Arquitetura

Estação Ferroviária e Igreja com 150 anos serão restauradas em Antonina

Sharon Abdalla
19/12/2018 20:16
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Foto: Antônio More / Arquivo Gazeta do Povo | GAZETA

O município de Antonina, no litoral do Paraná, encerra o ano de 2018 com motivos para celebrar. Depois do anúncio do restauro das ruínas do Armazém Macedo, um dos principais cartões-postais da cidade, outras duas obras serão revitalizadas no município: a Estação Ferroviária e a Igreja do Senhor Bom Jesus do Saivá.
Tocadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as obras estão contempladas no PAC Cidades Históricas, do Governo Federal, e tem orçamentos previstos na casa dos R$ 1,2 milhão e R$ 1,6 milhão, respectivamente. No caso da igreja, no entanto, sua realização foi viabilizada por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), celebrado entre o Iphan e a Brennand Energia. Ambos os imóveis integram o conjunto tombado do Centro Histórico de Antonina a nível nacional e também são tombados individualmente pelo governo do estado.

Restauro

Assinado pelo escritório Ana Furquim Arquitetura e Restauro e executada pela Limux Construtora e Incorporadora, ambas de Curitiba, a obra da Igreja do Senhor Bom Jesus do Saivá teve início no último mês de outubro e tem duração prevista de 11 meses.
Além do interior do imóvel, o projeto prevê a recuperação do telhado e das fachadas e a reforma do cemitério, que receberá novo paisagismo. “A proposta contempla toda a restauração do imóvel mantendo [muitos de seus] materiais originais, como o reboco a base de cal de concha. Antigamente, a cal era obtida por meio da queima das conchas e isso é um testemunho de um saber fazer de uma época, de algo que não se faz mais”, destaca a arquiteta Ana Furquim, responsável técnica da obra. As telhas de barro branco, com 60 cm de comprimento, são outro exemplo dos elementos que serão preservados. Para isso, elas foram removidas e estão sendo lavadas uma a uma, como conta a arquiteta.
Obra de restauro da igreja teve início no último mês de outubro. Foto: Ana Furquim/Arquivo Pessoal
Obra de restauro da igreja teve início no último mês de outubro. Foto: Ana Furquim/Arquivo Pessoal
Alguns elementos inseridos posteriormente à construção datada da segunda metade do século 19, como uma calçada de concreto feita nos anos 1980, foram retirados. Outros, por sua vez, serão substituídos, como o piso em assoalho de 23 cm de largura que irá cobrir o de tijolo maciço, sem condições de ser restaurado, e a escada metálica que dá acesso ao coro, que será instalada no lugar da antiga, em madeira.
“A escada estava muito deteriorada e não oferecia segurança para as pessoas. A igreja também vai ganhar elementos de acessibilidade, como rampa lateral e banheiros acessíveis, e uma pequena copa, além de fiação adaptada às questões elétricas, de telefonia, internet e sonorização”, acrescenta Ana. “Esta é uma igreja muito antiga e pela qual os católicos têm muita vibração”, destaca Thiago Afonso de Souza, Secretário de Turismo e Cultura de Antonina, ao avaliar a importância da obra de restauro.

Ponto de chegada

Vizinha à igreja, a Estação Ferroviária de Antonina também será restaurada. Desativada para o trânsito de passageiros nos anos 1970, ela ainda cumpre o papel de cartão de visitas para quem chega à cidade, pois é o primeiro marco avistado por quem chega pela rodovia, como lembra o Iphan.
Datada de 1914 e construída em alvenaria com inspiração eclética em sua composição e ornamentação, a estação tem área de 982 m² e teve sua obra orçada em cerca de R$ 1,2 milhões. O restauro será executado pela APN Engenharia e tem previsão de conclusão de sete meses após o início das obras, previsto para fevereiro de 2019, segundo a empresa.
Foto: Antônio More / Arquivo Gazeta do Povo
Foto: Antônio More / Arquivo Gazeta do Povo
“A obra irá contemplar a troca de todo o telhado [do imóvel] e da plataforma, reforma de todo o reboco, pintura do prédio, recuperação e restauro das esquadrias, revisão hidráulica e elétrica, adequação para acessibilidade, instalações de ar-condicionado e paisagismo do entorno”, descreve Daniel Moreira, coordenador de obras da APN Engenharia.
Além da recuperação do prédio, a restauração da estação promete revitalizar também a história ferroviária e o turismo da cidade. “Optamos por esta obra porque existe um movimento da Serra Verde [Express] para colocar um trem histórico reativando este ramal. Está sendo feita esta articulação. Então, além de trabalhar o bem, que é de propriedade da Prefeitura [de Antonina], a restauração deverá devolver o uso original ao imóvel, algo difícil de acontecer. Não é só uma questão de restaurar o bem e deixa-lo lá para depois ser subutilizado”, explica José Luiz Desordi Lautert, superintendente do Iphan no Paraná.

Outras obras

Antonina é a única cidade do Paraná contemplada no PAC Cidades Históricas, programa do Governo Federal que vem sendo executado pelo Iphan em 44 cidades de 20 estados brasileiros com previsão de investimentos na ordem de R$ 1,6 bilhão.
Na cidade do litoral paranaense, o programa irá contemplar outras cinco obras, com orçamento total aproximado de R$ 17 milhões. São elas: a restauração Igreja de São Benedito e seu entorno; restauração da Fonte da Laranjeira e requalificação do Largo da Fonte; restauração do sobrado da Prefeitura Municipal; restauração da Fonte da Carioca e requalificação do Largo da Carioca; e restauração do Santuário de Nossa Senhora do Pilar.

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