Equipe Conquer durante um Conquer Day, evento promovido pela escola antes da pandemia e reunia 2.000 pessoas na  Ópera de Arame, agora o modelo também foi adaptado para um masterclass que atraiu 40 mil alunos simultaneamente.
Equipe Conquer durante um Conquer Day, evento promovido pela escola antes da pandemia e reunia 2.000 pessoas na Ópera de Arame, agora o modelo também foi adaptado para um masterclass que atraiu 40 mil alunos simultaneamente.| Foto:

Escola que aposta no desenvolvimento de habilidades, preparando profissionais para enfrentar a realidade do mercado, pivota rápido o modelo de negócio, e sai de oito unidades físicas para atender alunos em mais de 80 países

Para a Escola Conquer ir para o universo online era um plano distante, mas em 72 horas, transformou suas aulas 100% para o universo digital e conseguiu expandir uma atuação presencial que estava restrita a oito unidades presenciais para mais 80 países, saltando de 25 mil alunos para mais de um milhão. Esta facilidade de mudar rápido o rumo dos negócios sem perder o foco, comum do mundo das startups fez com que a Escola Conquer fosse a marca mais jovem, e a única do segmento educacional, a estar no ranking das 100 marcas mais lembradas pelos brasileiros durante a pandemia do Covid-19 na Revista Exame.

Resultado da insatisfação de três jovens empreendedores, os sócios Hendel Favarin, Sidnei Junior e Josef Rubin, que não acreditavam na formação do sistema tradicional de ensino, e por suas experiências, sentiam a necessidade de um método com mais vivência e proximidade com as habilidades que o mercado exige, a Conquer surgiu a exatos quatro anos, em agosto de 2016.

O início da jornada

Hendel e Sidnei eram colegas na faculdade de direito, e resolveram empreender. Criaram um aplicativo para restaurantes, o Almoça. Hendel trabalhava na consultoria PWC e aproveitou um mês de férias para sair com uma pastinha debaixo do braço e convenceu 150 restaurantes em Curitiba a aderirem ao produto. "Por sobrevivência nós precisávamos crescer em escala, precisávamos vender, eu estava prestes a me casar e aprendemos muito naquele período, principalmente que para empreender em tecnologia é preciso ter um sócio da área" conta Hendel sobre o início da trajetória empreendedora em 2014.

Quando não se acredita no negócio dificilmente ele prospera. O método de pagamento usado pelos restaurantes que aderiram ao aplicativo era a fintech Vindi, e um certo dia Hendel e Sidnei decidiram abrir mão do "empreendimento" e usar suas habilidades comerciais para desenvolver o mercado offline para a fintech. "Foi aí que depois de viver as dores de empreender, vimos que quando nos deparamos com o dia a dia do mercado, os executivos não têm habilidades como negociação, oratória, produtividade para transformar em resultados. Tudo aquilo que não tínhamos aprendido na faculdade poderia mudar a vida e alavancar a carreira de muitos profissionais, desde um advogado como nós, a um vendedor, um engenheiro, ou um médico. Alí estava oportunidade de negócio", conta Hendel.

Até este ponto da história a ideia da Conquer estava ganhando forma com os Sidnei e Hendel, mas em um café com Josef, que vinha de uma carreira promissora como executivo expatriado pelo Boticário na Colômbia, que então eles resolveram mergulhar de cabeça na ideia. "Apesar de ter um currículo fantástico, o Josef também comungava do mesmo pensamento que nós. O sucesso dos seus méritos profissionais, não eram resultado da sua preparação pela educação formal, ele tinha aprendido muito na prática e via que se criássemos uma escola para ensinar o que a faculdade e a pós-graduação não ensina estaríamos resolvendo a dor de muitos" conta Hendel.

Josef pediu demissão, os três mergulharam no negócio. O pai de Hendel, seu Francisco, tinha uma salinha comercial em Curitiba e fez um desconto de 50% no aluguel para ajudar os meninos, e os móveis foram parcelados em 12 vezes no cartão de crédito. A estratégia para conseguir alunos foi usar o linkedin do Josef que tinha o melhor currículo para atrair potenciais alunos. Enquanto os três sócios estruturam os primeiros cursos, e o negócio, dona Frida, a mãe do Josef adicionou 10.000 contatos na rede social e mandou mensagem individual para cada um deles.

