35 anos

Arquitetura

Casa Cor SP: 8 ambientes e manifestos da mostra de decoração que ocupa o Conjunto Nacional

Sharon Abdalla
08/07/2022 17:38
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Mix de texturas é destaque no espaço Templo de Memórias, por Consuelo Jorge | Denilson Machado

Depois da Casa Cor Paraná, foi a vez da Casa Cor São Paulo abrir suas portas para o público na última terça-feira (5) e em um dos prédios mais icônicos da maior metrópole brasileira: o Conjunto Nacional.
Localizado na Avenida Paulista, o espaço recebe 59 ambientes dispostos em uma área de 10 mil m² que ocupam o primeiro e parte do segundo andar do edifício. Já o elenco conta com nomes de peso da arquitetura, design de interiores e paisagismo nacionais.
O circuito convida ao visitar com calma e com a atenção voltada aos detalhes -- que são muitos. Da seiva da árvore que faz uma poça artística no chão aos pontos de crochê que resultam em pendentes que trazem luz e a memória afetiva dos fazeres artesanais, o que se vê são espaços que remetem ao aconchego, ao melhor uso do tempo e dos ambientes e à contemplação do Infinito Particular, tema da mostra deste ano.
A história da Casa Cor, que celebra seus 35 anos na capital paulista, e do prédio assinado por David Libeskind também são exaltadas, seja na linha do tempo apresentada na rampa que dá acesso aos espaços e nas marcas do tempo presentes em vigas, pilares e paredes.
A reportagem de HAUS visitou a mostra no dia de sua abertura e selecionou dez ambientes entre os apresentados nesta 35ª edição da Casa Cor SP. Confira!

SERtão

Um dos espaços mais impactantes da mostra, pela sua dimensão (250 m²), estímulos sensoriais e soluções, o ambiente Sertão Portinari, de Nildo José, também é um dos mais brasileiríssimos da Casa Cor SP.
Inspirado na obra "Cangaceiro", de Portinari, ele traz uma paleta de tons que remetem à obra do artista e ao próprio sertão, com destaque às nuances de beges e marrons.
Formas orgânicas, como a do bar-lareira, e linhas retas são compostas em equilíbrio. Nesta última, o ponto focal fica por conta do brise formado pelos bricks da linha Senses Decor, que faz referência à técnica construtiva da taipa e dá um uso inusitado ao porcelanato.

Templo de memórias

Um resgate de sua própria história. É isto o que a arquiteta Consuelo Jorge apresenta no espaço de 80 m² que assina na mostra de decoração. Aconchegante, intimista e esbanjando da mistura de materiais, o espaço apresenta mix de texturas e composição de uma paleta sóbria, mas nem por isso fria.
O destaque, no entanto, está na exposição dos 42 telegramas recebidos por sua mãe na ocasião de seu casamento, em 1954, emoldurados e dispostos em conjunto. Há, ainda uma linha do tempo que resgata as 15 participações da arquiteta na Casa Cor SP.

Galeria Pirajuí

Estreante na Casa Cor SP, o arquiteto Carlos Navero levou suas três paixões: arquitetura, arte e natação, para a Galeria Pirajuí, localizada quase no início do circuito da mostra. A última, mais inusitada dentro da proposta, tem sua presença marcada pelo revestimento único do espaço em pastilhas de porcelanas azuis, que compõem harmonicamente com a pintura em tom de rosa de algumas das paredes. A dupla de cores ainda remete ao edifício Louvre, datado da década de 1950 e outro exemplar modernista da capital paulista.

Contemplação (ao tempo)

"O que você fará com o tempo que lhe resta?" A provocação é a base do manifesto que o designer Pedro Franco leva para o seu espaço na Casa Cor SP. Convidativo a uma pausa para o descanso e contemplação em meio à mostra, ele traz poucos, porém impactantes elementos.
Suspensa, a escultura do artista Jeff Koltro ganha diferentes contornos a partir do ângulo do observador. Já o sofá Underconstruction, uma das peças-ícones entre os trabalhos do designer, ganhou uma versão sinuosa exclusiva, com 8 m de comprimento.

Casa Coral

Se boa parte dos ambientes apostam nas tonalidades neutras, Marcelo Salum vai ao oposto e apresenta a sua Casa Coral em tons vibrantes de vermelho e azul, que aparecem nas paredes e nas cortinas que fazem as vezes de portas nos espaços de armazenamento, com a divertida estampa de abacaxis.
O ambiente reverencia a obra de Attilio Baschera e Gregorio Kramer, designers dos anos 1970 que revolucionaram a produção têxtil no Brasil. Desenhos e um piano do acervo do casal estão expostos no ambiente, que ainda conta com peças e esculturas assinadas por designers e artistas brasileiros.

Ateliê Botânico “Carandá”

Pensado como um espaço de relaxamento e descompressão, o ateliê botânico é assinado por Helô Marques, também estreante na mostra. Assim, o ambiente contempla biblioteca, lareira e bancada de trabalho e se transforma em uma espécie de casulo particular. A sensação de conforto e aconchego vem das escolhas de materiais, que evidenciam elementos naturais, como a terra, madeira, pedras e plantas.

Casa ETÉ

A sensação ao se entrar na Casa ETÉ é exatamente a que os arquitetos Fábio Mota e Mauricio Arruda, da Todos Arquitetura, propõem na defesa do conceito do projeto. A saber: "arrastar as cadeiras para acomodar toda a família, jogar as almofadas do sofá no chão da sala, cozinhar e receber os amigos ao mesmo tempo, passar um café, ouvir o riso alto das crianças correndo pela casa, janelas abertas em um dia ensolarado, são os tipos de conexões afetivas com as quais estamos acostumados em uma casa brasileira de verdade".
O piso rebaixado do living, recurso muito utilizado nos anos 1970, parece potencializar a integração dela com a área da cozinha e jantar, ao mesmo tempo em que reforça o acolhimento proporcionado pelo sofá em formato de "U" com estampa que lembra os antigos sofás da vovó. Destaca-se ainda a cozinha, com bancada e revestimento executados em mármore Napoleon Escovado vermelho da Michelangelo, cor que se repete nos puxadores em metal.

Espelho da alma

Compacto, sim. Porém com muito conforto. O estúdio de 40 m² assinado por Beatriz Quinelato tem a cama, baixa, robusta e que parece abraçar o ambiente, como protagonista. A peça, inclusive, é um projeto da arquiteta para a Odara. Na paleta, tons de marrom e marsala compõem com beges e verdes uma atmosfera elegante e relaxante.

Serviço

Casa Cor SP
  • ata: até 11 de setembro de 2022
  • Terça-feira a sábado: das 12h às 22h. Domingos e feriados: das 11h às 21h
  • Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073
  • Ingressos no site

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