Arquitetura

Escritórios curitibanos conquistam os três primeiros lugares em concurso de arquitetura

Júlia Rohden*
24/10/2017 18:46
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O Estúdio 41 Arquitetura ficou em primeiro lugar no concurso e irá desenvolver o projeto do bairro na periferia do Distrito Federal. Imagem: Estúdio 41 Arquitetura

O reconhecimento Brasil afora do trabalho realizado pelos arquitetos curitibanos não para. Depois de estar entre os primeiros lugares e de receber menções honrosas em oito concursos públicos nacionais em 2016, dois escritórios de arquitetura e um grupo de arquitetos da capital acabam de conquistar os três primeiros lugares do Concurso Público Nacional de Projeto de Urbanismo e Arquitetura no Setor Habitacional Pôr do Sol, no Distrito Federal. São eles: Estúdio 41 Arquitetura (1º colocado), o grupo formado pelos arquitetos Vitor Takahashi, Marcelo Miotto, Leonardo Venancio, Felipe Sanquetta, Augusto de Oliveira e Alexandre Okabaiasse (2º lugar no concurso) e a Grifo Arquitetura (3ª colocada).
O resultado foi divulgado na última sexta-feira (20) pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB-DF) e, nesta segunda-feira (23), os profissionais foram homenageados pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR).
Seus trabalhos foram selecionados entre outros 24 projetos de todo o país que tiveram o desafio de projetar um bairro próximo a uma ocupação urbana consolidada e à Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Juscelino Kubistchek.

Proposta

O Estúdio 41 Arquitetura ficou em primeiro lugar no concurso e irá desenvolver o projeto do bairro na periferia do Distrito Federal.  Imagem: Estúdio 41 Arquitetura
O Estúdio 41 Arquitetura ficou em primeiro lugar no concurso e irá desenvolver o projeto do bairro na periferia do Distrito Federal. Imagem: Estúdio 41 Arquitetura
proposta consistia no desenvolvimento de urbanismo, paisagismo, infraestrutura urbana, sinalização viária e arquitetura das unidades habitacionais e dos equipamentos públicos comunitários para um terreno 440 mil m².
Os projetos deveriam conter um desenho urbano para uma área desocupada na qual serão criadas 1.518 unidades habitacionais, algumas delas adaptadas para pessoas com deficiência, para receber até 4.963 habitantes. De acordo com a CODHAB-DF, o projeto tem como intuito qualificar o espaço urbano, criar melhores e mais favoráveis condições de vida aos futuros moradores e lhes conceder o direito à cidade.
Imagem: Divulgação / Grifo Arquitetura
Imagem: Divulgação / Grifo Arquitetura
avaliação foi feita por uma comissão julgadora composta por seis jurados: representantes da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), do Instituto de Arquitetos do Brasil, Direção Nacional (IAB/DN) e da CODHAB-DF.
Os critérios de seleção contemplaram aspectos como clareza, conceito, inovação, qualidade urbanística, paisagística e arquitetônica, mobilidade, acessibilidade e inclusão social, sustentabilidade e soluções passivas de conforto térmico e eficiência energética.

