Mercado

Anuário Imobiliário 2023

2023 será de crescimento para o setor imobiliário, mas desaquecimento deve chegar

Dayane Saleh, especial para HAUS
05/05/2023 18:29
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Setor deve crescer menos em 2023.

Se os últimos anos foram desafiadores para uma série de segmentos da economia, esse não foi o caso do mercado imobiliário, que cresce continuamente desde 2017 e superou todas as expectativas durante a pandemia de Covid-19, quando se expandiu acima da economia nacional.
Apesar disso, em 2022 houve queda no número de lançamentos e nas unidades residenciais vendidas, se comparado com 2021. Já para este ano, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê desaceleração no crescimento, que deve ser de 2,5% – frente a 7% em 2022 e a 10%, em 2021.
Segundo Marcos Kahtalian, sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégica, uma das responsáveis pela pesquisas da CBIC, a Selic – taxa básica de juros da economia – tenderá a frear o crescimento do setor imobiliário em 2023. Isso porque foi progressivamente ampliada em 2022 e agora se mantém em 13,75% ao mês (para se ter uma ideia, em 2021, a média da taxa anual foi de 4,2%). “Os juros altos explicam porque 2023 terá menor desempenho do que 2022. A economia como um todo vai ter uma menor tração, refreia um pouco o ritmo do mercado, mas ainda teremos crescimento”, explica.
Nos últimos três anos, crescimento do setor imobiliário superou o da economia do país
Nos últimos três anos, crescimento do setor imobiliário superou o da economia do país
Além disso, a taxa média de juros do crédito imobiliário alcançou os dois dígitos no segundo semestre de 2022 e em janeiro deste ano, chegou em 10,74%. Em 2022, era 9,41% e, em 2021, 6,98%, conforme apontam os dados do Banco Central (BC).

Crescimento em Curitiba

Curitiba (PR) esteve contra a tendência nacional e, em 2022, superou unidades e valores vendidos, com um crescimento de 14% em relação a 2021. É o que mostra a pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º trimestre de 2022, realizada pela CBIC e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica com dados de 207 municípios de todo o Brasil.
O presidente da Confraria Imobiliária, que reúne 40 profissionais do mercado curitibano, Carlos Eduardo Canto, aponta que apesar da alta dos juros desde a metade de 2022, o ano ainda assim foi muito bom para o setor porque houve grande migração dos pequenos investidores em bolsa de valores para o setor de imóveis.
O Brasil tem um déficit habitacional de 5,9 milhões domicílios.
O Brasil tem um déficit habitacional de 5,9 milhões domicílios.
“Vejo que o setor imobiliário é o principal pilar da economia. Quando há investimento nele, podemos observar muitos outros setores da sociedade e da economia girando. Em 47 anos de atuação neste mercado, nunca vi os juros de uma aplicação financeira superarem os juros de uma aquisição de imóvel”, defende o representante da organização que une empresas responsáveis por capitalizar 60% dos negócios na região.

Minha Casa, Minha Vida

Uma das grandes promessas para o ano são as construções do programa “Minha Casa, Minha Vida”. “Curitiba ficou devendo no quesito de produtos econômicos. Ainda queremos ver uma mudança de cenário com construção e vendas de unidades populares, financiadas pelo Fundo de Garantia pelo Tempo de Serviço (FGTS)”, explica Kahtalian. Conforme ele, apenas a região Nordeste do país obteve crescimento dessa parcela do mercado em 2022.
Canto aponta que há uma promessa em relação a essa fatia do setor. “O primeiro governo do presidente Lula foi espetacular para o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, e sabemos que tanto a economia como a política impactam bastante na indústria. Temos indicativos claros de que as construtoras de imóveis populares voltaram com bastante apetite, ainda mais com a necessidade proveniente das classes mais baixas." De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil tem déficit habitacional de 5,9 milhões de domicílios, que pode ser suprido pelo programa.
Diante deste cenário, o setor defende que essas expectativas de crescimento só podem ser realizadas se houver atenção e agilidade do governo federal para promover mudanças que favoreçam a tomada de crédito e o controle das taxas de juros, especialmente aquelas voltadas a estimular os financiamentos via FGTS.
O presidente da Confraria Imobiliária aponta que o mercado imobiliário apresenta estabilidade, mas que existem setores que estão com preços mais altos, o que tem impulsionado a locação. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa do Secovi-PR, o aluguel de imóvel residencial custa, em média, R$ 1.543.
Canto deixa um conselho final para quem quer comprar ou alugar e para as construtoras e imobiliárias: “Hoje as construtoras procuram muito o corretor de imóvel, pois é ele quem está na ponta do processo. Investir nesses profissionais é o atalho para encontrar o comprador certo e o empreendimento ideal”.

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