Arquitetura

Como recuperar pisos de madeira manchados e riscados

Ana Flavia Silva*
14/02/2020 21:31
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Assoalho da Indusparquet tem tratamento que dá aparência envelhecida em madeira nova. Foto: Rogério Machado/Divulgação

Eles são charmosos, elegantes e proporcionam conforto térmico aos ambientes. Os pisos de madeira têm alta durabilidade, conferem personalidade ao décor e são uma boa opção para quem quer elementos naturais em casa. E o melhor: a manutenção diária, ao contrário do que reza o dito popular, é extremamente simples (esqueça a cera e o esfregão!). Mas de tempos em tempos, é preciso fazer uma revitalização do material. Riscos e desgaste natural exigem um processo de restauração. A boa notícia é que ele é fácil, prático e deixa o piso com cara de novo.

Tem jeito?

O piso está riscado, gasto, com manchas ou peças faltando? É possível mudar o aspecto dele e garantir proteção para os próximos anos de uso. “O processo convencional de restauração é lixar, raspar e envernizar novamente”, detalha o CEO da Parquet SP, Gustavo Wentz, especialista em instalação e restauro de pisos de madeira. “Mas nem sempre é preciso fazer tudo isso, muitas vezes uma aplicação superficial resolve a estética e a proteção sem agredir tanto a madeira”, complementa.
Riscos, ressecamento e peças descoladas: restauração de pisos de madeira deixam o material como novo. Foto: Ana Flavia Silva
Riscos, ressecamento e peças descoladas: restauração de pisos de madeira deixam o material como novo. Foto: Ana Flavia Silva

Qual é o seu piso?

Na hora de planejar a revitalização do piso de madeira é preciso primeiro conhecer o material que será restaurado. Há pisos de madeira maciça, engenheirados — que são formados por parte de madeira maciça e outra parte de compensados — e ainda o multiestruturado, que é composto por várias camadas e estruturas.
Entre os subtipos, a aplicação pode ser em assoalho ou em tacos, com parquet, versalhes ou random length. O universo dos tipos de madeira também é bastante amplo. Entre as diferentes espécies usadas na fabricação do material, estão o carvalho, cumaru, ipê e peroba, entre outras. A principal diferença entre um e outro é a tonalidade, a “estampa” da madeira e a dureza — que indica a durabilidade de acordo com o tráfego onde o piso está.
Em via de regra, quanto mais clara, mais “macia” será a madeira — com indicação para áreas com baixa intensidade de tráfego. Já as madeiras escuras tendem a ser mais duras e são recomendadas para ambientes que recebem muitos passantes. Para adequar o estilo da madeira à necessidade do projeto de decoração, existem serviços de tratamento e pintura específicos, que dão outros tons e estilos ao material. É possível dar aparência de madeira envelhecida, mais clara ou mais escura. Além disso, o material usado para proteger a madeira também interfere diretamente na durabilidade que o piso terá.
Para áreas comerciais, é preciso usar verniz de alto tráfego. Foto: divulgação/Parquet/SP
Para áreas comerciais, é preciso usar verniz de alto tráfego. Foto: divulgação/Parquet/SP

Restauração completa

O primeiro passo é avaliar a necessidade de reposição de peças. Em residências antigas, é comum que tacos e parquets se soltem. “Áreas muito úmidas ou problemas no momento da instalação podem fazer com que as peças descolem do chão. Por isso, na hora de aplicar os tacos é importante que o contrapiso esteja desempenado e completamente limpo, livre de poeira ou imperfeições”, alerta Wentz. Isso vale também para a reaplicação no momento da restauração. É preciso remover todo o excesso de cola que sobrou da peça solta antes de colocar uma nova.
Antes de colar as novas peças, é preciso deixar o contrapiso liso, sem resíduos de cola ou poeira. Foto: Ana Flavia Silva
Antes de colar as novas peças, é preciso deixar o contrapiso liso, sem resíduos de cola ou poeira. Foto: Ana Flavia Silva
Feito isso, o nível de danos vai indicar a necessidade para restauração. Em alguns casos, um lixamento superficial pode resolver o o problema. Por outro lado, se o verniz já estiver muito gasto e apresentar riscos, o ideal é fazer o processo completo. “É preciso remover todo o verniz ‘velho’ para poder aplicar uma nova proteção”, destaca Wentz. No processo de lixamento, vão embora também resíduos de cera e riscos que possam ter chegado até a madeira, passando do verniz original. O piso fica “cru” e é aí que entra uma nova camada de verniz, dando brilho e proteção à madeira.
Independentemente do tipo da madeira usada, a proteção aplicada vai determinar a vida útil do piso. “A recomendação de aplicação de verniz varia entre dois e oito miligramas, de acordo com a intensidade de tráfego do ambiente”, explica Wentz. “Para residências, até oito miligramas é o razoável, pois acima disso o verniz risca com facilidade. Já para áreas comerciais, a recomendação é de dois miligramas para baixo”. Em média, um piso bem cuidado pode durar até 60 anos sem precisar de novas restaurações.
Projeto da arquiteta Camila Dirani usa assoalho em tom que contrasta e complementa a proposta. Foto: Divulgação/ParquetSP
Projeto da arquiteta Camila Dirani usa assoalho em tom que contrasta e complementa a proposta. Foto: Divulgação/ParquetSP

Quanto custa?

O preço de restauração varia muito. Tudo depende do nível de danos que o piso apresenta, a metragem da área a ser restaurada e o material que vai ser usado (de acordo com o tráfego do local). Por isso, o valor pode ir de R$ 45 até R$ 150 por metro quadrado.

Cuidados diários

Foi-se o tempo em que esfregões agressivos e ceras em pasta eram usados para manutenção de pisos de madeira. Existem atualmente no mercado materiais específicos para o cuidado diário com pisos de madeira, que não se acumulam nem interferem na ação do verniz. “A cera é proibida!”, alerta Wentz. A recomendação é o uso de vassoura de cerdas macias ou esfregão de algodão ou microfibra, que não riscam o piso. Um pano umedecido com água pode ser usado, mas é importante passar em seguida um pano seco para garantir que a umidade não seja absorvida pela madeira. Lavar o chão também está fora de cogitação.
*Especial para HAUS.

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