Realizada desde 2014, a mostra-boutique Modernos Eternos São Paulo precisou readequar sua 7ª edição por conta das restrições impostas pela pandemia da Covid-19. Pela primeira vez, a exposição acontece em um ambiente 100% digital, que tem a Casa Modernista da Rua Bahia, de Gregori Warchavchik e tombada pelo governo de São Paulo, como cenário.

São 47 ambientes, assinados por profissionais de 11 estados brasileiros, além de quatro do exterior, que fazem referência aos grandes mestres do modernismo, tema do biênio 2020/2021 do evento, ao destacar a arquitetura do imóvel e peças de design assinado em uma roupagem contemporânea.

A mostra segue em cartaz até o próximo dia 7 de outubro. Conheça abaixo alguns dos projetos e confira todos os ambientes no site da Modernos Eternos.

A inspiração modernista é a base do projeto assinado por Patricia Marinho e Manuèle Colas, que mescla funcionalidade e conforto ao ambiente que responde à múltiplas possibilidades de uso. Logo na entrada, destaca-se o painel em azulejos de Noel Marinho, com desenho-matriz de Mario Pedrosa. O geometrismo também está presente no tapete, com desenho-matriz de Jorge Moreira, sendo ambas as peças inéditas. No mobiliário e iluminação, designs brasileiros assinados por Jorge Zalszupin e Lina Bo Bardi dividem a atenção com peças de gigantes do design mundial, como a B&B Itália.

A sala de estar assinada pelo arquiteto Marcos Bertoldi reforça internamente o conceito da caixa branca que caracteriza a parte externa do imóvel. Assim, da preservação dos tetos e paredes na cor, o piso também foi pintado de branco. A organização espacial do cômodo se dá de forma assimétrica a partir do sofá curvo de Paolo Castelli. Também compõem o mobiliário edições de clássicos modernistas brasileiros, como as mesas lateral Warchavchik e de centro Aranha. A iluminação foi pensada de forma a contar a história do design e exalta a Bubble Pendant, de George Nelson – Fritz Hansen para Atec, e a Taccia, de Achile Pier Castiglioni para a Flos.

A árvore de pau ferro, datada de 1930, é o centro do jardim projetado por Carla Oldemburg. No entorno dela, foram pensadas soluções que dão movimento ao espaço, como o muro com volumes, que traz vasos agigantados e peças reutilizadas de aço corten com base para a sustentação das espécies, muitas delas PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). A sustentabilidade e a interatividade com o meio ambiente aparece no reuso da água da chuva nas fontes que fluem desses encaixes, nas tintas produzidas com vários tipos de terra, plantas e insumos orgânicos sem defensivos ou agrotóxicos e na reutilização de espécies já existentes no jardim.

Um dos pontos focais do ambiente assinado por Stella Crissiuma e João Rangel Crisssiuma, a banheira em jade verde é original do imóvel, assim como o piso em granilite na mesma cor, só que em tom mais claros, em um resgate de elementos arquitetônicos originais da casa. Para compor com eles, as paredes trazem revestimento cerâmico em outra tonalidade da cor, que aparece também no pendente com desenho de Lina Bo Bardi. O toque moderno recebe, ainda, penteadeira e banqueta com desenho original de Jorge Zalszupin pela Etel.

Sem deixar de referenciar o modernismo, o projeto de Thiago Manarelli e Ana Paula Guimarães, do escritório Manarelli Guimarães, insere uma linguagem atual ao terraço de 70 m². Fazem parte dela a escolha de poucos, mas expressivos móveis e objetos de decoração, que compõem uma decoração clara, limpa e leve, mas nem por isso menos impactante. Contribui para isso a parede em taipa, técnica tradicional das construções brasileiras, trazendo sua textura típica para um espaço atual.

Estrela em tempos de pandemia, o home office também aparece na mostra - e em mais de um projeto. Um deles é o assinado pela Mestisso Arquitetura, que "invadiu" a antiga sala da lareira da casa, em uma proposta flexível e moderna. O uso de cores primárias dão a base da ambientação e aparece, principalmente, mas paredes, que ganharam pinturas coloridas em formas geométricas básicas.

Um espaço de aconchego e relaxamento. Esta é a proposta do projeto assinado por Ana Weege. Funcionando quase como uma área de circulação na casa, o Offline Lounge convida os passantes para uma pausa. Emoldurado pelas grandes aberturas em vidro, o espaço conta com decoração que apresenta texturas, materiais e cores leves, com destaque para o piso em paginação nas cores branca e preto.

João Mansur Matheus Garcia trouxe a atmosfera "cozy" para o seu lounge room. Com paredes e teto revestidos em veludo com tons vibrantes, que traz calor e aconchego ao espaço, o ambiente tem piso em tábuas de carvalho alemão paginadas em forma de um grande losango. A lareira clássica foi revestida com espelhos na cor prata, contrapondo a proposta moderna aos elementos clássicos que ambientam o cômodo, como o biombo chinês do século 18 e a mesa de centro datada de 1970.