Urbanismo

Arquitetura

“Novo Escher”: primeiro prédio inteligente público de Curitiba começa a sair do papel

Isadora Rupp, especial para a HAUS
22/01/2021 19:18
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Prédio na Engenheiro Rebouças será hub de inovação, com inauguração prevista para 2023. | Ricardo Marajó/SMCS

Com auge na década de 1940, o bairro Rebouças, primeira cidade industrial de Curitiba, passou por diversas transformações e tentativas de "revitalização", seja por parte do poder público ou do setor imobiliário. Desde o começo dos anos 1970, com a mudança do eixo industrial da capital para a Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a região permaneceu sem uma vocação definida, mesmo com a riqueza histórica de suas edificações.
Agora, a nova tentativa é de que o Rebouças concentre todas as iniciativas de inovação da cidade; desde 2017, é na região que funciona o Vale do Pinhão, ecossistema para realizar projetos que tornem Curitiba uma cidade inteligente - nomenclatura para cidades que otimizam recursos para servir melhor aos cidadãos. É também no bairro que funcionará o "Novo Escher", primeiro prédio inteligente público da cidade, na esquina das ruas Engenheiro Rebouças e Piquiri. A licitação para a execução da obra deve ser lançada ainda neste semestre.
No final de 2019, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) publicou edital para contratação dos projetos executivos, que precedem a obra, no valor de R$ 913.911,61. A empresa licitante responsável pelo desenvolvimento foi o escritório Ana Luísa Furquim - Arquitetura & Restauro.
O valor estimado da obra em si é de R$ 13 milhões, com recursos do Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento), linha de crédito da Caixa Econômica Federal da qual a Prefeitura tem contratados R$ 250 milhões para obras públicas e equipamentos urbanos.
Um dos ambientes do projeto do prédio inteligente. Imagem: Ippuc.
Um dos ambientes do projeto do prédio inteligente. Imagem: Ippuc.
"O prédio vai ser o coração do Vale do Pinhão, um hub de inovação da cidade onde haverá espaço para conviverem a iniciativa privada, a pública e a universidade", fala a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Cris Alessi. Coworking, espaços para eventos, auditório com 70 lugares, locais para exposições e bases comerciais para empresas e startups estarão no prédio, cuja área total é de mais de 2 mil m².
No terraço, a prefeitura abrirá licitação para que ele seja uma área gastronômica, que também poderá ser locada para eventos ligados à gastronomia e economia criativa. Segundo Cris, a ideia é que essa ocupação gere sustentabilidade financeira, e que a gestão pública não seja 100% mantenedora do edifício. 
Terraço do Novo Escher será destinado para o setor gastronômico. Imagem: Ippuc.
Terraço do Novo Escher será destinado para o setor gastronômico. Imagem: Ippuc.
Haverá ainda espaço para que universidades do entorno (como os campus da UFPR, UTFPR e PUC) possam estar presentes de forma ativa no hub de inovação, e que proponham, por exemplo, desafios para que as startups desenvolvam soluções inovadoras em diversos segmentos.

Estrutura preservada 

Uma das premissas do projeto é conservar as características arquitetônicas do prédio, um antigo silo de moagem de trigo. As vigas aparentes em posições distintas produzem um efeito ótico parecido com o do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher, conhecido por trabalhar com padrões geométricos. Vem daí o apelido da edificação.
Parte da estrutura atual do edifício.  Foto: Ricardo Marajó/SMCS.
Parte da estrutura atual do edifício. Foto: Ricardo Marajó/SMCS.
De acordo com a arquiteta do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Lisiane Soldateli Vidotto, uma das responsáveis pelo projeto, algumas vigas do prédio terão um reforço metálico para garantir a estabilidade e segurança. A edificação ganhará quatro pavimentos extras e uma cobertura. "Também vamos conservar toda a estrutura dos silos e moinhos. Dois deles serão usados para fazer elevadores" explica a arquiteta.
"Estamos falando de um edifício da década de 1930. Nossa ideia é valorizar o original. Por isso as intervenções internas e externas vão trazer materiais metálicos e tubulações aparentes que tragam contraste com a edificação original. É quase um projeto de restauro", ressalta outro arquiteto do Ippuc envolvido no projeto do Novo Escher, Paulo França. A parte interna contará com poucas divisões e paredes, para manter o ambiente o mais integrado,  arejado e iluminado possível.
A intenção é que o Novo Escher seja um prédio autossuficiente, que siga do projeto à construção critérios da certificação internacional Leed Platinum de Sustentabilidade. França explica que serão utilizadas tecnologias inéditas e sistemas de automação para controle de temperatura, conforto térmico, eficiência energética e iluminação natural, além de a menor geração possível de resíduos na construção e captação de água da chuva. O edifício também contará com placas fotovoltaicas para que a energia solar seja a predominante no funcionamento do prédio.  
Projeto manterá linhas originais do prédio. Imagem: Ippuc.
Projeto manterá linhas originais do prédio. Imagem: Ippuc.
Na análise da diretora de projetos do Ippuc, Célia Bim, o Novo Escher vai proporcionar ainda uma melhor infraestrutura urbana para o bairro, com a melhoria no sistema de transporte, acessibilidade, calçada e zoneamento. "A vida dos moradores também melhora. A atração de empreendedores e startups vai gerar ainda novas lojas, restaurantes e comércios, modificando o perfil da região".
A inauguração do Novo Escher está prevista para 2023.

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