Complexo Eólico Tucano, na Bahia.
Complexo Eólico Tucano, na Bahia.| Foto: Emerson Leite/ Unipar

O aumento da relevância da agenda ambiental no mundo tem motivado cada vez mais a participação das empresas como atores sociais deste debate. Conceitos como o de ESG (sigla para Governança Ambiental, Social e Corporativa, em inglês) têm se tornado comuns no ambiente corporativo, com o desenvolvimento sustentável passando a compor o foco de empresas responsáveis.

Com o objetivo de balizar a sociedade civil a construir um ambiente de negócios sustentável, 193 países signatários da ONU (Organização das Nações Unidas) assinaram em 2015 um programa com 17 medidas – os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – de referência para a obtenção de metas.

Dentre esses objetivos está a atenção à matriz energética, com foco no fomento de fontes limpas e renováveis, como a energia eólica, solar, hidrelétrica e ondomotriz, entre outras. Atualmente a geração de energia de fonte limpa representa 50% de toda a eletricidade produzida no Brasil, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

De acordo a Abrasol (Associação Brasileira de Energia Solar Térmica), nos processos industriais, as indústrias utilizam cinco vezes mais energia térmica do que elétrica. É um volume de energia, segundo a associação, que poderia quase que totalmente ser gerado por aquecimento solar. Além da redução de custos, essa modalidade de geração de energia também produz menos gases do efeito estufa.

Dentro desse cenário, a autoprodução de energia aparece como uma oportunidade para as indústrias conseguirem unir sustentabilidade e redução de despesas, além de uma maior autonomia com a garantia de geração. “As empresas têm aproveitado as oportunidades para planejar investimentos em busca da diversificação da matriz energética, o que gera valor aos negócios e minimiza impactos ambientais”, explica Mauricio Russomanno, CEO da Unipar, empresa líder na produção de cloro e soda na América do Sul e a segunda na produção de PVC na região.

“A partir de 2019 estudamos as oportunidades de mercado e, recentemente, definimos uma meta de autoprodução de 80% da demanda de energia das nossas unidades no Brasil até 2025. Com a adoção gradual da energia renovável por diferentes players e estes atestando resultados positivos, novos setores com certeza irão procurar as soluções, aumentando a adesão geral em todo o Brasil”, completa Russomanno.

Algumas das metas dos ODS têm relação direta com a necessidade de implantação de modelos renováveis para as matrizes elétricas, com a diminuição da dependência de combustíveis fósseis e outras fontes energéticas que provocam maiores danos ao meio ambiente.

Segundo dados da Abrasol, o Brasil tem hoje mais de 21 milhões de m² de coletores solares, o que o posiciona aquém de países como a China, que tem 500 milhões de m², na produção dessa modalidade energética. A Abrasol tem como uma de suas bandeiras a ampliação do uso do aquecedor solar como solução para geração e economia de energia no país.

Empresa investe em parques de geração de energia eólica e solar  

No interior da Bahia, ao longo dos municípios de Biritinga, Araci e Tucano, o Complexo Eólico Tucano irá promover um dos principais avanços na produção de energia sustentável no Brasil. O campo conta com capacidade máxima de geração de 582,8 MW (megawatts) e está sendo construído em uma joint venture da Unipar com a AES Brasil.

A previsão é que o complexo esteja em operação já no segundo semestre de 2022 e que somente a Unipar tenha participação em 25 aerogeradores de potência de 60 MW, em um total de 155 MW.

“Nossos investimentos foram definidos dentro de uma lógica de planejamento para o crescimento sustentável da companhia, que pretende dobrar de tamanho nos próximos 10 anos”, pontua Russomanno.

A prefeitura de Tucano (BA) está oferecendo cursos de capacitação profissional a moradores do município para a criação de mão-de-obra qualificada para o complexo eólico. A expectativa do município é que a construção do campo possa não apenas gerar empregos diretos e indiretos, mas também fomentar outros investimentos de infraestrutura para acelerar o desenvolvimento social e econômico da região.

A Unipar ainda tem participação em outro projeto de energia eólica no Nordeste do Brasil, com o Complexo Eólico Cajuína – construído nas cidades de Angicos, Pedro Avelino, Lajes e Fernando Pedrosa, no Rio Grande do Norte.

Nesse complexo a Unipar também conta com a parceria da AES Brasil. Ele terá uma capacidade de geração de 91 MW, sendo que 40 MW serão repassados diretamente para uma planta da companhia por 16 aerogeradores. A expectativa é que até 2024 o campo esteja em funcionamento.

Já no setor de energia solar, o projeto Lar do Sol – Casablanca II, localizado em Pirapora (MG), capitaneado pela Unipar em conjunto com a Atlas Renewable Energy, irá possibilitar a produção total de 239 MW (49 MW apenas da Unipar). Esse montante é equivalente a eletricidade suficiente para abastecer 261.662 residências brasileiras.

O parque solar ainda vai permitir que 40,5 mil toneladas métricas de gás carbônico (CO2) deixem de ser emitidas anualmente, segundo cálculos do World Resources Institute a partir de índices do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática (IPCC). Como comparação, essa emissão anual de CO2 na atmosfera terrestre equivale à de 16,2 mil carros da frota de uma grande metrópole nacional.

Projetos devem gerar 485 MW de energia renovável no país  

A Unipar atua no setor de energia renovável com aquisições no Ambiente de Contratação Livre há mais de 25 anos e com os três projetos em desenvolvimento tem a previsão de gerar 485 MW em todo Brasil, sendo 149 MW direcionados apenas para o abastecimento das plantas fabris da empresa. Essa produção irá garantir a autoprodução de 80% de toda demanda dessas fábricas até 2024.

“A sustentabilidade é um dos nossos pilares estratégicos e permeia todas as tomadas de decisão da companhia. Nele, observamos e aperfeiçoamos nossas práticas e estabelecemos as metas para questões sociais, ambientais, financeiras e de governança corporativa. O objetivo é a transição da matriz energética com foco em competitividade, redução de custos e da pegada de carbono”, finaliza Russomanno.