma maratona de cinco lives no Instagram que entrevistou especialistas de diferentes países para entender o cenário da pandemia em cidades inteligentes.
A
cobertura completa e a íntegra dos bate-papos você encontra no GazzConecta,
media partner do Smart City Expo Curitiba 2020.

Mérida, México

No México e no Brasil, o impacto do coronavírus no mercado
de eventos é imensurável. Inúmeros eventos tiveram edições canceladas, enquanto
outros optaram por postergar para datas mais seguras. Mas como adaptar esses
eventos à nova realidade que existirá após a pandemia?
Mediada pelo sócio-diretor do iCities Caio Castro, o
bate-papo contou com a presença de Manuel Redondo, diretor da Fira Barcelona
México e organizador do Smart City Expo Latam Congress, que acontece anualmente
na cidade mexicana de Mérida. A conversa traçou paralelos entre as edições
brasileira e mexicana do evento, considerado o maior congresso de cidades
inteligentes do mundo.
"A palavra é replanejamento", destaca Redondo.
"Agora é o momento de repensar nossos eventos, focando em como propor
agora um evento de alto valor em todos os sentidos pós-crise".
Para Redondo, dois eixos são fundamentais para esse
replanejamento. O primeiro está em repensar a curadoria de conteúdo em
congressos para que as reflexões possam responder a questionamentos atuais.
O segundo eixo é pensar como oferecer uma boa experiência
remotamente. "No mundo todo, será complicado viajar nos próximos meses.
Vamos voltar aos poucos à normalidade, e nesse contexto é necessário propor
modelos de eventos que funcionem dentro destas circunstâncias".

Barcelona, Espanha

Cidades inteligentes organizam
seus recursos para que, através de novas tecnologias, ela implemente políticas
para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. Esta é a definição de smart city porRicard Zapatero, CEO da Fira Barcelona Internacional – empresa criadora
maior congresso de cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo World
Congress.
Neste momento de pandemia,
Barcelona é uma das pioneiras em mostrar como as tecnologias existentes já
podem ocupar um papel fundamental na guerra contra o coronavírus. Zapatero
elencou diversos exemplos que como a cidade tem utilizado as inovações para
tomar decisões mais assertivas para a população.
Um dos exemplos citados pelo especialista é a criação de um
aplicativo que mostra o grau de perigo de contágio da Covid-19 em diferentes partes
da cidade baseada na geolocalização dos cidadãos contaminados. Essa base de
dados é feita de forma colaborativa: cada um atualiza seu próprio status. “Já
existem aplicativos que monitoram número de casos, permitindo que autoridades
de saúde entrem em contato diretamente com os cidadãos para dar informações relevantes
de prevenção do contágio”, explicou o especialista.
Além da estratégia micro, é com base no número de contaminados
do aplicativo que o poder executivo pode tomar ações estratégicas maiores para
ajudar a mitigar os efeitos do vírus, como na administração do transporte público
– controlando o número de veículos nas ruas segundo o número de pessoas
circulando, diminuindo aglomerações.
“Esse é o maior desafio de gestão desde a Segunda Guerra Mundial.
Há 70 anos não tínhamos uma aceitação de que temos um objetivo único em comum:
a saúde da população”. Zapatero lembra que a Espanha viveu um momento bastante
dramático na pandemia, com uma curva de infectados entre as maiores da Europa.

Londres, Reino Unido

Reino Unido foi o 4ª país com o maior número de unicórnios
em 2019: foram 13 o número de empresas que entraram para o clube do U$S 1
bilhão. E Londres está no epicentro da inovação que é feita no país. Nos
últimos anos, a cidade viu bairros inteiros serem reformulados e tomados por
startups, que se organizam em ecossistemas de inovação para apoiar uns aos
outros.
Este foi o cenário traçado por Florença Ferreira, relações
públicas da ONG World Smart Cities Forum, empresa criada em janeiro de 2020
para dar apoio a startups que desenvolvam projetos implementados em cidades
inteligentes pelo mundo. Apesar da recente formalização, a ideia da WSCF nasceu
em 2015, quando o atual presidente da empresa, Jaewon Peter Chun, passou a dar
consultorias em projetos – como no Docklands Light Railway (DLR), trem suspenso
que integra o transporte público de Londres. Segundo Ferreira, atualmente a
empresa tem trabalhado em projetos com o Vietnã.
“Nós apoiamos qualquer governo que veja necessidade de
construir projetos de smart cities, mas que tenham foco no cidadão. Existem
projetos voltados à beleza da cidade, que não são funcionais e não impactam na
qualidade de vida. Nós focamos em outro tipo de projeto: o que se centraliza
nos cidadãos”, explica a especialista.
Ferreira explicou que Londres concentra diversas comunidades
integradas de inovação, que proporcionam benefícios como infraestrutura básica
para startups, networking e consultoria de marketing digital durante a
pandemia. É o caso da Level 39, incubadora que se considera a comunidade
tecnológica mais integrada do mundo. Algumas das empresas que fazem parte desse
ecossistema são a brasileira SalaryFits, a Revolut e a eToro.

