Arquitetura

Em discussão na Flip, arquitetos convidam as pessoas a explorar as cidades

HAUS com Folhapress Web
30/06/2016 20:09
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Os arquitetos Francesco Careri e Lucia Leitão desafiaram as pessoas a flanar pelas cidades para despertar novamente suas almas. Fotos: Flip/Divulgação

Os arquitetos Francesco Careri e Lucia Leitão fizeram uma ode à caminhada na mesa “Cidades Refletidas”, que aconteceu nesta quinta (30), na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).
Careri é arquiteto, professor na Università degli Studi Roma Tre e autor de Walkscapes: O Caminhar Como Prática Estética. Já Leitão é professora da Universidade Federal de Pernambuco e escreve sobre a articulação entre arquitetura e psicanálise, por exemplo, em Onde Coisas e Homens Se Encontram“.
Para os dois arquitetos, caminha-se pouco nas cidades, e isso tanto reflete quanto traz consequência para a sociedade que construímos nela.
“Um autor americano diz que cidade que não tem lugar pra caminhar também não tem lugar para a alma. Essa é a marca da sociedade brasileira. Vivemos negando a rua. Gilberto Freyre falava que, na cidade colonial brasileira, as ruas eram caminhos para casas poderosas, exatamente a função que damos a elas hoje, onde temos cidades para o carro”, disse Leitão.
“Ao caminhar num espaço urbano, passamos por lugares que não correspondem à nossa ideia de cidade, então apagamos eles da memória. Nesse sentido falo da amnésia urbana. O que faço com meus alunos é exatamente isso, entender que existem regiões de sombra, uma parte escondida no inconsciente da cidade. É uma reapropriação do espaço”, disse Careri, que os estimula a caminhar e até mesmo entrar em espaços privados.
PEDESTRE CAMINHA EM CIMA DE FLORES CAIDA NA CALCADA NA RUA NICOLAU MAEDER EM CURITIBA.
PEDESTRE CAMINHA EM CIMA DE FLORES CAIDA NA CALCADA NA RUA NICOLAU MAEDER EM CURITIBA.

Imigrantes na cidade

Careri dirige um centro em Roma que realiza pesquisas e cursos sobre habitação popular e integração multicultural no espaço público, se concentrando em comunidades excluídas, o Laboratorio Arti Civiche, por isso foi questionado pela plateia sobre como as cidades europeias estão reagindo à chegada de imigrantes.
“É um fenômeno que observo e acompanho há quase 20 anos e que, neste momento, tornou-se mais evidente. Os centros de asilo estão a 50, 60 quilômetros das cidades, são mantidos o mais distante possível delas. É preciso culpar a Europa e a ONU por tudo isso, é preciso resgatar as pessoas antes que atravessem o mar. Precisamos organizar a cidade para acolhê-las, não para construir campos de concentração.”

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