Arquitetura

Japão investe R$ 100 milhões em espaço cultural na Avenida Paulista

HAUS e Agência RBS*
16/05/2017 17:30
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Japan House, na Avenida Paulista, foi inaugurada no começo de maio. Recebeu um aporte de R$ 100 milhões do governo japonês. Fotos: Rogério Cassimiro/Divulgação

O endereço é dos mais nobres do país, a Avenida Paulista, no cruzamento com a Rua 13 de Maio, no coração de São Paulo. E a construção faz jus ao espaço. A Japan House, inaugurada no início de maio, tem um objetivo: apresentar ao Brasil um Japão contemporâneo, diferente daquele que as primeiras levas de imigrantes trouxeram para o Brasil – e que, como representação estagnada no tempo, segue sendo a referência dos brasileiros do que seria o país do extremo Oriente.
Interior da Japan House, espaço que recebeu investimento do governo japonês e pretende divulgar a cultura, arte, design do país oriental, além de promover intercâmbio de negócios.
Interior da Japan House, espaço que recebeu investimento do governo japonês e pretende divulgar a cultura, arte, design do país oriental, além de promover intercâmbio de negócios.
Ao custo de R$ 100 milhões em uma iniciativa do governo japonês, o espaço combina arte, cultura, gastronomia, estilo de vida, tecnologia e negócios. Outras duas metrópoles do mundo, Londres e Los Angeles, receberão espaços parecidos.
“Inauguramos um marco fértil na relação entre o Brasil e o Japão e um novo modelo de instituição de intercâmbio cultural. Seremos um braço estendido para colaborar com toda troca que beneficiará as duas nações”, explica Angela Hirata, presidente do empreendimento.

Conheça o projeto

Fachada da Japan House, espaço recém-inaugurado na Avenida Paulista.
Fachada da Japan House, espaço recém-inaugurado na Avenida Paulista.
O projeto é do escritório FGMF Arquitetos, liderado pelo trio Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, em parceria com o renomado arquiteto japonês Kengo Kuma. A Japan House foi instalada em um prédio antigo, que recebeu um retrofit.
Detalhe da fachada coberta com encaixes de réguas de hinoki, madeira japonesa resistente.
Detalhe da fachada coberta com encaixes de réguas de hinoki, madeira japonesa resistente.
Na casa de 2,5 mil metros quadrados Kengo Kuma imprimiu sua marca registrada: o uso de materiais naturais em releituras de técnicas e elementos tradicionais das construções de seu país de origem, a começar pela fachada construída pelo encaixe de réguas de hinoki, uma madeira nipônica resistente – a resistência, aliás, é uma característica marcante do povo japonês.

Espaços

No segundo andar, um restaurante em que o cream cheese não chega perto do sushi divide espaço com exposições selecionadas pelo curador Marcello Dantas. A primeira dessas mostras é sobre o bambu, recurso natural renovável e sustentável que existe em abundância no Brasil, embora seu potencial não seja totalmente explorado pelos ocidentais.
Espaços internos da Japan House.
Espaços internos da Japan House.
“O bambu não é um ícone de identidade para o Japão como o é a folha de maple para o Canadá, por exemplo. Mas tem uma presença silenciosa, de respeito, de que nem os japoneses se dão conta. Assim como eles, o bambu é forte, resiliente, e carrega consigo uma força e uma espiritualidade. E não é estrangeiro ao Brasil. A diferença é que, enquanto o Japão tem cerca de 5 mil usos catalogados do bambu, o Brasil tem, a rigor, um só: a vara de pescar”, conta Dantas.
Somam-se a isso um salão para eventos e workshops (ajudando a fomentar contatos, conhecimento e novos negócios), um café com doces japoneses, espaço multimídia com cerca de 1,9 mil livros de assuntos que variam de viagens a crianças e duas lojas.
Uma exposição sobre bambu é um dos destaques da Japan House.
Uma exposição sobre bambu é um dos destaques da Japan House.
A estrutura circular de bambu que fica logo na entrada do estabelecimento chama muita atenção. Após tirar os sapatos, conforme manda a tradição, o visitante pode entrar na inesperada sala de cinema e se deitar no tatame para assistir ao longa-metragem de animação O Conto da Princesa Kaguya, cedido pelo Studio Ghibli (o mesmo do premiado A Viagem de Chihiro), projetado diretamente no teto. A entrada na Japan House é franca – são cobrados apenas os workshops.
Só no primeiro fim de semana, a Japan House atingiu a marca de 7,3 mil visitantes e levou brasileiros ao Parque Ibirapuera para assistir a dois gigantes da música japonesa – Jun Miyake e Ryuichi Sakamoto, que compôs um álbum inteiro na casa de seu ídolo Tom Jobim. Os números mostram que o  empreendimento não parece estar tão longe de alcançar o seu objetivo: fazer o visitante se sentir um pouco mais perto do Japão do século 21.
*Jéssica Nakamura, RBS

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