Atlanta, EUA

O escritório de resiliência da Prefeitura de Atlanta, nos
Estados Unidos, teve um papel-chave na contenção dos efeitos da pandemia do
coronavírus na cidade. A distribuição de alimentos para comunidades vulneráveis
durante a crise e o incentivo à agricultura urbana realizada pelos moradores em
seus próprios lotes são exemplos de iniciativas que têm diminuído a
desigualdade social explicitada pela crise.
Quem dá esse depoimento é Larisa Paredes Muse, especialista
em cidades inteligentes e vice-presidente da Norma IEEE P2784 (padrão técnico
do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), que mora em Atlanta
(EUA).
“Atlanta tem como mote redefinir o que é smart e promover
equidade para todos os habitantes com a resiliência urbana. É uma cidade
americana clássica, com subúrbios, rodovias de alta velocidade e com baixa
densidade demográfica”, explica a especialista. “Aqui, houve um diferente
padrão de contágio, primeiro pelo distanciamento natural, segundo porque o transporte
público é muito limitado – aqui tem protagonismo de transporte individual, algo
cultura -, e porque Atlanta atuou rapidamente no endereçamento das questões da
pandemia”, relata.
Muse lembrou de duas iniciativas norte-americanas que
mostraram rapidamente como a tecnologia pode ser usada a favor de cidades
melhores. Uma delas é pelo aplicativo Ourstreets, que nasceu como um app
colaborativo de informações de trânsito mas, durante a pandemia, rapidamente
mudou o modelo de negócios. O app disponibilizou um sistema de banco de dados
de supermercados para identificar onde o consumidor pode encontrar itens em
falta, como papel higiênico e álcool gel.
A outra iniciativa mencionada é a GoodCo., que faz
redistribuição de alimentos próximos do descarte para comunidades vulneráveis.
Para a especialista, a logística entre mobilidade e
alimentação é fundamental, e deve ser bem administrada pelas cidades para garantir
o sustento das famílias.
“Sem capilaridade de transporte público, você não consegue
fazer que comunidades desprovidas de infraestrutura urbana, tenham acesso a um
direito básico como a alimentação. O sistema de abastecimento dos supermercados
é muito frágil. O agricultor do outro lado do país está jogando comida fora,
queimando estoque. Como o governo não consegue fazer a conexão do produtor que
está queimando comida com quem está passando fome? ”, questiona.

Medellín, Colômbia

A cidade colombiana Medellín é uma das que tem ganhado
destaque na América Latina pela eficácia na organização de seu ecossistema de
inovação para combater o coronavírus. Uma testemunha dessas ações é Juan Andrés
Vásquez, diretor executivo da Ruta N – um centro de inovações e negócios que
articula iniciativas públicas e privadas de Medellín.
Durante a pandemia, a Ruta N foi responsável por quatro
grandes frentes de atuação que fizeram diferença na atuação da cidade frente à
pandemia.
A primeira diz respeito à uma articulação da rede para
conseguir o máximo de respiradores para a rede hospitalar da cidade, em uma
ação chamada InspiraMED. “Fizemos em dois meses o que teríamos levado dois anos
normalmente, afirma Vásquez.
A segunda ação foi relativa ao aumento dos testes
diagnósticos de Covid-19 na cidade - que chegou a uma média de seis mil testes
diários com a ajuda de um investimento do governo.
Outra iniciativa foi a criação da plataforma de dados Katia
Health, que engloba inteligência artificial, machine learning e big data, fruto
da conciliação de tecnologia de cinco empresas privadas. O software cria
“quarentenas inteligências” com base em regiões da cidade em que as pessoas
precisam de maior apoio.
Por fim, a empresa colombiana Easy Co criou máscaras de
proteção aos trabalhadores de saúde que diariamente atendem casos de Covid-19
na cidade, produção alavancada pela Ruta N.
Vásquez pontuou que o resultado positivo também é resultado
da atuação do Comitê Universidad Empresa Estado – uma aliança estratégica
criada em 2003 entre atores destas três áreas com reuniões periódicas para
discutir ações de inovação no município. Segundo ele, isso prova quanto o
ecossistema de inovação de uma cidade inteligente organizado ajuda a atender os
desafios e necessidades.

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