Design e arquitetura

Arquitetura

Casa que é símbolo da arquitetura moderna no litoral paranaense é revitalizada

Sharon Abdalla
18/01/2021 16:47
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Um projeto singular, uma vista deslumbrante e o desafio de revitalizar um dos imóveis listados entre os ícones da arquitetura moderna no litoral do Paraná. A partir dessas premissas, a arquiteta Elaine Zanon e a designer de interiores Claudia Machado, da Arquitetare, atenderam ao pedido do atual proprietário da casa Guido Weber, também conhecida como Casa da Pedra, localizada em Caiobá, visando a ampliação do número de dormitórios e a maior acessibilidade do imóvel.
“É uma família com três filhos, além dos netos. Então, o pedido foi de uma suíte para o casal, outra para cada um dos filhos e um quarto para os netos [o que fez com que a planta ganhasse mais dois dormitórios quando comparada à original]. O acesso social à casa, que antes era feito por dentro da garagem, agora se dá por uma nova escada escultural em concreto armado autoportante. Também foi instalado um elevador todo em vidro, para que se aproveite a vista do mar”, conta Elaine.
Tal vista, aliás, é privilegiada, considerando o local único em que a casa foi construída: sobre as pedras da ponta da praia, no Morro do Boi, entre a Praia Mansa e o centro de Caiobá.
 Casa ganhou um elevador e uma piscina com lateral em vidro, valorizando a vista para o mar.
Casa ganhou um elevador e uma piscina com lateral em vidro, valorizando a vista para o mar.
A construção data de 1965, com projeto assinado pelo escritório Forte Gandolfi, dos arquitetos Luiz Forte Netto e José Maria Gandolfi que, à época e ainda hoje, figuram entre os grandes nomes da arquitetura paranaense e brasileira. Modernos, com forte influência do brutalismo paulista, uma vez que ambos são formados pela Universidade Mackenzie e migraram de São Paulo para Curitiba nos anos 1960, eles projetaram a residência em concreto e a assentaram sobre grandes pilares incrustados nas rochas, que sustentam dois pórticos que, por sua vez, suspendem a laje da cobertura.
 A grande varanda voltada para o mar, que recebeu guarda-corpo em vidro, proporciona momentos de lazer para a família e seus convidados.
A grande varanda voltada para o mar, que recebeu guarda-corpo em vidro, proporciona momentos de lazer para a família e seus convidados.
“O sistema construtivo da casa é superousado até para os dias de hoje. Quando fomos chamadas para fazer esse projeto tivemos um cuidado grande de preservação do projeto original, que é um ícone da arquitetura modernista paranaense, mesmo o cliente nos dando carta branca. A madeira, o branco e o vidro foram importantes para valorizar a presença da vista, o mar. Então, não colocamos nenhum detalhe que pudesse competir com essa visão que se tem do mar a partir do interior da casa”, ressalta a arquiteta.
 O branco da arquitetura se repete no interior, proporcionando conforto sem interferir na vista.
O branco da arquitetura se repete no interior, proporcionando conforto sem interferir na vista.
Assim, as grandes esquadrias foram trocadas por modelos que permitem a total abertura das janelas, transformando a área social integrada em uma grande varanda para o mar. Os poucos acréscimos ao projeto original decorrem dos avanços em relação à legislação e também do desejo de proporcionar ainda mais conforto e lazer à família e seus convidados nos períodos em que frequentam a residência.
Entram aí, por exemplo, o guarda-corpo instalado na fachada voltada para o mar. ”Para manter a 'limpeza' da arquitetura, trabalhamos toda a extensão da casa com parapeitos de vidro extra clear, que tem 100% visibilidade e não reflete a luz”, conta Elaine. A varanda ganhou, ainda, uma piscina com lateral em vidro, que permite a quem se banha ver o mar até de dentro d'água.

Arquitetura minimalista

A ampliação do número de quartos não aumentou a área da residência, de cerca de 395 m², mas demandou o remanejamento de algumas paredes internas. “Isso foi feito por meio dos painéis ripados, que já eram um detalhe da casa e foram refeitos”, lembra Elaine. Mantendo a mesma linguagem, externamente os dormitórios também ganharam brises em madeira, como forma de garantir mais privacidade aos ambientes.
 No interior, o estilo minimalista traz móveis em tons neutros, como a poltrona Mole, assinada por Sergio Rodrigues, da década de 1960.
No interior, o estilo minimalista traz móveis em tons neutros, como a poltrona Mole, assinada por Sergio Rodrigues, da década de 1960.
O projeto luminotécnico foi atualizado com a utilização de perfis de LED, mais eficientes energeticamente. Já o de interiores, em estilo minimalista, destaca o branco da arquitetura, com pontos de cor apenas nas obras de arte, em especial as do artista paranaense Carlos Eduardo Zimmermann, e traz móveis em tons neutros, pensados para proporcionar conforto a quem desfruta da residência sem que interfiram na vista. Entre eles, o destaque fica para a poltrona Mole, assinada por Sergio Rodrigues, também na década de 1960.
“É uma poltrona que conversa com a arquitetura da casa. A proposta da Casa da Pedra é que ela permaneça como um dos grandes cartões-postais do nosso litoral e traga toda essa valorização da arquitetura modernista, tão importante na história da arquitetura paranaense”, finaliza Elaine.

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