Arquitetura

Módulos autônomos, apartamentos ‘parasitas’ e outras soluções para o futuro da habitação

Daliane Nogueira
10/09/2018 19:35
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Fotos: Divulgação

Repensar a vida urbana tem sido uma tarefa das mais árduas para arquitetos do século 21. A densidade das metrópoles, o aumento da população e os recursos que vão se tornando escassos desafiam as propostas, que precisam responder com tecnologia e inventividade.
Uma das criações mais recentes é a de Florian Marquet, arquiteto de Xangai, que divulgou uma proposta de espaços móveis autônomos. Com o nome de org, o projeto tem como objetivo oferecer um modelo mais equilibrado para a vida urbana.
O sistema modular foi pensado para uma variedade de necessidades e programas podendo ser usado de unidades para agricultura e cozinhas a áreas de trabalho flexíveis e dormitórios.
O org quando fabricado efetivamente seria fácil de montar e personalizar. Nas palavras do arquiteto “as unidades modulares dariam aos residentes urbanos a oportunidade de viver dinamicamente em uma cidade.”
Cada unidade serviria como um sistema de compartilhamento conectando os ocupantes ao espaço urbano. Compartilhado e reciclável, o projeto contaria com unidades eficientes em termos energéticos, disponíveis em diferentes dimensões.
“Ter uma casa móvel é certamente parte do nosso futuro e um lar do futuro precisa fazer parte do processo dinâmico que conecta o humano e a tecnologia, em vez de separá-los um do outro”, aponta Marquet.

Casas “parasitas”

A região às margens do rio Sena, em Paris, está entre os endereços mais caros do mercado imobiliário do mundo. Os terrenos escassos e a necessidade de acomodar cada vez mais pessoas — hoje são mais de 2,2 milhões de habitantes para os “minguados” 105 km² da capital francesa –, faz com que arquitetos busquem soluções criativas.
O escritório de Stéphane Malka deu vida ainda em 2016 ao projeto 3BOX, que são moradias construídas como anexos nos telhados de prédios, comportando-se de maneira parecida às espécies parasitas que se fixam em árvores ou animais. Por ser um sistema modular, as “casas parasitas” podem ser ampliadas caso a família venha a necessitar de mais espaço.
Essas unidades habitacionais são possíveis graças à Lei Alur, que busca melhorias no acesso à habitação na cidade por meio do controle nos preços de aluguel e incentivo à construção de casas acessíveis.
Os proprietários dos prédios que cedem seu terraço para a construção desses anexos recebem em troca melhorias e reformas no imóvel. São feitos reparos na fachada, troca de elevadores e esquadrias, entre outros.
“Construir em cima de telhados não é apenas uma solução ecológica e econômica, que está trabalhando contra a expansão urbana que mata a ligação social. É também uma forma contemporânea para descobrir novas perspectivas da cidade, uma nova Paris acima do horizonte”, defende Malka.
As 3BOX já instaladas por lá foram comercializadas por um valor cerca de 40% menor do que as convencionais, já que não há custos com loteamento e a construção é modular. O custo para um espaço (bem generoso) de 180 metros quadrados é de cerca de 700 mil euros (cerca de R$ 2,7 milhões).
Para os padrões brasileiros o valor não parece nada acessível, porém um apartamento na mesma região de Paris, custa perto de 10 mil euros o metro quadrado, ou seja, um imóvel com a mesma metragem custaria aproximadamente 1,8 milhão de euros.

Colmeia gigante

Nem todas as ideias partem da cabeça de arquitetos. É o caso do projeto da agência de publicidade Framlab, fundada pelo designer norueguês Andreas Tjeldflaat. Ele desenvolveu um projeto que propõe uma solução para a crescente população sem-teto de Nova York. Trata-se de uma estrutura parecida com uma colmeia instalada na parede lateral de um prédio que, à primeira vista, parece uma obra de arte urbana. Dentro dos módulos hexagonais tridimensionais, no entanto, encontram-se pequenas unidades habitacionais.
Os módulos podem ser adaptados às necessidades e desejos do residente. O espaço diminuto pode receber móveis e equipamentos tecnológicos especialmente criados para a perfeita integração ao local, garantindo o conforto e segurança do morador. As unidades podem abrigar diferentes tipos de cômodos, como um quarto com área de estudo, por exemplo.
O projeto permitiria a criação de comunidades de habitação que poderiam ser realocadas e expandidas com rapidez e facilidade nas paredes cegas de edifícios. Os módulos propostos pela Framlab, que tem sede em Nova York e Oslo, são impressos com tecnologia 3D a partir de bioplástico reciclado, o que garante uma montagem ecológica e econômica.
“Enquanto o exterior é revestido por alumínio oxidado, o interior oferece um ambiente agradável e amigável”, informa o estúdio. Os designers responsáveis pelo projeto admitem que a proposta não seria capaz de resolver sozinha a crise da população sem-teto. “A enorme extensão e complexidade da situação requer trabalho em um nível de regulamentação e elaboração de políticas. Mas é fundamental que a comunidade de design seja parte do processo.”
De acordo com a agência uma parede de 15 por 21 metros poderia hospedar até 95 unidades hexagonais. Durante a noite, o mosaico urbano ainda poderia servir como uma tela para a apresentação de arte digital, informações públicas ou publicidade. Parece bastante viável e inteligente.
Fotos: Divulgação
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