Arquitetura

Museu do Amanhã: a obra-monumento de Santiago Calatrava para o Rio de Janeiro

Gazeta do Povo
18/12/2015 17:00
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Museu do Amanhã faz parte do projeto de revitalização da área portuária do Rio de Janeiro. O projeto é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Fotos: Thales Leite / Divulgação.

O formato surpreendente e imponente do edifício que abriga o Museu do Amanhã, que abre suas portas para o público neste sábado (19), no Rio de Janeiro, nasceu de uma observação da flora brasileira. Durante um passeio no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ainda no início das conversas sobre o projeto, o premiado arquiteto espanhol Santiago Calatrava se deparou com uma bromélia e viu na delicadeza da planta, característica dos países tropicais, o formato perfeito para um museu que se propõe discutir o futuro, as formas de preservar a natureza e como será possível viver bem no planeta nas próximas décadas.
O edifício, construído no Pier Mauá, tem uma cobertura em balanço que avança 75 metros sobre a praça e 45 metros para o mar. O complexo tem ao todo cerca de 30 mil m², com jardins, espelhos d’água, ciclovia e área de lazer.
A construção tem 15 mil m², divididos em dois andares destinados ao público. Além da área expositiva há um auditório para 392 lugares, loja, restaurante, café, espaços educativos e bilheteria. A capacidade estimada de visitantes é de cerca de 11,5 mil por dia.
Museu do Amanhã faz parte do projeto de revitalização da área portuária do Rio de Janeiro. O projeto é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava.<br>Fotos: Thales Leite / Divulgação.
Museu do Amanhã faz parte do projeto de revitalização da área portuária do Rio de Janeiro. O projeto é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava.<br>Fotos: Thales Leite / Divulgação.
Em entrevista ao Archdaily, Calatrava explicou como nasceu o projeto e qual a mensagem que ele apresenta para a cidade. “A ideia é que o edifício seja reconhecido como etéreo, quase flutuando sobre o mar, como um navio, um pássaro ou uma planta. Devido à natureza mutável das exposições, nós introduzimos uma estrutura arquetípica dentro do edifício. Esta simplicidade permite a versatilidade funcional do Museu, capaz de acomodar conferências ou agir como um espaço de pesquisa.”
Para o arquiteto, a cidade do Rio de Janeiro está dando um exemplo ao mundo de como recuperar os espaços urbanos de qualidade através de uma intervenção drástica e a criação de equipamentos culturais. “Mais do que o museu, há a praça que cria um espaço urbano mais coeso e reflete uma maior transformação no entorno”, completou.
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
Sustentabilidade
A proposta do museu é questionar as tendências da atualidade e perspectivas da humanidade para os próximos 50 anos por meio de experiências multimídia e multissensoriais. E, para Calatrava, essa proposta só faria sentido se estivesse diretamente alinhada à estrutura arquitetônica do museu.
Assim, o destaque da obra está justamente na forma que consome energia. A cobertura é constituída de perfis metálicos que mudam de posição conforme a incidência solar, permitindo maior penetração da luz natural no interior do edifício.
O projeto usa essencialmente o concreto como matéria‑prima, capaz de dar forma aos seus elementos curvos ou inclinados, além de funcionar como suporte para a estrutura metálica da cobertura, que se assemelha a um casco de navio invertido. Sobre esta estrutura principal existe a estrutura metálica dos conjuntos móveis, onde estão instaladas 5.500 placas fotovoltaicas, que absorvem a energia solar e a convertem em energia elétrica.
A entrada de luz e ventilação naturais é privilegiada ainda pela utilização de grandes esquadrias de vidro nas fachadas principal e posterior e esquadrias triangulares nas faces laterais.
A seleção dos materiais seguiu critérios ambientais, dando preferência aos que continham componentes reciclados, baixa toxidade, alta durabilidade e fossem produzidos próximo do local da obra – num raio de até 800 quilômetros – como forma de minimizar a emissão de gases de efeito estufa. Mais de 80% dos entulhos foram reciclados. Internamente, o projeto prevê o uso de pisos permeáveis com cores claras, como o limestone e o granito, para tentar reduzir o efeito das ilhas de calor, que aumenta a temperatura interna dos ambientes.
E como grande destaque está o processo de resfriamento que utiliza a água da baía de Guanabara. O prédio contará com um sistema de captação e tratamento da água do mar para resfriar o sistema de condicionamento de ar e também para abastecer o espelho d’água. “Esse detalhe do projeto mostra para os cariocas um caminho para limpar a baía”, comentou o arquiteto Santiago Calatrava em entrevista para o jornal O Globo.
O projeto é norteado pelos critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social estabelecidos pela Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), chancelados pelo Green Building Council Brasil.
O Museu do Amanhã faz parte do conjunto de obras da prefeitura do Rio de Janeiro realizado pelo Consórcio Porto Novo, em parceria público‑privada (PPP). A iniciativa do museu é da prefeitura e da Fundação Roberto Marinho, com patrocínio do Banco Santander e apoio dos governos estadual e federal.
Veja outras fotos do Museu do Amanhã
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
A surpreendente estrutura do Museu do Amanhã.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
Interior do Museu do Amanhã, que propõe a interação com o público.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
Interior do Museu do Amanhã, que propõe a interação com o público.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
Concreto foi o material mais usado para dar forma ao Museu do Amanhã.<br>Thales Leite / Divulgação
Concreto foi o material mais usado para dar forma ao Museu do Amanhã.<br>Thales Leite / Divulgação
Concreto foi o material mais usado para dar forma ao Museu do Amanhã.<br>Thales Leite / Divulgação
Concreto foi o material mais usado para dar forma ao Museu do Amanhã.<br>Thales Leite / Divulgação
Interior do Museu do Amanhã, que propõe a interação com o público.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação
Interior do Museu do Amanhã, que propõe a interação com o público.<br>Foto: Thales Leite / Divulgação

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