Arquitetura

Morre Carlos Ceneviva, o pai da rede integrada de transporte de Curitiba

Luan Galani
05/01/2020 15:27
Thumbnail

Foto: Arquitetos da Revolução/YouTube/Reprodução

Faleceu na manhã deste domingo (5) o arquiteto Carlos Eduardo Ceneviva, 82 anos, considerado o pai da rede integrada de transporte de Curitiba. A causa da morte não foi divulgada. O velório será nesta segunda-feira (6) às 10h na Capela Vaticano. O sepultamento será na terça-feira (7) no Crematório Vaticano, em Almirante Tamandaré.
Nascido em Catanduva, interior de São Paulo, o arquiteto foi criado em Londrina, no interior do Paraná, e viveu a maior parte de sua vida na capital paranaense, onde integrou a equipe de trabalho de Jaime Lerner na cidade desde 1970. Tornou-se referência mundial em mobilidade urbana, defendendo soluções de baixo custo e alta performance. Foi presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba de 1979 a 1980.
Vista noturna do centro de Curitiba. Na foto rua presidente Faria, canaleta do onibus biarticulado e estação central - transporte coletivo
Vista noturna do centro de Curitiba. Na foto rua presidente Faria, canaleta do onibus biarticulado e estação central - transporte coletivo
Ceneviva foi responsável pelo fechamento dos terminais e pela implantação da tarifa única. Em 1989 presidiu a Urbs, tendo  encaminhado o processo de incremento da Rede Integrada, com a implantação, em 1991, das Linhas Diretas (Ligeirinhos) e estações-tubo fora das canaletas. Em 1992, implantou os biarticulados no eixo Boqueirão, e em 1995, no eixo Norte-Sul. Essas obras contaram com investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dentro de um pacote que, além da inovação no transporte, dotou a cidade com as primeiras ruas da cidadania, os núcleos descentralizados de serviços públicos.
Até meados dos anos 2000, o arquiteto desenvolveu estudos e projetos de mobilidade no Brasil e exterior. De volta a Urbs, em 2005, foi um dos responsáveis pela elaboração do anteprojeto de ultrapassagem nas canaletas do expresso que culminou com a implantação do Ligeirão, primeiro no eixo Boqueirão, e mais recentemente no eixo Norte-Sul. Retornou ao Ippuc em 2017 e permaneceu até o início de 2018 no suporte a novos projetos de transporte.
“Alma gentil, tímido e humilde, parecia não se dar conta da dimensão de sua obra. Só após alguma insistência é que se dispunha a falar de sua notável trajetória , mas não era necessário qualquer esforço para extrair dele sugestões e considerações sobre o transporte urbano, generoso que era com a ideia de melhorar a qualidade das nossas cidades”, escreveu em homenagem pública neste domingo (6) o arquiteto Jaime Lechinski, que faz parte do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados. “Como nas pipas que gostava de criar e tão bem sabia empinar, ou na sinuca que jogava com mestria, Ceneviva sabia dos movimentos da cidade, seus caprichos, seu timing, suas demandas e vocações.”
“A arquitetura perde. Poucos arquitetos contribuíram tanto sem receber glórias. Assim foi Carlos Eduardo Ceneviva. Sempre o admirei muito”, lamenta a arquiteta Rosina Parchen, que por décadas chefiou o patrimônio cultural do estado do Paraná.
“Lá nos idos anos de 1970, o mundo só conhecia o transporte por metrô. O transporte com ônibus foi criado aqui. Se não fosse o Ceneviva, nosso sistema de transporte não seria como é hoje. Ele foi chave“, conta o arquiteto Osvaldo Navaro, que trabalhou intimamente com Ceneviva.

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!