Arquitetura

Entenda a polêmica do muro que o fundador do Facebook está construindo no Havaí

HAUS
21/06/2019 17:00
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Muro de pedras em construção na propriedade do fundador do Facebook no Havaí está dando o que falar. Foto: Google Street View/Reprodução

Mark Zuckerberg está dando o que falar. O fundador do Facebook está construindo um muro de pedra de quase dois metros de altura em volta de uma propriedade de 2,4 quilômetros quadrados que comprou na ilha de Kauai, no Havaí.
Mas o que tem atraído críticas é que o muro que cerca o terreno estaria bloqueando a ventilação natural e a vista para a praia.
“É triste que alguém venha, compre uma extensão enorme de terra e a primeira coisa que faça seja bloquear a vista que esta comunidade tem há anos”, disse um morador da ilha, Gy Hall, ao jornal local TGI, como apurou a BBC.
Os vizinhos da propriedade já se manifestaram contra a construção.
Shosana Chantara, que mora perto da construção, afirma que o muro já prejudicou a circulação do ar. “Faz calor atrás desta parede. Como está em um aterro, a brisa do mar não sopra”, acrescentou.
Depois de tantas reclamações, o porta-voz do projeto arquitetônico, Shawn Smith, enviou uma declaração na qual explica que este tipo de construção “geralmente é usado como uma barreira de som para reduzir o ruído das ruas”. Smith destacou ainda que a equipe está comprometida em garantir que qualquer desenvolvimento respeite a paisagem local.
A BBC tentou por duas vezes conseguir uma declaração do Facebook, mas sem sucesso. A empresa respondeu apenas que não iria tecer comentários a respeito do assunto.
Sobre este mesmo assunto, vale relembrar a opinião de Zaha Hadid, em entrevista concedida a HAUS um pouco antes de seu falecimento: “Tem havido um movimento em muitas cidades do mundo nos últimos anos direcionando as construções para espaços murados. Como arquitetos, temos de reagir a isso. Por anos, os arquitetos têm tentado livrar as cidades, abri-las,torná-las mais acessíveis e porosas. Construir essas comunidades enjauladas dentro das cidades, como pequenos Kremlins, é um tremendo passo para trás. Uma maneira muito arcaica de vida”.
O arquiteto Emerson Vidigal, professor na UFPR e integrante do Estúdio 41, segue com esse mesmo discurso. “É necessário analisar o projeto com cuidado. Mas, de maneira geral, esse tipo de muro consegue sim uma redução de ruído”, garante Vidigal. “Porém, assusta o fato de 240 hectares serem cercados. Me parece que o mais complicado é a criação dessa barreira.”
Isso porque a construção não é apenas um bem pessoal, mas pertence a todo o entorno. Tanto que, nos Estados Unidos, existe uma tradição de grandes intervenções arquitetônicas passarem primeiro por conselhos municipais de moradores, que podem ou não aprovar a obra.
O professor de arquitetura destaca ainda que, em outros países, a pretensa ameaça da violência pode ser uma razão para justificar casas muradas, mas em um lugar como o Havaí não há essa justificativa.
*Publicada originalmente em 4 de julho de 2016.

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