Hello Wood Argentina 2020
Arquitetura
Inspirado na capoeira, pavilhão brasileiro é destaque em tradicional festival de arquitetura de madeira
Pavilhão Ginga foi a única construção brasileira entre as 10 arquiteturas experimentais da Hello Wood Argentina 2020. | Guilherme Schmitt/Divulgação
Quatro arquitetos de Curitiba, capital do Paraná, foram os únicos profissionais brasileiros escolhidos para participar da edição latino-americana do tradicional festival de arquitetura de madeira, o Hello Wood 2020, na Argentina. Giovanna Taques, Guilherme Schmitt, Victor Escorsin e João Vitor Sarturi tiveram o projeto Ginga escolhido a dedo pelo curador Jaime Grinberg, um dos grandes arquitetos argentinos.
Das centenas de projetos inscritos, apenas 10 foram selecionados. A principal diretriz era abordar o conceito de sobreposição e utilizar apenas 1 km de madeira - com barrotes de 3 metros de 4,5 cm x 4,5 cm - na construção. O pavilhão da equipe brasileira foi inspirado pelo gingar, o movimento básico da capoeira, que está intimamente ligado à ideia de movimentar-se de uma forma harmoniosa, nunca sozinho, em roda, em uma constante troca entre os indivíduos.
"A abordagem ao tema partiu do entendimento que interagimos com duas esferas de camadas: as interpessoais e as virtuais. As camadas interpessoais são aquelas a partir das quais nos formamos como indivíduos: a cultura, as experiências, os sucessos e fracassos, as crenças e línguas", explica um dos autores do projeto, o arquiteto Victor Escorsin.
"Ao mesmo tempo, as camadas virtuais constituem e organizam o espaço vivido: paralelos e meridianos, fronteiras, limites, o desenho urbano e os eixos construtivos, alguns dos quais se fazem tangíveis através da materialização de um edifício, por exemplo. Ao mesmo tempo, as que permanecem intangíveis, continuam a influenciar diretamente o todo."
Com o piso monolítico suspenso por 180 metros cabos de aço, o chão se movimenta de forma livre e horizontal em todas as direções, causando interações inesperadas e espontâneas entre os ocupantes e o coletivo do espaço.
Escorsin conta ainda que a equipe escolheu inserir uma luminária no centro para despertar a curiosidade e criar dinâmicas de uso na área. "Ela é vermelha para não agredir os olhos, para chamar atenção e para que não atraia mosquitos, já que era uma área de campo", esclarece.
Ao todo o espaço ficou com 73 m² e a construção contou com a ajuda dos estudantes: Demian Miguel Rached, Ezequiel Javier Villani, Florencia Renata Lombardozzo, Juan Agustin Fernandez, Julia Martinez Rainero, Luisina Sosa, Marco Felipe Parra Gómez, Matilde Dal Maso, Sofía Magdalena de Sousa Matías e Valentina Zuluaga.