Sem saber se a estratégia daria resultado, eles também saíram panfletando na rua e fizeram um primeiro curso gratuíto para atrair alunos. O resultado? 400 pessoas apareceram na Conquer e dessas 36 se tornaram alunos da primeira turma. Depois deste primeiro passo, e de acreditar no negócio eles voaram.

O modelo vencedor

Depois dos primeiros alunos, a Escola cresceu rápido. Em 2017 já abriu a segunda unidade em São Paulo e começou 2020 com oito unidades em seis cidades brasileiras, além de Curitiba e São Paulo, expandiram para Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Campinas. E o modelo que inicialmente foi pensado no consumidor final, teve que passar a atender também o segmento corporativo por demanda dos RHs das companhias que viram na Conquer ferramentas para desenvolver habilidades importantes de seus times. Hoje os cursos in company atendem companhias como Globo, Renault, Santander, Ambev, RedBull e Google.

"A educação tradicional tem um modelo muito quadrado, que geralmente nunca colocamos em prática, uma metodologia que o aluno precisa tomar café para ficar acordado, e o pior, é que geralmente o professor que ensina sobre empreendedorismo nunca empreendeu, o que dá aula de liderança nunca liderou" destaca o empresário que fala que o desafio da Conquer foi quebrar este modelo e oferecer aulas com conteúdos para o dia a dia, e principalmente ter um corpo docente que tenha vivência de mercado.

Hoje a Conquer tem 350 professores, e não importa que ele seja um mestre ou doutor na área, o que pesa é sua experiência, a trajetória que ele vai inspirar os alunos e gerar insights vencedores. Ao contrário do ensino tradicional onde o professor avalia o aluno, na Conquer o professor que é avaliado após cada aula, garantindo assim alto desempenho e uma entrega pensada 100% no cliente.

Crescimento na pandemia

Até março as aulas na Conquer eram totalmente presenciais, em um grande esforço para não perder alunos conseguiram converter o conteúdo e encontrar soluções para atender os alunos de forma online em 72 horas e tiveram uma perda na base de alunos de 1%, praticamente nula.

"No meio daquela loucura das primeiras semanas que não sabíamos ao certo o que estava acontecendo e o stress aumentando, resolvemos lançar gratuitamente o curso de inteligência emocional, e foi aí que a Conquer expandiu muito rápido", conta Hendel. Inteligência emocional é uma das habilidades mais buscadas pelos departamentos de recursos humanos, segundo pesquisa da Talent Marketing 71% dos profissionais do setor valorizam mais do que o próprio QI (quociente de inteligência) e ela representa 58% do desempenho profissional.

Com a conversão das aulas para o online, também lançaram 12 novos cursos, e reviram o ticket médio dos cursos. Antes da pandemia o investimento nos cursos variava de R$2.000,00 a R$7.000,00 nas aulas presenciais, com a mudança para o online os cursos custam a partir de R$700,00. Assim saíram de 25 mil alunos presenciais, para mais de 1 milhão de alunos, espalhados em 80 países, mesmo todos os cursos sendo em língua portuguesa.

"Viramos a chave, e viramos rápido. Até pensávamos em algum momento de trabalhar no online, mas isso estava engavetado, estávamos crescendo e tendo bons resultados no presencial. A pandemia, nos levou a ver uma nova realidade para o negócio e o poder do alcance do online, quebrando preconceitos", enfatiza Hendel que conta que os planos de receita da Conquer se mantém para 2020, que é faturar R$45 milhões.

Acreditando em um mundo mais digital, os sócios da Conquer, repensam os planos de expansão. A ideia é manter as unidades, mas a expansão que seria física, agora será 100% digital e crescer apenas com equipes comerciais pelo Brasil, mas manter a entrega online e presenciais, com as duas modalidades coexistindo. Graças a escalabilidade de velocidade e mesmo assim mantendo a qualidade na entrega, que já se provou durante os meses a pandemia. 

"Nosso sonho grande é ser um dos maiores grupos educacionais do Brasil e transformar pessoas por meio da educação. Quando vemos nossos alunos apaixonados pela marca, entrar e um ranking onde nenhuma outra marca de educação entrou, mostra que estamos no caminho certo", complementa Hendel.

A Escola Conquer é filiada ao LIDE Paraná. Semanalmente nesta coluna o LIDE Paraná trará exemplo de empresas e empreendedores paranaenses que venceram momentos de adversidades e são exemplos a se inspirar em um momento como o que estamos vivendo.