Arquitetura

Boate Kiss vai virar uma grande praça florida em memória às vítimas

HAUS
10/04/2018 19:55
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Imagens: Divulgação

Foi anunciado nesta terça-feira (10) na cidade gaúcha de Santa Maria o projeto vencedor do concurso nacional de arquitetura para o memorial às 242 vítimas fatais e as mais de 600 vítimas que sobreviveram a tragédia da Boate Kiss. A proposta vencedora é do arquiteto paulista Felipe Zene Motta, do escritório Motta e Zene Engenharia e Arquitetura, de São Paulo.
A iniciativa do concurso é da Prefeitura de Santa Maria, da regional gaúcha do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), com apoio do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS).
O projeto funde os conceitos de edifício, memorial e praça de forma integrada. Na fachada traz um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior, se vista da rua. A austeridade, de acordo com o arquiteto, representa o luto. Ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de luz e fluidez.
No centro, haverá um jardim circular de flores. À sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto. A mesma cobertura, ao se projetar em balanço, possibilita que uma grande varanda se forme abaixo, de onde os visitantes podem contemplar o jardim e são convidados a escolher uma flor e depositá-la em um suporte, cada qual em um pilar, com o nome da vítima homenageada.
De acordo com o júri técnico, “o projeto escolhido tem caráter simbólico e delicadeza, pois coloca seu ponto focal em um jardim florido no centro do espaço. A proposta reforça o sentido afetivo do lugar de memória, ao mesmo tempo em que oferece à cidade uma narrativa do fato, de forma a contribuir para sua superação”. Os avaliadores também consideraram a facilidade e simplicidade de execução do projeto e a manutenção do espaço, que podem ser favorecidas pela organização espacial das funções em um único pavimento, no nível da rua. O memorial terá um auditório, um espaço expositivo e uma área para atividades. O profissional receberá R$ 25 mil como prêmio pelo projeto.
A próxima etapa é a assinatura do contrato entre o arquiteto e Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Só depois disso, será feita a apresentação pública do projeto para a comunidade de Santa Maria e o detalhamento do valor da obra, que pode chegar a R$ 3 milhões. Para construir o memorial, a AVTSM irá captar o dinheiro de várias formas, ainda não divulgadas.

Proposta curitibana

O escritório curitibano Estúdio 41 ficou em terceiro lugar com a proposta para o memorial de Santa Maria. Assinam o projeto os arquitetos Fabio Henrique Faria, Emerson Vidigal, Eron Costin, João Garbriel Rosa e Martin Kaufer Goic, com colaboração de Daniela Moro, Gabriel Tomich e Matheus Fernandes.
De acordo com os arquitetos, na descrição da proposta, buscou-se trabalhar com o propósito de um edifício que traga à consciência motivos que nos façam seguir adiante. “Trata-se de um exercício de construir espaços coletivamente para ressignificar a morte como uma chance de ver novos sentidos para a vida. A busca de novas palavras para descrever o presente como uma possibilidade de ver o mundo e as pessoas de novas maneiras”, explicam.
O percurso interno seria um espaço para pensar no tempo que temos e na fragilidade do ser humano. Nas paredes estariam grafadas os nomes das 242 vítimas.  No pátio, uma janela de contemplação para o céu, um espaço para transitar da sombra para a luz e reinterpretar a morte, a vida e os encontros entre as pessoas.

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