Dia do Idoso

Arquitetura

Dia do idoso: descubra os tipos de pisos que aliam segurança e praticidade

Bruno Gabriel, especial para HAUS
01/10/2020 12:46
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man doing yoga exercise at home using online lesson on notebook.

Quando pensamos no piso de uma casa adaptada para idosos, nos limitamos à ideia de que o revestimento não deve ser escorregadio. As necessidades, porém, vão além.
“Mais do que pensar em um piso que seja antiderrapante, devemos nos preocupar com detalhes que envolvam as limitações de cada idoso”, explica o arquiteto Bruno Moraes, que tem em seu currículo diversos projetos adaptados para esse público. Para o arquiteto, a inserção de qualquer mudança dentro de casa deve estar diretamente associada às dificuldades encontradas pelas pessoas que moram nela.
Quando o idoso apresenta dificuldades visuais, Moraes indica que a atenção deve recair sobre obstáculos dentro de casa, o que inclui diferença de níveis e degraus de escada. Nesses casos, o indicado é trabalhar com revestimentos que gerem contraste, possibilitando que o idoso consiga se localizar melhor. “Se ele precisa identificar um degrau, por exemplo, o que pode ser feito é inserir uma cor diferenciada. Um piso claro pode receber um degrau marrom”, sugere.
Outra recomendação é que o piso para casas com idosos não seja reflexivo, já que menos brilho pode trazer maior conforto visual. Nesse sentido, a tonalidade geral da casa também deve ser levada em consideração: pisos claros e madeirados, por exemplo, garantem uma casa iluminada e aconchegante.
Como no projeto assinado por Bruno Moraes, o assoalho de madeira oferece conforto visual e segurança, mas exige atenção quanto à manutenção
Como no projeto assinado por Bruno Moraes, o assoalho de madeira oferece conforto visual e segurança, mas exige atenção quanto à manutenção

Materiais

Na hora da escolha do revestimento, alguns cuidados quanto ao material utilizado no piso devem ser tomados. A gerente de marketing da Roca Brasil Cerámica, Christie Schulka, indica que para escolher um revestimento para uma casa com idosos, é importante verificar o coeficiente de atrito da peça. “Se ele for maior ou igual a 0,4%, é porque a superfície é segura, menos deslizante”.
Ela explica que as construtoras, por seguirem as normas da ABNT, só podem especificar produtos para áreas úmidas e molhadas acima de 0,4%. “Em obras residenciais, não nos atentamos a isso e focamos somente no estético, deixando a segurança de lado”, pondera.
Christie aponta ser comum que na área interna das casas a escolha recaia sobre peças com brilho, polidas. Mas elas são indicadas somente para áreas secas, como sala e quarto. Segundo ela, se houver contato com água, a superfície se torna lisa, como pode acontecer no banheiro e na cozinha. “Para pessoas com a mobilidade mais sensível, como é o caso de idosos com mais de 70 anos, o recomendado é um porcelanato acetinado”, sugere.
Christie também aponta que algumas linhas de porcelanato podem ser mais seguras, como as ABS e com grip. Segundo ela, as ABS permitem fácil deslocamento dos idosos, pois ajudam na prevenção de escorregões. Além disso, são resistentes a riscos que podem ser provocados por andadores, bengalas e cadeiras de rodas. “As ABS são muito utilizadas em áreas cobertas, como varandas. Já a grip é indicada para áreas externas, como garagens”, explica.
Quando o assunto é segurança contra quedas, o arquiteto Bruno Moraes sugere outra opção: o piso vinílico, por seu aspecto emborrachado. “Na área interna da casa, opto por algo que traga aderência. Indico o de modelo encaixado", diz.
No detalhe, o piso vinílico, que pode servir como opção para quem não deseja passar por uma reforma completa.|
No detalhe, o piso vinílico, que pode servir como opção para quem não deseja passar por uma reforma completa.|
Segundo o arquiteto, o material também é o mais indicado para quem não pode passar por uma obra completa. "Se a pessoa não quer trocar todo o piso, o vinílico é ideal, pois pode ser colocado por cima do revestimento original. E isso tudo acontece em um único dia”, sugere.

