Arquitetura

Curitiba adota solução nova-iorquina de calçadas verdes para incentivar deslocamentos a pé na região central

Luan Galani
04/03/2016 14:00
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Calçadas verdes estão sendo implantadas em cinco lugares da Área Calma para potencializar o acalmamento do trânsito no Centro, aumentar a segurança dos pedestres, instigar deslocamentos a pé e tornar a cidade mais colorida. Foto: Lucilia Guimarães/Ippuc/Divulgação

A cruzada de caráter oficial de Curitiba por uma cidade mais humana e pedestre-friendly ganha mais um capítulo. Desde a última terça-feira (1º), a prefeitura está implantando áreas verdes que funcionam como extensões das calçadas em cinco cruzamentos da Área Calma: Rua Carlos de Carvalho com Alameda Cabral; Rua Cândido Lopes com Rua Ébano Pereira, perto da Biblioteca Pública do Paraná; Rua Cândido Lopes com Avenida Marechal Floriano Peixoto, junto à Praça Tiradentes; Rua Inácio Lustosa com Rua Mateus Leme; e Rua Inácio Lustosa com Avenida Cândido de Abreu.
Nos próximos dias as áreas verdes piloto também receberão balizadores para impedir a entrada de automóveis nos espaços demarcados, sem obstruir a passagem dos carros pelas vias. Os cruzamentos também vão receber novas faixas de pedestres, rebaixamento de meio fio para assegurar a acessibilidade e nova sinalização.
A solução vem com o intuito de aumentar a segurança dos pedestres e incentivar deslocamentos a pé na região central da cidade, que até final do ano passado concentrou maior parte dos atropelamentos de Curitiba, tipo de acidente que mais causa mortes na cidade.
“O pedestre é o principal e mais importante usuário do Centro. São aproximadamente 500 mil pessoas que passam por ali todos os dias. Por isso pensamos em uma maneira de potencializar a Área Calma, e de diminuir a distância entre os mares de asfalto, que são difíceis de atravessar a pé”, esclarece o coordenador de mobilidade e transporte do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Márcio Augusto Teixeira.
“Nós não podemos pensar no desenvolvimento de Curitiba com apenas um modal, de somente uma tipologia de usuário da cidade. Temos que inverter a lógica e começar gradativamente a se habituar com a nova realidade”, lembra Teixeira.
Para o arquiteto e urbanista Carlos Hardt, especialista em Gestão Urbana e professor da PUCPR, a solução é muito bem vinda. “Disponibilizar mais espaço para o pedestre é uma iniciativa louvável”, avalia Hardt. “Vale lembrar que qualquer mau comportamento do pedestre independe da solução urbanística. Portanto, não vejo as áreas verdes como um incentivo para o abuso dos pedestres. Tudo depende do respeito que as pessoas têm umas pelas outras e pela cidade”, sentencia o arquiteto.
A solução foi importada de Nova York, que, desde 2007, mantém o projeto DOT, dentro do Departamento de Trânsito da cidade norte-americana, que tem como missão tornar a megalópole cada vez mais segura, eficiente e ambientalmente responsável para as pessoas.
Buenos Aires também adotou as extensões das calçadas e ajudou Curitiba na implantação do projeto. As três cidades integram o grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima, e projetos como esse, que incentivam os deslocamentos a pé, são prioritários para a rede de cidades.
A intenção ainda é levar essa solução para outras áreas de Curitiba. O estudo do Ippuc considerou 200 cruzamentos e os responsáveis pela ideia afirmam que outros espaços ainda são passíveis de receber as calçadas verdes.

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