Arquitetura

Entrevista: Bel Lobo defende uma decoração menos careta

Eloá Cruz
07/03/2019 20:00
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Perfil
Depois de quatro anos à frente do Decora, programa do canal GNT, Bel Lobo conquistou o público mostrando que a vida e a casa podem, sim, ser mais divertidas e lúdicas. Bel é formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalha com o marido, Bob Neri, também arquiteto.
Ela iniciou sua carreira com projetos comerciais e vitrines de lojas como Richards, Farm, Shop 126, Shoulder e Shultz. Também trabalhou com decoração residencial. Em 2015, Bel “passou o bastão” do Decora para o designer Marcelo Rosenbaum e iniciou o programa Lá fora com Bel Lobo, focado na transformação de espaços comunitários.
Você começou sua carreira com trabalhos de arquitetura comercial, depois com projetos residenciais. Iniciou em 2011 o Decora, na GNT. Após quase quatro anos, que experiência você adquiriu com o programa?
Adquiri muita coisa. Na verdade, eu tinha pouco dinheiro e pouco tempo com a pessoa contemplada. Você tem de conhecer a pessoa rapidamente, com seus desejos e vontades de mudança do espaço a partir de dicas, gostos musicais, literários etc. Não estava fazendo o ambiente para mim, fazia para pessoa. E com pouco dinheiro, você tem de ser esperto para poder pagar toda a equipe, vidraceiro, marceneiro. Saber conciliar humores de todo mundo da equipe também é importante.
Entrevistamos você em 2011, quando o Decora ainda exibia seus primeiros episódios. Na época, você comentou que a sua vontade era de que os espectadores percebessem que a vida e a casa precisam ter mais diversão. Você acha que conseguiu passar essa mensagem durante todos esses anos de programa?
Eu espero que sim. As pessoas falam comigo e me agradecem pelo Instagram, mostram o que fazem em casa. As crianças gostam muito do programa. Uma vez eu estava passando por uma esquina e ouvi algumas crianças gritando do outro lado da rua: “A gente vai ser arquiteto”.
Neste ano, o Lá Fora com Bel Lobo estreou. Ele foi criado com a ideia de transformar ambientes ao ar livre e que sejam pouco usados. Qual é o maior desafio nesse novo programa? É mais difícil criar levando em conta a opinião de tanta gente?
Desta vez a gente optou por não ser uma surpresa, as pessoas podem acompanhar a transformação do espaço, dão opinião, participam. E o resultado final é um desejo que todos construíram juntos. O legal é ter de lidar com tantas opiniões diferentes. Teve até caso de gente que destruiu coisas. E tem sempre o chefe da tribo, o síndico do prédio, alguém que pega para si a coisa toda. Difícil mesmo é lidar com as intempéries, como sol demais, chuva forte, vento.
Você e seu marido, o arquiteto Bob Neri, trabalham juntos em um escritório de arquitetura. Como vocês dois seguem na mesma carreira profissional, ele dá opiniões nos seus projetos do programa?
Trabalhamos na mesma empresa. E para manter o casamento, atendemos clientes diferentes. Às vezes eu mostro algum trabalho e ele dá até dá sua opinião. Mas são pouquíssimas vezes.
Você já coleciona projetos na área comercial, residencial, em espaços públicos. Com o que você gostaria de trabalhar que ainda não teve a oportunidade?
Com essa coisa mais urbana mesmo. Até como começou O Lá Fora, trabalhar com as intervenções urbanas. Mas para fazer atividades na rua, é preciso ter uma série de licenças. Eu tenho algumas ideias sobre isso. Nem quero falar, é segredo. Tenho conversado sobre isso com o GNT, pensando num formato para web, mas nada definido.
*Entrevista originalmente publicada em 28 de outubro de 2015.

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