Arquitetura

Curitiba vai ter maior jardim de esculturas do Brasil, mas não sabe quanto irá custar

HAUS*
22/01/2018 09:30
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Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo/Arquivo | GAZETA

Até 2020 a intenção de Curitiba é ostentar uma nova alcunha: a de ser a cidade com o maior jardim de esculturas do Brasil. Em decreto assinado recentemente pelo prefeito Rafael Greca (PMN), parte do Parque São Lourenço foi destinado ao Memorial Paranista e Jardim de Esculturas João Turin, que contará com 78 réplicas de obras do escultor paranaense, reproduzidas em tamanho gigante, quase três vezes o tamanho médio de uma pessoa.
O espaço terá ainda 325 bancos de praça de concreto desenhados por Turin, com ícones de pinhões, grimpas e ramas de pinheiros. A prefeitura ainda não sabe informar quanto pretende investir no projeto, e o Ateliê João Turin não tem uma estimativa de quanto o memorial poderá custar.
estatuas do artista joao turin estão sendo vandalizadas em Curitiba. A mais recente é a da onça preta  - puma - da praca nossa senhora da salete
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Em entrevista exclusiva para HAUS em setembro de 2017, Greca havia deixado claro que sua intenção era de levar o memorial para o espaço do Bom Retiro, no antigo terreno do Hospital Psiquiátrico do Bom Retiro. Porém, segundo o Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), não seria possível utilizar o espaço para a realização do projeto por se tratar de um terreno privado de propriedade da Federação Espírita do Paraná (FEP). A negociação com a FEP foi pausada em dezembro. “O prefeito pode ter outros projetos com a área que não esse”, afirma Danilo Allegretti, assessor de Gestão Patrimonial da FEP.
Os parques de curitiba são muito estimados. Principalmente em dia de feriado prolongado. Quem não foi viajar ou prefere curtir o Carnaval com mais tranquilidade há a possibilidade de curtir a natureza, levar as crianças para brincar, dar um rolê de bike, fazer um piquenique ou até mesmo namorar. O Parque São Lourenço é uma das opções entre os vários parques da capital.  Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Os parques de curitiba são muito estimados. Principalmente em dia de feriado prolongado. Quem não foi viajar ou prefere curtir o Carnaval com mais tranquilidade há a possibilidade de curtir a natureza, levar as crianças para brincar, dar um rolê de bike, fazer um piquenique ou até mesmo namorar. O Parque São Lourenço é uma das opções entre os vários parques da capital. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
A área foi motivo de mobilização popular em prol da preservação do bosque após a compra de parte do terreno pelo Grupo Angeloni para a construção da nova unidade da rede. O movimento ficou conhecido como “A causa mais bonita da cidade”. O bosque está dividido entre a parte do terreno adquirida pelo Angeloni e a parte que pertence à FEP, a qual pretende manter o espaço.
Nos últimos dias o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, declarou que também apoia o projeto, a fim de valorizar o patrimônio paranaense. “O apoio se dará por meio da disponibilização das obras do Turin que estão sob a guarda do estado. A ideia é fazer uma parceria para que sejam expostas em uma nova sala que será construída no memorial”, explica o secretário estadual de cultura, João Luiz Fiani. “O apoio será exclusivamente logístico, pois, por estarmos em ano eleitoral, ao estado não é permitido destinar recursos.”
Decreto assinado pelo prefeito Rafael Greca  destina parte do Parque São Lourenço para Memorial Paranista.  Na foto, réplica do banco desenhado por João Turin e duas obras a serem reproduzidas no Jardim de Esculturas. Foto: Valdecir Galor/SMCS
Decreto assinado pelo prefeito Rafael Greca destina parte do Parque São Lourenço para Memorial Paranista. Na foto, réplica do banco desenhado por João Turin e duas obras a serem reproduzidas no Jardim de Esculturas. Foto: Valdecir Galor/SMCS

Movimento Paranista

O movimento nasceu no início do século 20 e buscou a construção de uma identidade regional do Paraná principalmente nas áreas da história e da arte. Segundo Luís Fernando Lopes Pereira, pesquisador do tema e professor de História do Direito na UFPR, João Turin foi um dos três principais artistas desse movimento, junto dos pintores João Ghelfi e Lange de Morretes.
Encabeçado por Romário Martins, o movimento angariou fundos para levar os artistas a estudarem arte no exterior, para posteriormente poderem desenvolver uma arte identitária local. A rosa de pinhões, tradicional símbolo das calçadas de petit pavê curitibanas, é obra conjunta dos três e caracteriza a identidade paranista.
Para o pesquisador, o Movimento Paranista é uma preocupação identitária que ainda tem sua validade. “Ele é um movimento permanente, até pela peculiaridade de ter criado uma identidade de uma ideia projetada para o futuro” explica. “[A identidade paranista é uma] colcha de retalhos de várias etnias, todas passíveis de serem abarcadas por esse movimento”.
Rosa de pinhões que ilustra calçadas de petit pavê em Curitiba é herança do movimento paranista. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo<br>
Rosa de pinhões que ilustra calçadas de petit pavê em Curitiba é herança do movimento paranista. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo<br>
*Aléxia Saraiva, Sharon Abdalla e Luan Galani.

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