Arquitetura

Imperatriz das cores, arquiteta franco-iraniana cria espaços deslumbrantes; conheça

Aléxia Saraiva
20/03/2019 12:00
Thumbnail

Icônico projeto do restaurante londrino The Gallery at sketch, de 2014. Fotos: Rob Whithrow, costersia de India Mahdavi

India Mahdavi é conhecida por esbanjar cores com maestria. Projetos de interiores assinados por ela levam no mínimo cinco tonalidades, e não raro chegam a dez. Isso porque cores não são um mero elemento que integram uma composição: são sua própria linguagem.
Esse é o real idioma materno de uma arquiteta poliglota que nasceu no Irã e passou a infância morando nos Estados Unidos, na Alemanha e na França — onde atualmente reside e trabalha, além de ser onde teve boa parte de sua formação em arquitetura.
Levam sua autoria interiores de hotéis, restaurantes, residências e lojas, que se espalham por países como México, Austrália, Egito e Inglaterra. Entre os projetos, estão lojas Ladurée, Givenchy e Louis Vuitton. Sua assinatura também não vê fronteiras, e se encontra em diversas linhas de mobiliário e exibições cenográficas.
Com seu estilo autoral tão próprio, já foi citada dezenas de vezes em listas dos nomes mais influentes de sua área. Entre os prêmios recebidos, estão o Experts’ Choice Award e o Best of London Award / TripExpert, ambos concedidos, em 2018, a um de seus projetos mais emblemáticos: o restaurante The Gallery at Sketch, em Londres.
Seu trabalho é influenciado pela sua infância cosmopolita? Você identifica alguma herança do seu país de origem?
Sim. Meu trabalho está ligado à minha infância cosmopolita, mais precisamente às minhas primeiras memórias em cores na América da metade dos anos 1960. E, para além de meus países de origem – o Irã e o Egito – a dimensão policromática e poliglota constitui o DNA do meu trabalho e da minha vida.
De onde vem sua proximidade com as cores? A quais fatos você justifica a sua identidade ser tão vibrante?
Eu vivo na cor e para a cor. A cor não é próxima: ela é minha linguagem. Ela é a expressão da felicidade, da alegria de viver que eu procuro transmitir.
Você tem cores favoritas, ou alguma com a qual tem mais afinidade?
É verdade que frequentemente me associam ao rosa, sem dúvida por causa do sucesso do projeto The Gallery at Sketch, em Londres. Mas eu gosto de todas as cores. Mais do que isso: eu gosto de brincar com elas, de criar surpresas.
Vivemos em um mundo de globalização de tendências, com feiras de decoração que ditam influências unânimes para vários países. Até que ponto a identidade local precisa estar presente nesse contexto?
A identidade local é o último luxo face à banalização, à generalização dos modelos standard. Eu a defendo sempre, como foi no projeto em Siuá [oásis no Egito], onde eu usei recursos locais para redefinir uma tradição.
Ao longo da sua formação e vida profissional, você enfrentou dificuldades por ser mulher? Se sim, quais?
Na verdade, eu sinto que sempre é necessário lutar, mas eu não sei se isso está ligado ao fato de ser mulher – ou ao de não pertencer a qualquer sistema. Eu sempre reivindico a minha independência.
Imaginary Architecture.
Imaginary Architecture.
Você sente que seu meio é majoritariamente masculino ou acredita que, atualmente, há uma igualdade de possibilidades para ambos os gêneros?
Esse é um meio muito masculino, sobretudo porque se tratam de grandes projetos e grandes interesses financeiros. A maior parte dos atores desta profissão são homens — investidores, banqueiros, construtores.
É por isso que eu mantenho um respeito infinito por Zaha Hadid, que se impôs como uma das figuras mais importantes do mundo da arquitetura, e por Maja Hoffmann, empresária e colecionadora de arte, com quem eu tive a chance de poder trabalhar.
Quais profissionais são suas principais referências?
[O arquiteto e designer italiano] Gio Ponti, [o designer italiano] Ettore Sottsass, [a arquiteta e designer francesa] Charlotte Perriand e, mais recentemente, [a designer italiana] Patricia Urquiola.
Você tem influências brasileiras?
Eu amo o Brasil. Eu tive a chance de passar um verão no país. Fiquei encantada com o Rio de Janeiro, Trancoso, Inhotim – mas ainda tenho tanto para ver e para descobrir…
Sou fã de Oscar Niemeyer, Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, e Tunga. Fiquei maravilhada pelo tanto de artesanato e aprendizado do país, uma maravilha…
Imaginary Architecture.
Imaginary Architecture.
Você tem planos de realizar algum projeto no Brasil?
Estou esperando uma proposta! Eu gosto muito do Brasil, justamente por essa alegria colorida de viver que me é tão cara.
Existe algum tipo de projeto ou ideia que você ainda sonha fazer?
Um filme, um filme, um filme!

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!