Arquitetura

Apartamentos antigos ganham nova roupagem

Daliane Nogueira
02/02/2012 02:08
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Morar em um espaço amplo, arejado e bem localizado é um sonho para qualquer família. Acrescente a isso o item charme arquitetônico e está completa a definição dos apartamentos antigos, com 30, 40 ou 50 anos de construção. Em geral eles estão localizados em bairros onde os terrenos são escassos e os apartamentos mais novos têm plantas reduzidas.
Mas a opção por morar em um imóvel com essa característica costuma vir acompanhada da necessidade de encarar uma reforma. E apesar de a palavra provocar arrepios, a aventura tem vantagens estéticas e até econômicas.
As intervenções possíveis são as mais variadas e o segredo é aproveitar de forma eficiente aspectos da arquitetura do imóvel, como fez o arquiteto Denis Ricca em seu próprio apartamento. O imóvel tem 120 m² e fica em um edifício construído na década de 1970 no centro de Curitiba.
“Acho charmoso morar em um prédio que tem uma identidade preservada ao longo dos anos. E a construção civil era outra, com pé direito maior, cômodos amplos, além de paredes e lajes mais espessas. São muitas as vantagens”, afirma Ricca.
Na decoração, o arquiteto pensou na mescla de elementos bem particulares. O piso de parquê de peroba e imbuía foi mantido, assim como as venezianas de madeira, que foram restauradas e pintadas de preto. Aliás as janelas grandes, com ventilação de sobra, são outro regalo dos prédios com mais de 30 anos.
O mobiliário mistura a linha contemporânea com peças compradas em antiquário e outras trazidas de viagem. “O resultado é uma mistura de peças art déco, cadeiras do designer Konstantin Grcic e tapete de patchwork árabe”, exemplifica. A cozinha também foi alvo da mudança. Lá a cor amarela dá o tom e a atmosfera lúdica é reforçada com um quadro negro usado para exercitar a imaginação e deixar recados.
Equilíbrio
O projeto de Ricca ilustra como é possível explorar o potencial de um imóvel antigo renovando a decoração, mas preservando as características marcantes. Para a designer de interiores Giovana Kimak este é um dos principais desafios na hora de reformar um imóvel com mais de 30 anos. “Quase sempre é possível aproveitar e recuperar algum revestimento ou explorar um elemento arquitetônico tendo em vista a necessidade dos moradores”, comenta a profissional que, em parceria com o arquiteto André Largura, foi responsável pela reforma de um apartamento construído em 1954.
O segredo, para a dupla, está em perceber como melhorar um imóvel ao se deparar com uma realidade complicada. No caso do projeto assinado por eles, havia forração no piso (escondendo um parquê conservado, que foi recuperado), azulejos bem antigos no banheiro e cozinha e até nicotina impregnada nas paredes. “O antigo morador fumava e tivemos muita dificuldade para fazer com que a tinta aderisse à parede”, recorda Giovana.
A divisão da cozinha com a sala foi eliminada e o pé direito de três metros foi bastante evidenciado com iluminação e uso de tintas e papéis de parede coloridos. A moradora do imóvel optou por recuperar uma cristaleira de família e sob esse ponto os profissionais lembram que é necessário equilíbrio. “A decoração pode ter toques antigos, mas a linha deve ser contemporânea”, opina a designer de interiores.
Sem gastar muito
Muitas obras de reforma têm orçamento reduzido e, nesse caso, o mais adequado é começar pelo que é imprescindível. “Primeiro é preciso uma avaliação das condições de elementos hidráulicos e elétricos (veja mais detalhes no box). Se for necessário trocar fiação e tubulação, o ideal é que se faça de uma só vez”, explica a arquiteta Fabianne Domingos.
No trabalho desenvolvido por ela em um apartamento de 30 anos, o baixo custo era uma premissa do projeto. O uso de papel de parede mais em conta, a solução de pintar os azulejos (com tinta epóxi branca), evitando a troca do revestimento, e a restauração de alguns móveis, foram soluções interessantes e mais baratas. “Uma reforma vem acompanhada de gastos, mas é possível controlá-los. Esse projeto (reforma e mobília) custou cerca de R$ 60 mil, para um apartamento de dois quartos, escritório, dois banheiros e cozinha, com 178 m²”, diz.
Outro exemplo é o projeto da arquiteta Daniela Sumida em um apartamento de 40 anos, onde a principal intervenção estrutural foi a integração da sala com a cozinha e a troca de tubulação para incluir aquecimento a gás. “A decoração tem soluções simples, como adesivos de parede, espelhos e a recuperação de móveis antigos, que ganharam uma cara contemporânea”, conta Daniela.
Serviço
• André Largura e Giovana Kimak, Ambienta Arquitetura, fone (41) 3222-7407.
• Fabianne Domingos, fone (41) 9988-7729.
• Daniela Sumida, fone (41) 3342-0417.
• Daniela Barranco Omairi, fone (41) 3019-9090.
• Denis Ricca, fone (41) 3015-0847.

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