Arquitetura
Conheça quatro projetos para a Curitiba do futuro
Ilustração conceitual do arquiteto Abrão Assad: ele aposta em uma cidade menos subterrânea e mais voltada para transportes de superfície, que possam integrar Curitiba à RMC. Foto: Abrão Assad/Divulgação
Que cidade queremos daqui uns 20 anos? Diversos escritórios de arquitetura se debruçaram sobre essa mesma pergunta a convite da HAUS. Apesar de propostas tão diferentes entre si, fica claro no conceito inicial de todos os projetos o desejo e a necessidade por uma Curitiba mais humana. Feita para aquele cidadão que caminha e quer vivenciar a cidade.
Em resumo, trata-se de reocupar os espaços públicos: torná-los menos ociosos, explorar o potencial das ruas para criar mais interação entre as pessoas, transformá-los em áreas de estar (não encarar apenas como áreas de passagem) e diminuir a importância do carro. Essas características foram adotadas por diversas cidades europeias há muito tempo, mas somente agora encontram ressonância por essas bandas.
Confira a seguir quatro ideias que podem transformar nossa cidade. Algumas foram criadas para o projeto Diver.cidade: um olhar de amor para Curitiba, concebido por Consuelo Cornelsen, e outras são fruto do desafio que a HAUS lançou para pensar a cidade do futuro.
O futuro está na superfície
É nisso que acredita o arquiteto Abrão Assad, urbanista que construiu parte da Curitiba como a conhecemos hoje, e que concebeu todo o fechamento da Rua XV de Novembro há mais de 40 anos. “Paremos de ser tatu. Vamos enterrar só fios e postes”, brinca. Para Assad, a implantação do metrô subterrâneo é ultrapassada. “O custo é muito alto para um transporte viário que não compensa.” A opção seria um transporte de superfície que interligasse Curitiba a todos os polos de crescimento da RMC.
Caminho da permanência
A calçada é o “calcanhar de Aquiles” de Curitiba. E foi por aí que o Estúdio 41 decidiu se enveredar, apesar de terem pensado principalmente na revitalização da Rua Barão do Serro Azul. Motivo: a via pública é um local importante para o convívio dos cidadãos, e a ideia de pavimentação propõe o resgate do espaço público do pedestre. Com exceção dos trechos com petit-pavé histórico, a nova calçada seria um piso homogêneo de pedras portuguesas pretas, com um caminho branco mais próximo da rua. Os bancos seriam retroiluminados e os postes teriam apenas 2,3 metros.
Riqueza em acolher
A Praça 19 de Dezembro, que homenageia a emancipação política do Paraná, foi o alvo das ideias de Slomp e Busarello Arquitetos. A sugestão foi fazer a praça dar um grande abraço no entorno por meio de um espiral luminoso no solo. Além do restauro das peças centenárias, haveria um anel interativo espelhado, banquetas e mochos, e um espaço para apresentações. “É estimular adrenalina na cidade. Mas isso só acontece se tivermos um projeto de cidade, independentemente de quem esteja no poder”, frisa o arquiteto Orlando Busarello.
Praça é lugar de gente
Os arquitetos da Grifo Arquitetura propõem fazer das praças novamente um espaço de estar, e não mais um estacionamento de ônibus. A proposta consiste em um estudo para readequar as linhas amarelas que passam pelo centro, unificando algumas delas e desafogando as praças. Dessa maneira a Travessa Nestor de Castro, que hoje é pouco atrativa para pedestres devido ao tráfego intenso e à implantação do terminal, poderia ser parcialmente fechada, religando a Tiradentes ao Largo da Ordem e permitindo uma boa convivência com outros modais.