Projeto vencedor

O primeiro lugar do concurso ficou com o projeto desenvolvido pelo Estúdio 41 Arquitetura, formado pela equipe de Emerson Vidigal, Fabio Henrique Faria, Matheus Fernandes, Gabriel Tomich, Daniela Moro, Martin Kaufer Goic, João Gabriel Rosa e Eron Costin.
Imagem: Estúdio 41 Arquitetura
Imagem: Estúdio 41 Arquitetura
De acordo com a CODHAB-DF, a proposta se destacou por apresentar quatro tipologias habitacionais que promovem a diversidade urbana. “Além disso, assimilou o projeto à área consolidada, a medida que o pedestre passeia pela alameda diretamente abastecida pelos equipamentos urbanos, formando o caminho da vizinhança”, explica a Companhia em nota divulgada em seu portal. O escritório será contratado para desenvolver o projeto e coordenar as equipes de projetos complementares.
Para o arquiteto Fabio Henrique Faria, a proposta apresentada pelo escritório se destacou por apresentar uma modelo heterogêneo, com residências em tamanhos e formatos variados, e mesclando áreas de moradia, comércio e lazer.
O projeto para o bairro tem como elemento estruturador uma rua central de pedestres e adota um modelo de quadras que promove áreas de lazer no espaço público com escala adequada para promover a convivência entre os moradores.
Imagem: Estúdio 41 Arquitetura
Imagem: Estúdio 41 Arquitetura
“Tentamos evitar espaços de lazer privados (estilo condomínios) e apostamos em áreas comunitárias, em tudo o que pode incentivar o convívio”, completa João Gabriel Rosa. Os arquitetos comentam que a maior dificuldade para realizar o projeto, que levou cerca de um mês para ser concluído, foi o tamanho da área (440 mil m²).
A distribuição de equipamentos e instituições públicas, como escolas, unidade de saúde e centro comunitário, aparecem no projeto do Estúdio 41 Arquitetura em posições estratégicas, próximas ao transporte coletivo e com distâncias confortáveis para ser realizada por pedestres.
Outro destaque é a implantação de um parque que faça a transição entre a paisagem urbana criada pelo novo bairro e a ARIE Juscelino Kubistchek. “O parque proposto nos limites do empreendimento age como uma bacia de amortecimento, auxiliando o sistema de drenagem urbana”, afirmam os profissionais, contando que a ideia é minimizar a erosão provocada pelo avanço das águas de chuva com velocidade, ocasionado pela impermeabilização do solo urbano.

Segundo colocado

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação
Segundo colocado no concurso, o projeto elaborado pela equipe de arquitetos que se reuniram para participar do edital da CODHAB-DF tem na preocupação de integrar o bairro com o entorno, considerando as ocupações irregulares e a área de preservação, sua principal característica.
“Projetamos espaços públicos de convivência que fossem conectados. O projeto prevê um calçadão, talvez por uma influência da Rua XV”, brinca Vitor Takahashi, um dos arquitetos do grupo, referindo-se ao famoso calçadão curitibano.
O edital do concurso previa que as moradias tivessem, no máximo, 68 m² e o projeto desenvolvido pela equipe trazia casas e apartamentos de, no mínimo, dois quartos. “Pensamos em casas que permitissem a ampliação ao longo do tempo pelos próprios moradores, de acordo com suas necessidades – seja um novo quarto ou uma pequena oficina”, explica Felipe Sanquetta.
Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação
Outra característica que garantiu o segundo lugar aos arquitetos foi a consolidação de um sistema de mobilidade privilegiando o deslocamento de pedestres e veículos não motorizados, como bicicletas. Também são previstas áreas calmas, com redução da velocidade para os carros.
Eles ainda apostaram na diversidade tipológica de edifícios, para criar uma dinâmica especial e atender as diferentes demandas dos futuros moradores, e na previsão de um parque, criando espaços aberto para sociabilização, lazer e esporte.

Terceiro colocado

Imagem: Divulgação / Grifo Arquitetura
Imagem: Divulgação / Grifo Arquitetura
Interligar a malha urbana existente com o novo bairro, promovendo a relação com as ruas vizinhas, foi a aposta do projeto desenvolvido pelo escritório Grifo Arquitetura, terceiro colocado no concurso.
Elaborado por Igor Costa Spanger, Eduardo Sinegaglia, Janaina Nichele, Rodolfo Luís Scuiciato, Aline Proença Train, Suzanna de Geus, Moacir Zancopé Junior, Luciano Suski, Fábio Domingos Batista e Taco Roorda, ele ainda previa uma pequena praça em cada quadra e a distribuição da área comercial ao longo do bairro.
“Conseguimos propor quadras abertas, com grandes áreas livres e verdes”, conta o arquiteto Igor Spanger. Fugindo de um estilo padrão, a equipe do Grifo Arquitetura também apostou em prédios e casas com tipologias diferenciadas.
Imagem: Divulgação / Grifo Arquitetura
Imagem: Divulgação / Grifo Arquitetura
O maior desafio da equipe, segundo o arquiteto, foi definir um traçado urbanístico para o bairro, já que a área era grande e permitia diversas possibilidades de desenho.
*Especial para Gazeta do Povo
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