Tecnologia para auxiliar pessoas com deficiência visual, mobilidade urbana e sustentabilidade estiveram na pauta do Smart City.
Tecnologia para auxiliar pessoas com deficiência visual, mobilidade urbana e sustentabilidade estiveram na pauta do Smart City.| Foto: Divulgação

Pela terceira vez, Curitiba sediou um dos mais importantes eventos do mundo quando o assunto é inovação e tendências para o futuro: a 3.ª edição do Smart City Expo Curitiba 2022 (SCECWB). Realizada nos dias 24 e 25 de março no Centro de Eventos Positivo, no Parque Barigüi, a feira reuniu cerca de 10 mil pessoas de 30 nacionalidades para debater assuntos como acessibilidade e a preparação das cidades para os mais diferentes públicos, cuidados sanitários, gestão hídrica, mobilidade urbana, empreendedorismo e o impacto da tecnologia na vida da população nos mais diversos cantos do planeta.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Jorge Saraiva, presidente da Rede Europeia de Políticas Urbanas e diretor de inovação na Transição Energética para a Três60, fez uma análise do impacto das novidades tecnológicas nas cidades em contexto mundial e salientou que, hoje, os países desenvolvidos nem sempre têm a vantagem de estar à frente na busca de soluções para os problemas urbanos. “Isso já não é tão relevante como antigamente. A razão é simples: vivemos na era onde qualquer informação surge em tempo real e em todas as geografias. Ser pioneiro implica experimentar novas fórmulas de fazer as coisas. Por vezes, essas soluções se revelam erradas, mas porque se investiu muito e por resistência em admitir o erro, insiste-se nesse rumo”, explicou, citando o que ele classifica como “curva de aprendizagem”.

“CIDADE INTELIGENTE”

Saraiva citou diferentes exemplos e experiências que vêm sendo testados pelo mundo e a forma como cada cidade decide encarar o desafio e propor soluções para ele, a partir de sua realidade e dos aprendizados verificados em outros locais do planeta. “Inteligente não é se concentrar em melhorar aquilo que existe de pior, mas antes em desenvolver aquilo que se faz de especial”, pontuou, salientando que a simples replicação de soluções já testadas em outros lugares pode não funcionar adequadamente.

“Uma cidade inteligente deve apostar no progresso da sua economia local. Esse progresso gera receitas que podem ser traduzidas em modernização estrutural”, destacou. O especialista afirmou que é fundamental levar em consideração o que ele classifica de “DNA de cada cidade”. E neste quesito estão itens como história, cultura, qualidade de vida e riqueza da economia local, que, segundo ele, pode ser “a mola capaz de catapultar toda a cidade em torno de uma oportunidade única de progresso. O ingresso no futuro das cidades inteligentes é transformar o que tem de único no seu DNA para ser uma referência global”, reforçou.

POLÍTICA PÚBLICA

Saraiva fez ainda uma análise sobre a mudança no foco inicial das Smart Cities, que tinham como eixo principal as tecnologias e infraestruturas urbanas. Os governos locais entravam como os compradores das tecnologias para as necessidades de suas populações, porém a infraestrutura disponível estava obsoleta e acaba incompatível com o “produto” adquirido devido à falta de comunicação dos dados. “A tecnologia provocou uma enorme necessidade nos governos, quer de atualização quer de capacitação, para poder comprar e priorizar as compras em áreas até então inexploradas. A oferta de tecnologia era muito superior à procura”, analisou.

O especialista citou o exemplo de cidades como Seul, na Coreia do Sul, e Londres, na Inglaterra, que remodelaram eficazmente as suas infraestruturas e outras como o Rio de Janeiro que experimentaram outros níveis de inteligência. “Os resultados foram avolumados investimentos em tecnologia, nem sempre entendido pelas suas populações como prioridade”. Segundo ele, depois disso as Smart Cities evoluíram para o outro estágio, focado nas populações, com os governos ouvindo seus cidadãos.

No Brasil, esse momento ficou marcado pelos projetos participativos, em que um porcentual do orçamento público passou a ser destinado para as iniciativas sugeridas pela população. Na avaliação dele, porém, os governos continuaram sendo os grandes financiadores das soluções, com o diferencial de que agora contavam com a opinião dos cidadãos sobre uma parte dessas compras. “Como informático de formação, falo por experiência própria quando digo que a tecnologia só é eficaz quando utilizada pelas pessoas na alteração dos seus hábitos e melhoria da sua qualidade de vida”, frisou.

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As diversas tribos que presenteiam Curitiba em seus 329 anos.

O evento é organizado desde 2018 pelo iCities Smart Cities Solutions – hub de negócios e soluções em cidades inteligentes pioneiro no Brasil.