Higienização

Mesmo que atendidas as recomendações para facilitar a visão e a locomoção dos idosos dentro de casa, outro cuidado tem se mostrado relevante durante a pandemia: a higienização dos revestimentos. “O aspecto de saúde se reflete em vários aspectos, pois se a pessoa não está saudável, acaba tendo outros problemas em decorrência disso”, pontua a gerente de marketing Christie Schulka, que considera o porcelanato a superfície mais limpa.
O porcelanato é uma boa opção para que procura higiene e praticidade, como é o caso da cozinha projetada por Bruno Moraes
O porcelanato é uma boa opção para que procura higiene e praticidade, como é o caso da cozinha projetada por Bruno Moraes
Levando em conta questões de higiene e praticidade, o arquiteto Bruno Moraes também aconselha o porcelanato como piso ideal. “Se um prato de comida ou um copo de água cai sobre ele, é muito mais fácil de higienizar”, diz.
O arquiteto destaca o fato de que, no chão, o revestimento de piso não pode ser polido, mas na parede é melhor que seja, pela facilidade que propicia para a limpeza. "Se usamos o mesmo porcelanato do piso na parede, com a mesma aderência, a limpeza exigirá muito mais esforço”, diz Moraes. Ele cita como exemplos projetos de banheiros que já realizou, nos quais o porcelanato antiderrapante é usado no piso, mas na parede é trabalhado de forma lisa.
Com porcelanato antiderrapante no piso e revestimento liso na parede, o projeto de Bruno Moraes buscou aliar a segurança à praticidade na hora de higienizar
Com porcelanato antiderrapante no piso e revestimento liso na parede, o projeto de Bruno Moraes buscou aliar a segurança à praticidade na hora de higienizar
O arquiteto também chama a atenção para o fato de que alguns revestimentos são antiderrapantes, mas requerem cuidado. “O idoso muitas vezes não tem firmeza ou bom reflexo, o que faz com que derrube algumas coisas mais difíceis de limpar. Se isso acontecer sobre um assoalho de madeira, ele provavelmente ficará estufado”, diz Moraes, indicando que o piso emborrachado também pode apresentar maiores dificuldades para higienização, se comparado ao porcelanato.

Manutenção

Além de uma superfície limpa e segura, uma caraterística relevante na procura por pisos envolve a manutenção e a durabilidade. “Temos no mercado revestimentos cimentícios, assoalhos de madeira, pisos que exigem cuidado com aplicação de produtos para manutenção. Se uma pessoa tem saúde mais debilitada, dificilmente vai conseguir cuidar tão bem desse piso e ele pode estragar”, pondera.
Christie também acredita na ideia de que peças de baixa manutenção são melhores em residências que abrigam idosos. "A vida do porcelanato é longa. Há azulejos do tempo do império que ainda estão intactos”, sugere.

Outros cuidados

Uma alternativa para evitar o uso de tapetes, responsáveis por grande parte dos acidentes domésticos, é a instalação de pisos aquecidos. Por ter boa condutividade térmica, todos os tipos de porcelanato surgem como boa opção de revestimento nesse caso.
A aplicação de pisos emborrachados nos lugares mais perigosos, como a área de acesso ao box e em frente a pia, também se configura como um cuidado eficaz para evitar os tradicionais "tapetinhos", como indica o gerente de produtos da Celite, Luciano Almeida.
A iluminação também é um item essencial. Segundo Almeida, o melhor é que o idoso consiga enxergar toda a extensão dos ambientes assim que ligar a luz durante a noite, principalmente do banheiro. Uma alternativa seria a instalação de faixas de LED na extensão do piso.

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