Sede do PTI em Foz do Iguaçu
Sede do PTI em Foz do Iguaçu| Foto: Kiko Sierich

Em plena pandemia, essa mudança expandiu a missão do Parque Tecnológico de Itaipu e permitiu um salto no desenvolvimento de empresas no ecossistema de inovação voltado para a geração inteligente de riqueza e bem-estar de toda a cidade

Nunca é tarde para mudar o “status quo” e entregar algo ainda mais positivo para o entorno. Essa é uma lição que o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), criado em 2003, desfruta há quase dois anos, quando reestruturou sua missão em prol do desenvolvimento regional sustentável para além de um ICT (Instituto de Ciência e Tecnologia). De forma assertiva e providencial, a mantenedora Itaipu Binacional acatou a necessidade de expansão do papel do PTI para gestor do ecossistema de inovação em Foz do Iguaçu e assim diversificar a economia da cidade por meio de Ciência, Tecnologia, Negócios e Inovação, para gerar riqueza e bem-estar. E um dos resultados desse primeiro ano de atividade foi fazer o Parque saltar de 13 para 53 empresas apesar de todo o impacto da pandemia no planejamento estruturado em 2019.


O diretor de Inovação e Negócios do PTI, Rodrigo Régis de Almeida Galvão, é um entusiasta da empreitada. Tanto que finalizou o mestrado na Universidade de Pernambuco (Escola Politécnica), em Foz do Iguaçu, e encerrou o ciclo profissional como presidente do CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis - Biogás) para acumular mais essa vivência e aplacar a sua inquieta vocação para encarar novos desafios. “Gosto de entrar na organização para dar a mexida no status quo. Quando isso acontece e a empresa entra em velocidade de cruzeiro considero que está na hora de sair, como ocorreu com o CIBiogás em que trabalhei para mostrar a viabilidade de um mercado que não existia até então. No caso do PTI tem muita coisa para consolidar”, esclarece. “Eu tenho o prazer de trabalhar em projetos que impactam positivamente na sociedade, sobretudo em empreendimentos ou negócios em energia renováveis e inovação, que integram o grande desafio do planeta que é a sua conservação. E não existe nada que dê mais satisfação do que saber que nosso trabalho agrega valor para o bem comum de todos e ao desenvolvimento econômico com sustentabilidade”, acrescenta.


Na visão do executivo, quando o PTI foi criado estava em um contexto em que os principais ecossistemas de inovação desenvolvidos nasciam em locais com maturidade de capital humano, tecnológico. “Até 2019, a fundação se comportou muito como uma grande ICT. A partir de 2020, o foco passou a gerarmos um ecossistema com esse foco em riqueza e bem-estar no qual não existe outro caminho que não seja pelo desenvolvimento do empreendedorismo”. As diversas ações voltadas para o impulsionamento de negócios só foram possíveis a partir de 2020 porque os 16 anos de PTI possibilitaram o desenvolvimento de capital humano e capital tecnológico desenvolvido. “Coube a essa nova gestão, com a diretoria de negócios e inovação, fazer também com que isso seja atrativo para que saiam empresas daqui de dentro. Participamos ativamente do Programa Acelera Foz e nosso desafio foi diversificar a economia, criar e desenvolver a cultura empreendedora na cidade, criar mecanismos de inovação, que teve grande impacto com a crise, principalmente por conta do Turismo “, informa.

Ecossistema em ebulição

Galvão esclarece que um ecossistema de inovação é trabalhado em várias camadas. A camada física, que engloba estrutura de laboratório e sala. A segunda camada é onde estão as organizações como universidades que, no caso do PTI, são oito, sendo quatro públicas. As associações comerciais, institutos de pesquisa e órgãos como o Sebrae também integram a diversidade necessária e que agrega valor ao ecossistema. Essas instituições, por vezes, precisam de um ambiente institucional favorável a fazer com que essas coisas aconteçam e sejam atrativos para terceiros perceberem que podem ganhar dinheiro e participarem. “Criamos o ambiente para que os negócios aconteçam. Quando iniciamos tínhamos 13 empresas e hoje temos 53. Demos um salto no momento de crise e as empresas incubadas tiveram crescimento de receita da ordem acima de 20%”, aponta.

Com o Desafio Inova Oeste criado junto ao Sebrae, o PTI auxiliou empresas que precisavam de uma alavancagem. “Investimos em 10 empresas e uma vai surpreender muito. O Valuation dela está entre R$ 8 a R$ 10 milhões e investimos R$ 60 mil”, revela. Já o Programa Inovação Corporativa, que caminha para a segunda edição, trabalha com pré-incubação e incubação. ”Em 2020, de 120 negócios, 13 estão incubados para validação e estruturação do grupo que não tinha uma ideia desenvolvida. E tem o processo de aceleração de empresas já existentes das quais escolhemos quatro para acelerar”, enfatiza.

Cada programa mostra fases diferentes da gestão do ecossistema. “Não dá para saber se vai dar certo, mas para dar um resultado diferente precisamos ousar, estudar, buscar os benchmarks e adaptar à nossa realidade”, ensina.

O modelo que está sendo aplicado era inédito no PTI. “Meu papel é fazer negócios e meu foco é participação nos resultados das empresas, o modelo praticado é esse. Quanto mais assertivo for, melhor serão os meus resultados”, comenta o diretor. “Nunca tínhamos feito transferência tecnológica para o setor privado, adaptamos uma solução voltada para o meio ambiente, na segurança do reservatório, e com o mesmo conhecimento tecnológico de processamento de imagens replicamos para o setor de créditos bancários para o setor do agronegócio. Foi a primeira transferência e neste ano estamos trabalhando para mais duas transferências”, celebra Galvão.

Inverter a lógica de captar recursos para P&D, entendendo o que o mercado quer para desenvolver é outra premissa da gestão do PTI. “Precisamos ter o nosso roadmap tecnológico, assim passamos a ser muito mais assertivos nas transferências tecnológicas”, recomenda. Dois centros desenvolveram o plano de negócio de 2020 e, neste ano, mais outros dois centros. “Em 2020, um dos centros identificou uma grande oportunidade, e está surgindo uma spin-off com um grupo de funcionários que terá apoio do PTI.  Aparentemente isso é novo, mas para o mercado de inovação essa prática já está acontecendo”.

Smart Vitrine

Partindo da convicção de que “colocar tecnologias para testar não faz de Foz do Iguaçu uma Cidade Inteligente”, o PTI se prepara para lançar o edital Smart Vitrine. O objetivo é disponibilizar equipamentos inteligentes no bairro (sandbox) às empresas. “Essa condição de sandbox permite testar novas tecnologias e modelos de negócios mais rápido na cidade. O edital convidará as empresas de base tecnológica a instalarem tecnologias no bairro e ao final validarem seus produtos juntos ao Inmetro”, antecipa. A iniciativa tem o potencial de virar um bairro turístico da cidade. “Já recebemos mais de cem municípios só em nossas ações internas. Quando tudo voltar ao normal, acreditamos que receberemos caravanas de prefeitos e municipalidades querendo visitar essa plataforma de desenvolvimento de produtos e soluções. Há R$ 450 milhões de emendas parlamentares para Cidades Inteligentes”, observa.

O Parque Tecnológico Itaipu é filiado ao LIDE Paraná. Semanalmente nesta coluna o LIDE Paraná trará exemplo de empresas e empreendedores paranaenses que venceram momentos de adversidades e são exemplos a se inspirar em um momento como o que estamos vivendo.