Arquitetura

Instituto cria bolsa de 9 mil euros para reduzir desigualdade na arquitetura

Aléxia Saraiva
22/10/2018 18:26
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A arquiteta Lilly Reich. Foto: divulgação

Uma das mais tradicionais instituições da área de arquitetura da Espanha concedeu, no último dia 16 de outubro, sua primeira bolsa criada com o objetivo de combater a desigualdade na arquitetura. A fundação espanhola Mies van der Rohe, criada em Barcelona em 1983, lançou em 2018 a bolsa Lilly Reich como forma de dar mais visibilidade ao trabalho de arquitetos cujas contribuições foram esquecidas, ou que sofreram discriminação por condições pessoais. O concurso também busca promover o acesso à igualdade de oportunidades na prática da profissão.
A premiação leva o nome da arquiteta Lilly Reich Grant em reconhecimento ao seu legado arquitetônico. Reich foi parceira artística de Ludwig Mies van der Rohe em projetos arquitetônicos e de interiores. Um dos destaques da carreira da dupla foi o Pavilhão Alemão realizado para a Feira Internacional de Barcelona em 1929 — projeto no qual, segundo a fundação, a arquiteta foi “relegada a segundo lugar, se não inexistente, na história e na memória desta obra-prima na história da arquitetura”.
Pavilhão Alemão desenhado por Lilly Reich Grant e Mies van der Rohe para a Feira Internacional de Barcelona. Foto: reprodução/Fundació Mies van der Rohe
Pavilhão Alemão desenhado por Lilly Reich Grant e Mies van der Rohe para a Feira Internacional de Barcelona. Foto: reprodução/Fundació Mies van der Rohe
Nesta primeira edição, a bolsa será excepcionalmente destinada ao estudo do trabalho da própria Lilly Reich, “buscando divulgar essa importante figura na história da arquitetura”, como afirma o edital da fundação. A vencedora do concurso em 2018 foi a historiadora Laura Martínez de Guereñu, com o projeto “Re-encenação: o trabalho de Lilly Reich ocupa o Pavilhão de Barcelona”. À pesquisadora são destinados 9 mil euros (cerca de R$ 37 mil), investidos na execução do projeto.
Laura Martínez, vencedora da primeira bolsa Lilly Reich. Foto: Eva Guillamet/divulgação
Laura Martínez, vencedora da primeira bolsa Lilly Reich. Foto: Eva Guillamet/divulgação
Na cerimônia, a presidente da Fundação Mies van der Rohe Janet Sanz afirmou que colocar o nome de Lilly Reich à frente da bolsa é uma obrigação, além de uma dívida histórica a ser paga. “Queremos contribuir com esse grão de areia para corrigir a desigualdade das mulheres e sua invisibilidade”, afirma Sanz.
Quem compôs o júri que selecionou a vencedora foram Inés Sánchez Madariaga, diretora da Cátedra UNESCO de Gênero e professora de urbanismo na Universidade Politécnica de Madrid; Wolf Tegethoff, historiador de arte alemão, especialista em Ludwig Mies van der Rohe e Christiane Lange, tutora do Departamento de Arquitetura da Universidade de Hong Kong. A Fundação Mies van der Rohe tem como objetivo gerar debates e pesquisas sobre a arquitetura moderna e contemporânea para quebrar paradigmas sobre identidades, inclusão social e sustentabilidade.

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