Pinturas do século 19 são descobertas no Museu de Arte Sacra de Curitiba
| Foto: Daniel Castellano / SMCS

As construções históricas, sediadas no Largo da Ordem, estão passando por um processo de restauração, através da lei de potencial construtivo da Prefeitura de Curitiba, e pinturas da época da visita do imperador Dom Pedro II à Curitiba foram descobertas no Museu de Arte Sacra (Masac), anexo à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Chagas.

“Percebemos de imediato que são pinturas que se estendem por toda a parede do corredor lateral que dava acesso à sacristia. Essa descoberta é muito importante para a história do edifício”, comenta a especialista em conservação e restauração de bens culturais móveis e professora adjunta do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Nancy Valente.

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As pinturas, que estavam debaixo de camadas de tinta que o prédio recebeu ao longo dos anos, foram descobertas pela equipe de restauradores contratados pela Mitra Diocesana de Curitiba no final de janeiro. “É uma pintura de repetição. A grega (espécie de símbolo que aparece gravado em toda a extensão das paredes) era usada com bastante frequência durante período do império. E acima nós vemos gravuras de peixes, que representam a religiosidade”, explicou a restauradora Tatiane Zanelatto Domingues. O detalhe é que as pinturas não foram feitas a partir de uma matriz. “O que a gente percebe é que não usaram gabarito. Este trabalho foi feito à mão”, citou.

 Foto: Daniel Castellano / SMCS
Foto: Daniel Castellano / SMCS

Nancy completa explicando que “essas pinturas feitas por repetição, na maioria das vezes por moldes, são características do período eclético, na virada do século 19 para o século 20. Esse período passa a ser muito valorizado no Brasil, principalmente em Curitiba, pela imigração, italiana e alemã, que traz esse gosto que já se tinha na Europa”.

Patrimônio histórico

O conjunto composto por Igreja e Museu é tombado pelo Patrimônio do Estado do Paraná desde 1966, sendo Unidade de Interesse Especial de Preservação do município desde 2019.

“Olhando as pinturas, é possível perceber, à medida que vão abrindo e colocando elas na ambiência, que trazem um contraste com o ambiente branco que já conhecemos, e agora passa a ser um ambiente com policromias, com elementos que fizeram parte de um período histórico do edifício. Então, se houver a possibilidade de trazer isso à tona, fugir um pouco daquele pensamento onde a restauração é baseada apenas no estético, na busca do mais primitivo possível, e valorizar a passagem da obra pelo tempo, é importante e traz um diferencial para a obra como um todo”, afirma Nancy.

O trabalho de restauro e revitalização da Igreja e do Museu, no setor histórico de Curitiba, está sendo acompanhado pela equipe de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural de Curitiba e do Ippuc.

Pelo projeto apresentado, o museu terá elementos contemporâneos e novo mobiliário para expor ao público o acervo de peças sacras - imagens de santos e santas, relíquias, vestes litúrgicas e outros elementos.

Um pouco sobre o local

  Foto: Daniel Castellano / SMCS
Foto: Daniel Castellano / SMCS | Letícia Akemi / Gazeta do Povo

A Igreja da Ordem, como é conhecida, fica na esquina das ruas Claudino dos Santos com Mateus Leme, no Centro Histórico, e é o mais antigo templo católico de Curitiba. A paróquia teve origem na Igreja Nossa Senhora do Terço, que foi construída por imigrantes portugueses em 1737 e foi sede de um convento franciscano (1752-1783).

Depois de ter sofrido um desabamento, na primeira metade do século 19, foi submetida a um completo processo de restauração em 1880 para a visita do imperador Dom Pedro II. Três anos depois, ganhou torre e sinos.

A última restauração aconteceu em 1980 e foi concluída em dois anos. Em seguida, em 1981, a área anexa à igreja deu espaço ao Museu de Arte Sacra.

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