Arquitetura
Aprenda a fazer uma construção “radicalmente” sustentável
Escola sustentável com mais de 200 m² levantada no Uruguai pelo arquiteto norte-americano. Fotos: Earthship Biotecture/Tagma/Divulgação
Construir “edifícios radicalmente sustentáveis” é a expertise do arquiteto norte-americano Michael Reynolds. Considerado por muito como um visionário e por outros como um rebelde, o arquiteto tem impulsionado uma série de iniciativas experimentais em todos o mundo que primam pela reciclagem total dos materiais e pela autossuficiência completa das casas.
Em resumo: o profissional é craque em questionar todas as maneiras de projetar e construir da atualidade.
Dois de seus últimos trabalhos mostram exatamente em que consiste essa revolução que ele quer promover. É a escola sustentável de Jaureguiberry, no Uruguai, e a casa de Ushuaia, na Argentina.
Ele costuma utilizar materiais reciclados, como latinhas, garrafas e pneus. E instala sistemas que reutilizam água da chuva, reciclam os próprios resíduos e geram energia por meio do vento e do sol para o próprio aquecimento e resfriamento dos edifícios.
A casa sustentável em Ushuaia, por exemplo, que consiste em dois volumes cilíndricos de 50 m², foi levantada com 333 pneus, 3 mil latas de alumínio, 5 mil garrafas plásticas e 3 mil garrafas de vidro.
Como arquitetos, designers e engenheiros não estão acostumados com essas técnicas alternativas, Reynolds criou um curso para treinar profissionais que se interessam pela autossuficiência das construções. O treinamento acontece no México todos os anos e já atraiu mais de 600 pessoas ao longo dos anos.
Confira o vídeo que mostra de forma resumida as técnicas de Reynolds
Outro exemplo recente é a escola sustentável no Uruguai, que foi construída em sete semanas com 270 m².
O projeto uniu materiais reciclados, que representam 60% da estrutura, a materiais tradicionais.
Para aproveitar ao máximo a luz e a energia solar, o arquiteto criou um largo corredor envidraçado, que atua como distribuidor das três salas de aula e das duas alas de serviço da escola, projetando ao exterior uma simples e contundente fachada dominada pelo vidro e pela madeira.
Na parte sul, o edifício é fechado com um espesso muro de contenção feito a base de coberturas preenchidas com areia e pedregulho compactado. A estratégia, além de aumentar a inércia térmica, permite cobrir todo o sistema de reserva e coleta de água da chuva proveniente da cobertura.