Arquitetura

Igrejinha que criou novena de N. Sra. do Perpétuo Socorro e que dá nome ao Alto da Glória é reaberta

Luan Galani
15/08/2018 22:23
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Fotos: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo

A igrejinha centenária que deu nome ao bairro Alto da Glória e que ajudou a criar a tradição da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro antes da construção do santuário volta à sua antiga glória após 11 anos fechada. A Capela de Nossa Senhora da Glória, como é batizada oficialmente, será reinaugurada na noite desta quarta-feira (15), data em que se celebra a Assunção de Maria.
Construída em 1895 como templo particular das grandes famílias dos barões do mate Fontana, Leão e Veiga, a capela foi doada à Mitra Arquidiocesana em 2001, quando dos 100 anos da empresa Leão Júnior, responsável pela Matte Leão na época. Só no ano passado um convênio entre a instituição religiosa e a Prefeitura de Curitiba garantiu o recurso para o restauro, totalizando R$ 1,1 milhão.

Joia de simplicidade

Além de sua importância histórica para a capital paranaense, a capela é também uma joia arquitetônica. “Tamanho não é documento. Na sua escala reduzida, a igreja encanta pelo posicionamento na cidade e pela arquitetura artesanal que apresenta”, defenda a arquiteta Giceli Portela, que leciona na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e que executou o restauro do imóvel de Unidade de Interesse de Preservação (UIP).
“Diferente da Catedral de Curitiba, que também restaurei, que é imponente, precisa e rigorosa em todas as suas estruturas e ângulos, a capelinha guarda ângulos não perfeitos, vestígios que mostram que foi feita com ferramentas simples e poucas pessoas”, explica a especialista em restauro.
A arquiteta Aline Soczek Bandil, autora do projeto de restauro da capela, reforça, no documento de recuperação da igrejinha, que a construção é simples, do período eclético, com predomínio de elementos do neoclássico, como portas e janelas em arco pleno (semicirculares) e frontão triangular. Do eclético, destaque para elementos de argamassa imitando lambrequins na fachada.

Tradição de família

A capela abriga diversas estátuas centenárias adquiridas na França no final do século 19, incluindo um ícone raro de Nossa Senhora da Glória Assunta, de braços abertos para o alto, como revela a fazendeira e empresária Maria Cecilia de Leão Rosenmann, 70 anos. Entre as outras imagens, estátuas de Santa Efigênia e Santo Agostinho.
“Era tradição da família realizar os batizados e casamentos na capela”, lembra Maria Cecilia. “No início eram os padres Passionistas que realizavam as missas aos domingos. Depois os Redentoristas pediram o local emprestado por um ano. Acabaram ficando 15 anos e iniciando a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Na época, a rua chegava a ser fechada às quartas-feiras.”
Responsável pelas seis capelas do Centro Cívico, o Padre José Aparecido Pinto, 60 anos, diz que a igrejinha vai ter horários de visitação e até de missa semanal, que serão revelados em outubro, depois de mais alguns processos. “É uma capela que tem um carinho muito grande da comunidade, e volta a cumprir com sua vocação inicial”, celebra José Aparecido.

Veja mais fotos da capela restaurada:

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