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Após 5 anos de crescimento, mercado imobiliário registra queda puxada pela habitação social

HAUS
01/03/2023 19:58
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Em crescimento desde 2017, e tendo resistido (e superado expectativas) durante os primeiros anos da pandemia de Covid-19, o mercado imobiliário brasileiro apresentou queda no consolidado de 2022. A informação é da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que registrou redução no número de lançamentos e também no de unidades residenciais vendidas no ano passado, em comparação com 2021.
Segundo a entidade, a queda mais expressiva, 8,6%, recaiu sobre o volume de novos empreendimentos, que passou de 323.298 para 295.447, enquanto a comercialização dos imóveis novos registrou redução de 3,2%, passando de 314.305 para 304.390 no período analisado.
Os dados integram o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º trimestre de 2022, realizado pela CBIC e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, de Curitiba, e apresentado na última segunda-feira (27), com dados de 207 municípios de todas as regiões do país.
O principal motivador para as reduções, segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, por nota oficial, foi o menor volume de lançamentos e vendas do então programa de habitação social Casa Verde e Amarela, atual Minha Casa, Minha Vida, cujos custos de produção não acompanharam o poder de compra das famílias, levando à desaceleração das vendas a cada trimestre de 2022. Em relação a 2021, a comercialização teve queda de 13,5%, enquanto os lançamentos e a oferta final foram reduzidos em 23,9% cada dentro do programa.
“O Casa Verde e Amarela/Minha Casa Minha Vida perdeu participação no mercado. Houve queda em torno de um terço dos lançamentos”, afirmou Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, ao lembrar que, no início de 2021, 56% das unidades lançadas estavam dentro do programa de habitação social.

Previsão

Ainda segundo a CBIC, as mudanças anunciadas no então Casa Verde e Amarela nos meses de julho e agosto do ano passado contribuíram para o aumento 22,1% no volume de lançamentos, quando comparados o quarto e o terceiro trimestres de 2022. O aumento, no entanto, não foi suficiente para firmar em um cenário positivo as expectativas do setor.
“O último trimestre foi melhor, mas foi pior do que qualquer trimestre de 2021 e de 2020. Essa é a faixa que mais precisa e que responde rápido aos ajustes que façam [o imóvel] caber no bolso do consumidor”, avaliou, em nota, Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica.
Diante deste cenário, o setor acredita que as expectativas de crescimento do mercado imobiliário em 2023 estão diretamente atreladas à capacidade e agilidade do governo federal em promover mudanças que favoreçam a tomada de crédito e o controle das taxas de juros. Entre elas, estão medidas que estimulem os financiamentos via FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
"Estamos dependendo mais da reação do governo do que a do próprio mercado. É preciso colocar o Minha Casa, Minha Vida de volta no bolsos das pessoas para que 2023 seja um ano próximo de 2022”, comentou Petrucci. Caso as medidas demorem ou não sejam tomadas, a previsão é que 2023 registre queda de cerca de 10% , segundo estimativa do CEO da Brain.

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