Arquitetura

Antiga fábrica das Ceras Canário no Rebouças será centro de inovação com espaço gastronômico

Luciane Belin*
25/02/2019 10:52
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Perspectiva da fachada do CRIA, em primeira mão para a Haus. Imagens: RAC Engenharia/Divulgação

Região valiosa para a história de Curitiba pelas tradicionais fábricas que por ali passaram, a área da cidade conhecida como Vale do Pinhão, que engloba parte do Rebouças e do Prado Velho, deve se tornar nos próximos anos o endereço de um importante espaço de inovação e sustentabilidade. Em parte do terreno, onde antes se situava a fábrica das ceras Canário e do sabão Guaíra, a RAC Engenharia vai construir um centro de inovação voltado para a elaboração de iniciativas sustentáveis na construção e formação de profissionais com a chancela do Green Building Council Brasil (GBC Brasil).
Dos 16 mil m² quadrados do terreno, três serão inicialmente dedicados a um espaço multiuso que vai se chamar CRIA, sigla de Campus Rebouças de Inovação e Aceleração, onde serão instalados escritórios e laboratórios para empresas e startups, coworking, auditório, espaço gastronômico e café. O projeto é assinado pelo arquiteto Gonzalo Serra.
Terreno ocupa localização privilegiada entre as ruas Engenheiros Rebouças, Francisco Nunes e Brasílio Itiberê. Foto: Reprodução/Nogari Leilões
Terreno ocupa localização privilegiada entre as ruas Engenheiros Rebouças, Francisco Nunes e Brasílio Itiberê. Foto: Reprodução/Nogari Leilões
“Nesses espaços, todas as empresas serão estimuladas a trabalhar de forma colaborativa e será incentivada a convivência e troca de experiências entre as pessoas. Além disso, os ambientes estão sendo projetados para proporcionar conforto e eficiência aos usuários, tudo isso aliado às melhores práticas de construção sustentável e health building aplicadas ao ambiente de trabalho”, explica o diretor da RAC Engenharia, Ricardo Cansian.
Para que essa transformação ocorra, o local foi totalmente reestruturado. Da construção anterior, além de parte da estrutura externa do prédio, foram mantidas apenas as características interiores que dão o tom fabril ao projeto, como as instalações aparentes, o piso em concreto alisado e as telhas à vista. No entanto, com o objetivo de servir como case do que prega, o prédio fará uso eficiente e racional dos recursos naturais como energias renováveis, aproveitamento de água de chuva, tratamento e reuso de resíduos.
“Não poderia ser diferente, já que trabalharão ali muitas empresas que têm foco em soluções sustentáveis, gestão de cidades inteligentes e economia circular. As startups de base tecnológica que tiverem em seus princípios a solução de problemas existentes com a aplicação de recursos de forma sustentável poderão ser incentivadas, aceleradas ou até mesmo receber investimentos de grupos de empresários interessados”, afirma Cansian.
Segundo o diretor executivo do GBC Brasil e presidente do Comitê dos GBCs das Américas pelo World Green Building Council, Felipe Faria, as atividades do conselho direcionadas para o novo espaço serão pautadas especialmente em duas frentes: “uma voltada para a área de tecnologia, em que vão estar empresas e startups desenvolvendo seus programas de pesquisa e acompanhando o que vem acontecendo no mundo com novos produtos das áreas de engenharia; e outra com um centro de capacitação de profissionais para empreendimentos sustentáveis – energia renovável, tecnologias de Smart Cities, laboratórios para ensaios, projetos, materiais e produtos voltados para a construção sustentável, com centro de referência para formação de profissionais da plataforma BIM (Building Information Modeling)”, detalha Faria.
Segundo ele, o objetivo é que o espaço atue como um braço do GBC fora de São Paulo, o que possibilitaria uma constância maior na dos treinamentos até mesmo do que a da capital paulista, que hoje concentra a maior parte dos eventos. “O GBC vai identificar as opções de cursos em nosso programa nacional de educação e torná-los ativos nesse ambiente, de forma que seja possível contar também com o apoio da iniciativa privada, para que esses cursos cheguem de uma forma subsidiada a futuros profissionais e lideranças da construção”.
Outro importante ponto focal do CRIA e dos treinamentos que serão realizados no lugar serão parcerias com universidades. “Queremos aumentar muito o número de jovens talentos e de profissionais que estão iniciando no mercado de trabalho para que já entrem com esse viés mais relacionado a edificações de alta eficiência”, completa Faria. Em fase de finalização do projeto e seleção de demandas das primeiras empresas que serão instaladas no lugar, o CRIA deve ser inaugurado ainda no primeiro semestre de 2019.

Sul sustentável

A escolha de Curitiba como endereço para a instalação do centro de inovação não se dá sem motivo. A capital paranaense vem chamando a atenção do GBC Brasil com a grande demanda por certificação em prédios verdes nos últimos anos – algo que se reflete no estado inteiro e vem se expandindo também para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Na região Sul do país, 23% dos prédios certificados conseguiram a certificação Platinum [a mais avançada da organização].
No mundo todo, essa porcentagem é de 5%. A maioria dos projetos é de Curitiba, onde todos os lançamentos de alto padrão estão buscando a certificação ‘Casa e Condomínio’ do GBC”, diz Faria.

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