Adepta do
sistema home office, a arquiteta
Natália Salla teve que rever suas prioridades quando o número de clientes de
seu escritório cresceu em pouco tempo. “Sempre amei trabalhar da minha casa e
nunca tive o sonho de ter um espaço para o escritório, como a maior parte dos
arquitetos tem”, diz. Antes acostumada a se deslocar até a casa dos clientes
para o atendimento, Natália passou a não conseguir mais suprir a demanda. A
solução seria abrir as portas de sua própria casa para receber seus clientes ou
montar um escritório para essas reuniões. A segunda opção falou mais alto.

O sucesso de
Natália começou quando ela divulgou alguns de seus projetos nas redes sociais. “Quando
eu postei o projeto da minha casa, a repercussão foi muito positiva. As pessoas
se apaixonaram pelo meu corredor azul”, conta. A partir daí, o tom se tornou um
pedido recorrente das pessoas que a procuravam. “A assinatura do nosso
escritório passou a ser a utilização dessa cor ou de corredores coloridos e
diferentes”, explica.

Como uma forma de homenagear esse início de sua trajetória, a arquiteta resolveu trazer para o ambiente do novo escritório uma releitura dos elementos de sucesso vistos em seu lar. O azul foi escolhido para compor o teto, o banheiro e o chão da varanda da sala de 35 m², em São Paulo. Alguns tons de cinza também foram replicados. “O desafio maior foi projetar minha casa. Quando chegou a hora de fazer a reforma do escritório, eu escolhi que ele tivesse as mesmas características. O azul veio para retomar a nossa história”, afirma.

Por ser o azul uma cor fria, a arquiteta levou outros tons para equilibrar a escala cromática. “Trabalhamos com projetos mais contemporâneos e jovens, então, nossa assinatura de projeto envolve cores como elemento de destaque. Também trouxe o amarelo em um dos armários, pois é a cor que aparece no nosso logotipo”, afirma.

Natália destaca que um dos objetivos com o uso das cores foi transformar o escritório em um espaço experimental para os clientes. “Muitos clientes querem coisas coloridas, mas têm medo de usar. Quando eles estão aqui, consigo mostrar que não ficarão enjoados", diz. A arquiteta explica que por não estar o tempo todo no campo de visão, o teto azul serve como exemplo do bom uso de diferentes tons.

O aspecto experimental também está presente em outros elementos: os puxadores dos móveis. Prova disso é que cada armário recebeu um tipo diferente do objeto. “Gostamos de usar puxadores cava de madeira nos projetos. E aqui o cliente pode puxar uma gaveta em uso para ver a pegada que ele tem. Ou ver como funciona uma porta de correr ripada”, justifica.

Para tornar esse ambiente experimental ainda mais acolhedor para os clientes que visitam o espaço, Natália optou pela utilização da cor madeira, por meio de lâminas naturais. “As pessoas precisam gostar de estar aqui, se sentirem em casa e esse tom evita a sensação de ambiente corporativo”, explica.

Quando concebeu o projeto, a escolha de pendentes já estava determinada por Natália, que os colocou sobre a mesa de trabalho e dando destaque a uma arte na parede. Para a aplicação técnica, contou com o auxílio da empresa Labluz, que também sugeriu tipologias de spots, com pendentes mais esbeltos e discretos.

Na sala de
reunião, o pendente tem iluminação voltada para o teto, o que valoriza a
pintura diferenciada. A iluminação geral, por sua vez, é em trilho, com
luminárias brancas que respeitam o equilíbrio cromático na composição de cores.

Próximo à mesa de reunião, um armário multifuncional abriga uma copa, o cantinho do café e todos os produtos de limpeza do escritório. Para destacá-lo como decoração, foram inseridas fitas de LED embutidas na marcenaria. Além de realçar os objetos, elas contribuem para a iluminação das áreas de bancada.

A arquiteta relata que um dos grandes desafio do projeto foi a proibição do fechamento da varanda, pois precisava garantir o número máximo de estações de trabalho, uma sala fechada, espaço para a copa e uma mesa de reunião. “Como ela se estende por toda a largura da sala, optamos por não ocupar o espaço com elementos verticais sólidos".

Ao final, a varanda acabou servindo como um espaço de estar, com a promoção de conforto e qualidade no ambiente. Para dar ainda mais vida ao ambiente, plantas foram inseridas no espaço.

De acordo com Natália, a pintura feita à mão na parede traduz o pensamento acerca do trabalho individualizado promovido pelos arquitetos do escritório. “Não fazemos nada idêntico. Se algum cliente pede algo igual ao que viu em determinado projeto, sugerimos algo inspirado, mas nunca igual”, afirma.