Arquitetura

Casinha histórica rosa ao lado do Hotel Pestana ganha vida nova

Vivan Faria*
15/04/2019 11:58
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Construção em estilo neocolonial destaca-se na paisagem urbana. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Utilizar souvenires e artesanato para despertar a curiosidade de quem visita Curitiba para conhecer um pouco mais sobre a história da cidade. Foi essa a ideia da prefeitura ao decidir instalar uma loja da rede #CuritibaSuaLinda dentro do Espaço Cultural David Carneiro, que fica anexo ao centro de convenções do hotel Pestana, no Centro, e preserva a memória do intelectual de mesmo nome e da família Carneiro. A loja foi inaugurada em março, como parte das comemorações pelo aniversário da cidade.
“A intenção é dar maior intensidade ao fluxo de pessoas naqueles espaços, ter gente visitando a loja e observando os produtos. Ao mesmo tempo, haveria aquela curiosidade de saber quem foi, afinal, David Carneiro”, explica a historiadora da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Maria Luiza Gonçalves Baracho.
De acordo com o gerente do Pestana Curitiba, Rodrigo Bassinelli, a mudança deve dar nova vida ao local. “O museu tinha pouca visitação, mas o hotel tem um fluxo de mais de oito mil hóspedes e clientes por mês. Essas pessoas agora têm a oportunidade de aproveitar a loja e conhecer a história do David Carneiro”, diz. Além disso, o gerente ressalta que o comércio também pode atrair visitantes que não estiverem hospedados no hotel.
Loja de souvenirs pretende atrair mais turistas para o local. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Loja de souvenirs pretende atrair mais turistas para o local. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
A loja, que comercializa souvenires e produtos feitos por artesãos da cidade, foi instalada onde antes funcionava uma sala de exposições temporárias, mas não deve interferir na utilização do local como espaço cultural. “A sala que tem uma exposição permanente sobre o David Carneiro se mantém no mesmo espaço. A área que era dedicada às exposições temporárias é onde agora funciona a loja, e as exposições temporárias devem passar para o mezanino”, afirma Maria Luiza.

Revisão do acordo e revitalização

Para que a loja pudesse ser instalada ali, prefeitura e hotel Pestana precisaram rever o acordo que fizeram no fim dos anos 1990 para garantir a preservação da memória de David Carneiro.
À época, o terreno onde então se localizava a residência do intelectual havia sido vendido a um grupo de empresários para construção do complexo de três torres que hoje ocupam o local. Executivo municipal e hotel fizeram, então, um trato: a prefeitura concedia o uso do local em comodato por 99 anos aos empresários e eles não demoliam a fachada da casa – que até hoje se destaca pelo seu estilo neocolonial e a cor rosa – e mantinham um espaço cultural em memória de Carneiro.
Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
A partir da reconfiguração dos espaços, as responsabilidades foram divididas. Administradora das lojas #CuritibaSuaLinda, a Urbs ficou responsável por tudo o que diz respeito à loja e sua manutenção. O memorial e as peças de uso pessoal de Carneiro expostas ali ficam sob responsabilidade da FCC, enquanto a manutenção da parte externa, o que inclui a fachada, deve ser feita pelo Pestana.
Cuidados do dia a dia, como limpeza e troca de lâmpadas, por exemplo, também ficam a cargo do hotel. Por outro lado, a FCC fez a revitalização dos espaços para a instalação da loja. “O local recebeu pinturas novas e cuidados com a iluminação. Foi feita a limpeza dos objetos em exposição e uma organização de todo o material. E também refizemos a linha do tempo que conta a vida do David Carneiro”, enumera Maria Luiza.
Espaço traz exposição<br>permanente de itens que<br>recontam a história de David Carneiro. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Espaço traz exposição<br>permanente de itens que<br>recontam a história de David Carneiro. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Quem foi David Carneiro?

David Antonio da Silva Carneiro é importante personagem curitibano devido a sua dedicação ao resgate e à preservação da histó­ria do Paraná, demonstrada não apenas pela forma­ção como historiador e pela publicação de livros sobre o tema, mas também pelo hábito, mantido desde a infância, de colecionar objetos – o que gerou um riquíssimo acervo de armaria, vestuário e outros objetos, hoje integrado ao acervo do Museu Paranaense.
Nascido em 1904, era filho de um importante industrial do mate do Paraná, o Coronel David Carneiro. Formou-se historiador e engenheiro civil, trabalhou nas empresas da família e, paralelamente, dedicou-se a escrever livros, ensaios e crônicas – históricos ou não. Foi diretor da Escola de Música e Belas Artes e professor na Faculdade de Economia da Universidade Federal do Paraná. Também deu aulas em universidades norte-americanas.
Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A casa

A residência de David Carneiro foi construída no fim da década de 1940 em estilo neocolonial e inspirada no Ramalhete, residência do escritor português Eça de Queiroz. Ela dividia o terreno da esquina das ruas Brigadeiro Franco e Comendador Araújo com um espaço em que Carneiro fez seu museu particular, com salas de exposição, a Capela da Religião da Humanidade e um auditório, no qual aconteciam reuniões positivistas, corrente da qual o intelectual participava.
*Especial para Gazeta do Povo

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