Contemporâneo

Arquitetura

Projeto leva o morar para entre as copas das árvores com piscina suspensa

Aléxia Saraiva
30/03/2020 20:30
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Foto: MCA Estúdio

Três das quatro faces do terreno são de mata. Dificilmente se encontra um espaço como esse em plena capital paranaense. Mas foi este o cenário com o qual o arquiteto Guilherme Torres se deparou quando visitou pela primeira vez o terreno que receberia a Tree House, projeto residencial que ele afirma representar um ponto de virada de seu escritório, que cada vez mais pretende trazer a tecnologia em função da sustentabilidade.
A singularidade do terreno foi essencial para o processo criativo. “Eu tive a ideia de criar uma casa suspensa. Foi um insight decisivo, e meu trabalho foi colocar isso no papel”, relata. A referência para esse primeiro desenho foi clara: a Casa de Vidro, um clássico de Lina Bo Bardi.
 Foto: MCA Estúdio
Foto: MCA Estúdio
Seriam apenas 21 pilares estruturais para suspender a casa, mas uma intercorrência burocrática durante a construção fez com que o desenho tivesse de ser alterado e fosse para o seu extremo oposto – dessa vez, a inspiração flertou com a Villa dall’Ava, casa assinada por Rem Koolhaas em Paris que tem uma “chuva de pilares inclinados”, como descreve Torres. Assim, 122 colunas se somaram às 21 que já existiam, criando uma floresta de pilares abaixo da casa.
A residência cria dois momentos de observação antagônicos. Externamente, é a empena que chama atenção. Seu desenho só foi possível graças a uma associação de técnicas construtivas que mescla a
estrutura metálica com o concreto. A inclinação do terreno também compõe o projeto, fazendo com que a casa esteja a três metros do solo nos pontos mais baixos e a nove metros nos mais altos.
 Foto: MCA Estúdio
Foto: MCA Estúdio
Nos interiores, a principal característica é a imaterialidade, com o mínimo de materiais compondo a paleta. Os 536 m² são distribuídos igualmente entre a área social e íntima e foram pensados para uma família formada por um casal e duas filhas pré-adolescentes. O mobiliário é composto primordialmente por peças assinadas pelo próprio arquiteto, com exceções para móveis de designers clássicos, como Sérgio Rodrigues. O resultado é um refúgio que acontece em função da natureza.

Quarto do casal

Das quatro faces da casa, três são paredes de vidro que se abrem para o terreno. O quarto do casal é contemplado por essas faces, “levitando” em meio à natureza. As paredes revestidas em carvalho perpassam todos os ambientes internos e escondem armários embutidos – criando uma das soluções que mais colabora para manter as linhas puras da casa. Contrapondo com a madeira estão o couro e o piso de granito, que se estende por toda a parte interna.

Cozinha

 Foto: MCA Estúdio
Foto: MCA Estúdio
Assim como a própria casa, a cozinha também contrapõe dois momentos: a parte técnica, que se esconde atrás do volume de madeira, e de acolhimento, criando um ambiente de convivência agregado pelo grande balcão de madeira rústica.

Piscina

A piscina no andar superior também nasceu no primeiro insight do projeto, pensando em valorizar a convivência com a natureza ao redor. Funcionando como uma escultura, ela fica suspensa e tem bordas infinitas, revestidas com pedra vulcânica preta – seguindo a proposta de usar materiais naturais.

Jardim

 Foto: MCA Estúdio
Foto: MCA Estúdio
O paisagismo foi assinado pelo arquiteto Alex Hanazaki, e dialoga com a valorização da topografia pensada por Torres. Ao mesmo tempo em que havia uma grande área de jardim, grande parte dela estaria coberta pela própria casa suspensa, com pouca incidência solar – o que dificultaria a manutenção das plantas. “Então eu optei por criar um jardim árido, ressaltando as curvas de nível do terreno com um desenho bem arquitetônico e contemporâneo, com linhas de concreto”, detalha. Na prática, essas linhas formam degraus, preenchidos com pedra de brita, que levam até a parte mais elevada do terreno. Ao mesmo tempo, a mata já existente também foi preservada, valorizando seu aspecto orgânico.

Área gourmet

Na parte externa e inferior da casa, o jardim e a área gourmet são conectados e conversam com a topografia do terreno. Foto: MCA Estúdio
Na parte externa e inferior da casa, o jardim e a área gourmet são conectados e conversam com a topografia do terreno. Foto: MCA Estúdio
Compondo com o jardim está a área gourmet. A parte externa conta com um living, integrando uma churrasqueira de fogo de chão embutida dentro de um espelho d’água que dá a volta no jardim.“Essa água vai descendo por todo o terreno, criando como um riacho em cascata, acompanhando o desnível”, complementa Hanazaki. “É um jardim com ares futuristas, no qual eu represento elementos da natureza, como o desenho da topografia e o desenho de um rio, de uma forma moderna e arquitetônica”.

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