São Paulo

Arquitetura

Paixão por arquitetura e histórias: imobiliária foca em público que busca lugares únicos para viver

Isadora Rupp, especial para a HAUS
17/03/2021 20:58
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Apartamento vendido na Refugios Urbanos no icônico Edifício Copan: assinaturas de peso agregam valor ao imóvel. | Refúgios Urbanos/Divulgação

Prédios icônicos, casas assinadas ou um simpático apartamento em um predinho? Ou, uma área externa completa é o que mais importa? Não é comum vermos imobiliárias que descrevem um anúncio de venda com detalhes. Na maioria das vezes, impera a mentalidade de "varejo", que descreve as condições básicas do imóvel, o número de cômodos e o preço.
Mergulhar na história de pessoas que estão procurando um apartamento para comprar - ou vender - foi uma das premissas do ítalo-brasileiro Matteo Gavazzi para fundar a Refúgios Urbanos, imobiliária de São Paulo que busca atender a um público interessado por arquitetura e que faz questão de viver em um lugar único.
Apartamento no Edifício Itamarati, prédio de Cyro Ribeiro Pereira, em Higienópolis, reduto modernista em São Paulo.
Apartamento no Edifício Itamarati, prédio de Cyro Ribeiro Pereira, em Higienópolis, reduto modernista em São Paulo.
Com mais de 2 mil imóveis cadastrados (a Refúgios trabalha apenas com venda) e cerca de 30 associados que fazem a intermediação, o primeiro diferencial de quem topa com o site da imobiliária, fundada em 2013,  é a riqueza de detalhes do anúncio, que reúne desde informações sobre arquitetos e designers envolvidos, detalhes do apartamento ou casa e entorno. "São Paulo é uma grande cidade feita de prédios, e a beleza está no que está construído. Por isso nossa ideia é popularizar o interesse pela arquitetura e história da cidade", diz um dos sócios, Octavio Pontedura, que é engenheiro civil de formação.
Paralela à imobiliária, na mesma época Matteo lançou uma página no Facebook, chamada "Prédios de São Paulo"; a catalogação independente de mais de 300 prédios marcos da arquitetura paulistana foi reunidos em três livros, editados de maneira independente, feita por financiamento coletivo.
Outro projeto é o Instagram "Predinhos de SP", criado por uma das consultoras da Refúgios Urbanos, Bel Herbetta. "Os projetos paralelos são uma paixão, porque queremos levar o assunto para as pessoas de uma forma leve e não acadêmica. Mas nossa principal função é a intermediação de imóveis", ressalta Octavio.
Predinho no Jardins, em São Paulo. Foto: Predinhos de SP.
Predinho no Jardins, em São Paulo. Foto: Predinhos de SP.
Nem todos os apartamentos são exatamente localizados em prédios icônicos, mas o portfólio filtra e valoriza aspectos que podem auxiliar na busca dos clientes.
"Tínhamos um perfil de cliente que eram ou arquitetos ou profissionais da área de criatividade, como cineastas, artistas plásticos. Hoje a nossa atuação é mais ampla e estamos em regiões que não há tanta arquitetura relevante, mas tratamos os imóveis que estão na nossa vitrine de maneira individualizada. A interação entre o cliente e corretor é feita de modo muito particular e super dedicada com as demandas do cliente, que é atendido por pessoas que têm conhecimento de causa", destaca o sócio.
Outra curadoria realizada pela refúgios é a "topo reforma"; são achados que necessitam de repaginação, mas que compensam pelo custo-benefício (esse perfil de apartamento costuma ser mais barato). "Tem o encontro da personalidade da pessoa com o imóvel, quando ela entra e diz: é isso que eu quero. E aí ela consegue ver o potencial e faz mega reformas, que deixam a equipe toda super apaixonada e vira um lugar com a marca da pessoa", salienta Pontedura.

O valor da assinatura 

Segundo Octavio Pontedura, uma boa arquitetura de um prédio ou apartamento ainda não é um fator para valorização do imóvel em termos financeiros; os preços seguem muito a lógica do que é empregado em determinada região da cidade e leva em conta as características de conservação, por exemplo. No entanto, existe o que ele chama de prédios de São Paulo que são "universos em si mesmo": O Copan, projeto de Oscar Niemeyer no centro da capital paulista; o Bretagne, de João Artacho Jurado em Higienópolis, bairro aliás que concentra vários ícones da arquitetura modernista,  e o Louveira, projeto de João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi.
Apartamento no Edifício Cinderela, de Artacho Jurado. Foto: Refúgios Urbanos
Apartamento no Edifício Cinderela, de Artacho Jurado. Foto: Refúgios Urbanos
Em clientes atraídos sobretudo pela assinatura, há aspectos que outros perfis rejeitariam, como vagas de garagem, por exemplo: prédios como o Cinderela, também de Artacho Jurado, não contam com estacionamento em todas as unidades, e isso ocorre em vários prédios icônicos. "Nesses casos os prédios viram objeto de desejo e isso acaba se tornando irrelevante. Esses edifícios, quando se compara o preço com prédios do entorno,  o valor é mais alto, justamente pela assinatura".

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