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Uma das mais marcantes propagandas veiculadas pelo sistema tradicional de educação é aquela que contabiliza o número de estudantes selecionados pelos cursos e universidades mais disputadas do país. Alguns especialistas da área, no entanto, questionam a eficácia da prova como parâmetro para avaliar a capacidade técnica e o conhecimento dos alunos. Apesar de necessário, esse modelo de avaliação é um dos principais desafios do processo de aprendizagem nos dias de hoje.

Para a professora e psicopedagoga Isabel Parolin, que é mestre em Psicologia da Educação, a principal falha do sistema de provas se deve ao fato de que, na maioria dos casos, os resultados são fruto de um processo de memorização e não de um trabalho de elaboração ou de raciocínio do estudante. “A prova não é eficaz porque apresenta apenas parcialmente o que o aluno aprendeu. O ser humano tem múltiplas inteligências e, às vezes, a prova é direcionada para uma inteligência que não foi priorizada”, explica.

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Isabel diz preferir ainda o conceito “avaliação”, que, segundo ela, reúne um conjunto de informações a respeito do aluno. “Prova têm uma conotação emocional muito grande. Há aqueles que, apesar de dominarem o conteúdo, têm branco na hora da prova”, pondera.

A doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Maria Petraits Liblik, também pontua que a prova talvez não seja o modelo ideal para testar os conhecimentos, mas ressalta que, na ausência de outra referência, é a ferramenta existente disponível. “Qualquer coisa no sistema de avaliação, você vai medir ou vai julgar. Na minha opinião, isso ainda é necessário enquanto não tivermos outra referência. Sem a existência de um parâmetro, não há como avançar”, enfatiza.

A estudante Victoria da Costa Silvano, 13 anos, está no 9.º ano e, duas vezes por semana, ela tem provas no Colégio Sion em Curitiba. Apesar da frequência, Victoria acha que isso é necessário. “Qualquer método de avaliação tem seus defeitos. Por mais que tenha gente que estuda apenas para passar de ano, eu acho que essa ainda é uma das melhores formas de se fazer esse tipo de análise”, comenta.

Já Yohana Vitória de Souza, do Colégio Estadual Professora Maria Gai Grendel, gostaria que os professores investissem em avaliações mais práticas, para que eles (os alunos) pudessem testar os conhecimentos adquiridos em sala de aula e verificar o que realmente aprenderam.

Isabel Parolin afirma que o mais adequado seria a adoção de um processo de avaliação contínua, que permitisse ao aluno ser analisado cotidianamente, além de ele mesmo poder se autoavaliar – o que ela classifica como “processo de reflexibilidade”.