Arquitetura

Brasileiro espalha arte misteriosa em cidade italiana e vira o novo “Banksy”

Luan Galani
29/08/2019 11:07
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Fotógrafo paranaense fez três intervenções com lambe-lambes em Veneza e foi apelidado de 'novo Banksy'. Fotos: Estevan Reder/Divulgação | ESTEVAN REDER

Um terremoto acaba de atingir Veneza. Mas calma! Todos os cantinhos antigos da Sereníssima República, como era chamada a cidade dos canais na Idade Média, continuam intactos. O abalo sísmico é estritamente cultural. Um dia após o artista e fotógrafo brasileiro Vantees colar um lambe-lambe em uma parede qualquer próxima à ponte de San Lio e do mercado Rialto, as redes sociais explodiram.
Uns amando, outros odiando. Quatro jornais dedicaram artigos, crônicas e reportagens. O Corriere del Veneto, versão local do diário nacional Corriere della Sera, escreveu em 13 de junho: “Um novo mural apareceu da noite para o dia […] Um novo Banksy talvez para denunciar a poluição dos grandes navios? Vandalismo ou arte? O debate está lançado e está bem aquecido”.
Fotógrafo paranaense fez três intervenções com lambe-lambes em Veneza e foi apelidado de 'novo Banksy'. Fotos: Estevan Reder/Divulgação
Fotógrafo paranaense fez três intervenções com lambe-lambes em Veneza e foi apelidado de 'novo Banksy'. Fotos: Estevan Reder/Divulgação
O misterioso artista vive bem debaixo da nossa barba. É o fotógrafo Estevan Reder, que nasceu na pequenina Jardim Alegre, de apenas 11 mil habitantes, no coração do Paraná. Ele morou em diversas cidades do estado devido às transferências constantes do trabalho dos pais, principalmente em Cascavel, e agora está passando uma temporada na Itália.
“Vou iniciar um mestrado em fotografia documental com Davide Monteleone [um dos fotógrafos mais renomados do mundo e três vezes vencedor do prêmio World Press Photo]. Passei por Veneza em visita à Bienal [de Arte de 2019] e apliquei três lambe-lambes pela cidade”, conta o artista.
“Foi uma repercussão muito rápida. Creio que seja pelo alto impacto que o turismo está tendo sobre Veneza. Um número absurdo de pessoas e embarcações”, destaca Reder, referindo-se ao tsunami de turistas que visitam a cidade todo ano, cerca de 25 milhões de pessoas. Projeções estimam que em 2025 esse número saltará para 38 milhões, o que assusta moradores e administradores públicos do município italiano.

Contemplação dos espaços da cidade

“A repercussão do lambe entre os venezianos foi incrível, nos dois pontos de vista. Mas ela revela a visão conservadora e preconceituosa de uma Itália que está presa em um passado e não consegue se ver em uma representação imagética”, defende.
Em uma página do Facebook dos moradores (I luoghi meno noti di Venezia e della sua laguna – Os lugares menos conhecidos de Veneza e sua lagoa, em tradução livre), os comentários foram intensos e o fotógrafo está criando um novo trabalho a partir dos pontos de vista estimulados pelos lambe-lambes, como confidencia por e-mail com exclusividade à reportagem.
A intenção do artista, que se inspira em figuras comuns do cotidiano das cidades e transforma fotografias de pessoas em imagens impressas em tamanho real, é aproximar esses anônimos e facilitar a contemplação do agora. “Fazendo um recorte deste corpo manifesto que está em ação nas ruas e trazê-lo para o mesmo ambiente em que ele foi capturado faz com que a presença de sua imagem gere novos vínculos com o espaço urbano, tanto estético como social”, explica Reder. Pelo menos em Veneza, foi xeque-mate.
Dois meses depois, o lambe-lambe incendiário do senhor de shorts segurando seus próprios chinelos ainda está lá. Não foi removido. Continua uma febre entre os turistas e vários registros podem ser encontrados com facilidade no Instagram.
Fotógrafo paranaense fez três intervenções com lambe-lambes em Veneza e foi apelidado de 'novo Banksy'. Fotos: Estevan Reder/Divulgação
Fotógrafo paranaense fez três intervenções com lambe-lambes em Veneza e foi apelidado de 'novo Banksy'. Fotos: Estevan Reder/Divulgação

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