Arquitetura

Uma visita aos halls de prédios modernistas de Curitiba

Priscila Bueno
25/05/2016 01:00
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Vão aberto e mural de azulejos assinado pelo artista Franco Giglio levam às entradas principais do prédio Brasílio de Araújo. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Em um passeio pelos halls de edifícios antigos em Curitiba, uma coisa é fato: as principais características do movimento modernista estão lá. Acessos bem marcados, amplitude e funcionalidade. Eles marcam uma época de valorização do espaço. Pés-direitos altos, grandes vãos abertos, blocos escondidos e licença estética de cobogós e azulejos.
Edifício Panorama, de José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto, Vicente de Castro e Orlando e Dilva Busarello.<br>Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Edifício Panorama, de José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto, Vicente de Castro e Orlando e Dilva Busarello.<br>Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Nesse cenário vale ressaltar o esforço de algumas pessoas em manter, pelo menos, parte das características originais desses halls que contam cerca de quatro décadas. Um exemplo é a síndica do edifício Brasílio de Araújo, Laura Ferrari Viana, há 11 anos no posto. O prédio, construído em 1966 na Rua Visconde de Nácar, tem uma entrada imponente. Um vão aberto e um mural de azulejos assinado pelo artista Franco Giglio levam às entradas principais do edifício (são dois blocos com 96 apartamentos). No hall do bloco A, o piso em mármore Paraná divide a atenção com os lustres da época. A entrada do bloco B foi reformulada.
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Curityba
Em outra parte da cidade, ao lado do Passeio Público, o edifício Maurício Thá foi idealizado pelo ícone da arquitetura moderna, Elgson Ribeiro Gomes. Construído em 1969, ele conserva o hall praticamente intacto. Reinam ali o pé-direito alto, um mezanino, o revestimento em mármore e cobogós que vão até a garagem.
No edifício Maurício Thá, de Elgson Ribeiro Gomes, cobogós decorativos.<br>Fotos: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo
No edifício Maurício Thá, de Elgson Ribeiro Gomes, cobogós decorativos.<br>Fotos: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo
O síndico Paulo Henrique Leme também tem uma história de amor pelo edifício. Morador há mais de 20 anos, ele conta que sua família adquiriu um dos 36 apartamentos logo que o prédio foi construído. “Lembro que quando eu vinha visitar a minha vó, me encantava com o hall que tinha duas entradas.”
Também de autoria de Elgson Ribeiro Gomes, o edifício Provedor André de Barros, na Praça Osório, guarda uma surpresa. Muita gente não sabe, mas o prédio tem dois blocos que se interligam apenas pela garagem e pelo 20º andar. Nos últimos 11 anos, época que Zacaria Ali Samada assumiu o prédio como síndico, houve uma intervenção nos halls. A entrada do número 205 é a mais original. A parede esquerda continua sendo em mármore. Até a placa da construtora Gutierrez Paula Munhoz continua lá. Ao fim do corredor, uma foto em preto e branco mostra a “Curityba” do século 20.
O hall do prédio Provedor André de Barros, na Praça Osório, guarda uma foto da Curitiba antiga.<br>Henry Milleo / Gazeta
O hall do prédio Provedor André de Barros, na Praça Osório, guarda uma foto da Curitiba antiga.<br>Henry Milleo / Gazeta
Nova lei
O arquiteto e urbanista Guilherme Macedo, do Estúdio Coletivo e um dos organizadores do projeto Prédios de Curitiba, que documenta e pesquisa a história dos edifícios, conta que muitas vezes a preservação da originalidade dessas edificações é de iniciativa popular.
Apesar de guardarem características de uma Curitiba antiga, se esses imóveis não forem tombados, não há proteção ou incentivo por parte dos governos municipal e estadual para que permaneçam assim. Ana Márcia Matos Gonzalez, presidente da Comissão de Avaliação Patrimonial de Curitiba, conta que a Lei de Proteção do Patrimônio Cultural de Curitiba (que pode ser regulamentada até o final de junho), deve incluir prédios que estão no rol da arquitetura moderna. Ela frisa, no entanto, que ao realizar qualquer reforma, a prefeitura deve ser informada pelo responsável do imóvel.

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