Arquitetura

Morre um dos arquitetos que construiu o “prédio da Telepar” e outros ícones de Curitiba

Sharon Abdalla
24/04/2018 20:49
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Foto: Arquivo/Henry Milléo/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Faleceu nesta segunda-feira (23) aos 75 anos, vítima de parada cardíaca, o arquiteto e urbanista Luiz Augusto de Araujo Amora. Co-autor de projetos que estão entre os ícones de Curitiba e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por 25 anos, o profissional foi enterrado na tarde desta terça-feira (24) no Cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba, após receber homenagens de amigos, familiares e ex-alunos.
“Muitos ex-alunos e colegas estão com o sentimento de perda neste momento, mesmo sabendo que este é o curso natural das coisas. O tempo vai passando e nós vamos perdendo essas referências importantes não só de ordem pessoal e profissional, mas também em relação à memória da arquitetura de Curitiba e do próprio curso da UFPR”, destaca Paulo Chiesa, arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da universidade.
O professor Amora, ou Lizau, como era carinhosamente chamado pelos amigos, iniciou a carreira docente em 1971, na UFPR, onde também concluiu a graduação em Arquitetura e Urbanismo como melhor aluno da turma. Nela, era professor da cadeira de Composição I (quase uma anatomia para os médicos, como ilustra Chiesa), na qual lecionou até a aposentadoria, em 1996.
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“Como professor, o Lizau era muito divertido e aberto às novas ideias. E era um camarada extremamente rápido nas definições dos projetos. Tem um prédio dele em frente à prefeitura [de Curitiba], todo de vidro e onde funcionou uma antiga agência do Banestado, que ele fez e detalhou o projeto em uma semana, e em uma época que não tinha computador, na qual tudo era feito no papel vegetal”, lembra o arquiteto Sérgio Póvoa Pires, ex-presidente do Ippuc, ex-aluno e ex-estagiário de Luiz Augusto Amora no escritório que ele mantinha em sociedade com Lubomir Ficinski Dunin, um dos criadores do sistema de transporte sobre as canaletas exclusivas com ônibus expresso de Curitiba falecido junho de 2017.
Foto do edifício Araucária . Local: Centro .
Foto do edifício Araucária . Local: Centro .
Junto com ele, Amora participou de projetos icônicos na cidade, como o prédio da Telepar (Palácio das Telecomunicações Presidente Arthur da Costa e Silva), nas Mercês, e o Edifício Araucária, que se destaca no cenário da Rua Treze de Maio por sua coloração amarela, janelas ritmadas e estrutura pré-fabricada, novidades na década de 1960, período em que foi construído.

Vida acadêmica

“Depois de um tempo, o Lubomir e o ‘Lizau’ [desfizeram a sociedade] e [Amora] manteve um escritório. Mas acabou deixando-o para se dedicar à educação, à formação das pessoas. Ele pensava que fazia melhor isso do que arquitetura, do que a gente discorda. Ele fazia bem os dois”, conta Pires.
No final da década de 1980 e início dos anos 1990, Amora cursou mestrado e doutorado e se tornou o primeiro professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR a obter o grau de doutor, pela Universidade de São Paulo (USP), como acrescenta Chiesa.
Tamanha dedicação fez com que o professor Luiz Augusto de Araujo Amora fosse homenageado por inúmeras turmas nas colações de grau do curso, destaca ainda o colega de UFPR. “Perdemos um grande amigo, arquiteto e professor”, resume Pires.

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