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| Foto: André Rodrigues

O Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), em parceria com a Gazeta do Povo, promoveu na manhã desta terça-feira (30) o Fórum #DentroDaLei. O evento, que aconteceu no anfiteatro da FAE, em Curitiba, contou com a presença de colunistas do jornal e de especialistas para tratar do combate ao crime organizado, da redução da criminalidade e da relação entre o comportamento dos cidadãos brasileiros e a corrupção.

Veja como foi:

Leia o especial completo do projeto Dentro da Lei

O secretário da Fazenda do Paraná, Renê Garcia Junior, abriu o evento detalhando como o crime organizado pode minar as finanças públicas, na medida em que se espraia para diferentes esferas da sociedade e acaba por afetar a arrecadação dos estados. "O crime organizado gera muito dinheiro à procura de espaço. Temos que pensar como isso pode ser combatido em conjunto, na união de forças de estado e sociedade. O espaço de discussão desse fórum é muito importante para isso", disse.

Caminhos para o combate ao crime

Após a fala do secretário, o evento contou com um primeiro painel, cujo tema foi "Como combater as facções criminosas e reduzir a criminalidade no país". Participaram deste primeiro debate o próprio Garcia Junior, o deputado federal Efraim Morais Filho (DEM-PB) e o analista de políticas públicas e consultor de Segurança Pública Paulo Storani. A mediação foi do jornalista e colunista da Gazeta do Povo Rodrigo Constantino.

Especialistas debateram como combater o crime no Brasil. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo
Especialistas debateram como combater o crime no Brasil. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Iniciando a conversa, Efraim Morais Filho afirmou que, em sua visão, o problema da segurança pública pode ser dividido em dois pilares fundamentais: a repressão, para combater a impunidade; e a prevenção, por meio da educação. "Posso dizer, como parlamentar, que o grande desafio do país hoje não é criar leis, mas sim implementar as normas. Para citar como exemplo, tudo o que houve no Pará essa semana poderia ter sido evitado se a lei fosse cumprida", afirmou o deputado, referindo-se à chacina de 57 presos em Altamira, por conta de uma briga entre facções criminosas.

Storani, que trabalhou no Batalhão de Operações Especiais (BOPE) no Rio de Janeiro, destacou que falta infraestrutura e valorização para as forças policiais no país. "Há uma condescendência, uma tolerância com o crime e um discurso de que o criminoso é um coitado. No curto prazo, não há como fugir da repressão", defendeu.

De modo complementar, Efraim Morais Filho destacou a necessidade de mais atenção nas fronteiras do país, em um trabalho de gestão integrada entre as instituições. "Nossas áreas de fronteira são muito vulneráveis. Precisamos fortalecer a polícia e fazer com que a sociedade volte a acreditar nas instituições. Isso passa pelo exemplo, inclusive o nosso, do Parlamento", afirmou o deputado.

Mudança cultural é necessária

No segundo painel do dia, o tema foi "DentroDaLei: suas atitudes compactuam com a corrupção. Como solucionar esse mal". Participaram o jornalista Guilherme Fiuza, colunista da Gazeta do Povo; o presidente-executivo do Etco, Edson Vismona; o Superintendente da Receita Federal da 9ª Região Fiscal, Luiz Bernardi; e o secretário-executivo da prefeitura de São Paulo, Fabio Lepique. O mediador foi o jornalista Augusto Nunes.

O segundo painel do evento trouxe temas como contrabando e corrupção e chamou a responsabilidade para a sociedade. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo
O segundo painel do evento trouxe temas como contrabando e corrupção e chamou a responsabilidade para a sociedade. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

O presidente do Etco destacou a necessidade de pensar a corrupção por um outro prisma, não necessariamente centrado apenas na oferta de produtos falsificados e ilícitos. "Temos que reconhecer que o problema existe porque existe demanda, e que as leis para responsabilizar o consumidor são fracas. A conscientização precisa ser aprofundada, fazendo com que os cidadãos se indignem com o que é errado", afirmou Vismona.

Fiuza também destacou a necessidade de educação do indivíduo, promovendo bons exemplos. "A sociedade ainda está muito permeável a falsas narrativas. O consumidor de informação precisa ser educado", disse.

Já Lepique destacou ações que o estado pode realizar para combater o problema. "É claro que há uma responsabilidade do consumidor e uma questão cultural envolvida, mas o poder público tem que fazer a parte dele e coibir a oferta de produtos piratas", afirmou.

Por fim, Bernardi destacou o trabalho da Receita Federal para combater o contrabando e a sonegação - e a importância do apoio da população a essas ações. "Posso citar o caso de Foz do Iguaçu, no Paraná. No começo, quando instituímos uma força-tarefa para combater o contrabando, havia uma proteção ao crime. Hoje, há um reconhecimento de que Foz mudou", mencionou.