Arquitetura

Para adotar cachorro, família encara reforma em casa com mais de 60 anos; confira resultado

Luciane Belin*
22/07/2019 20:24
Thumbnail

Fotos: Arquivo Pessoal

Artur queria um cachorro. Uma demanda simples e que é ouvida pelos pais de quase toda criança, em algum momento da infância, acabou por transformar totalmente a vida da família inteira.
Hoje com 10 anos, o menino fez o pedido aos pais, o publicitário Paulo Henrique de Jesus e a jornalista Poliane de Campos Brito, lá em 2015, e eles aceitaram. Mas a família não queria qualquer cachorro. A ideia era adotar um de porte grande, e para tanto, o apartamento em que moravam já não seria mais suficiente: era preciso comprar uma casa com uma enorme área verde ou, pelo menos, um belo quintal.
Foi na busca pela propriedade ideal que a família encontrou a casa que hoje tem sua história contada no perfil de Instagram @amarela500. Localizada em uma região de preservação ambiental em Curitiba, por onde passa um rio, o terreno — de 820 metros quadrados — não permite a construção em boa parte da área, mas era possível encarar uma grande reforma.
E, embora a casa tivesse exatamente o quintal que o casal buscava, eles não caíram de amores à primeira vista. “Na época, visitamos a casa e eu detestei, estava um dia chuvoso e o quintal muito úmido, mato alto, tapetes velhinhos e eu disse: Deus me livre morar nessa casa”, contou Paulo.
A fachada da @amarela500 antes da reforma. Foto: Paulo Henrique de Jesus
A fachada da @amarela500 antes da reforma. Foto: Paulo Henrique de Jesus
Quatro anos e muitas propriedades visitadas depois, a família reencontrou a ‘Amarela’ e decidiu dar uma chance à construção de mais de 60 anos. A Poliane, o Paulo e o Artur abraçaram a história da casinha e tentaram preservar o máximo possível da mesma.

Entre tijolos e memórias

Construída pelos pais e irmãos que trabalhavam na obra nos finais de semana, a edificação tinha um fogão a lenha no subsolo, onde se cozinhava para família e para os vizinhos. O jardim e o terreno têm flores e frutas que foram cultivados pela antiga moradora. “Queríamos muito respeitar a história da casa e a construção, que tinha um estilo típico de arquitetura paranaense. Com essa ideia, de trazer o novo e respeitar a história que ali se tinha, começamos a reforma”.
A sala de jantar em fase de conclusão traz tijolos aparentes. Foto: Paulo Henrique de Jesus
A sala de jantar em fase de conclusão traz tijolos aparentes. Foto: Paulo Henrique de Jesus
Com 183 m², a casa tem uma suíte e mais dois quartos, uma banheiro e um espaço de leitura no primeiro piso. No térreo, ficam as salas de TV e de estar, a cozinha integrada com a sala de jantar e um lavabo, enquanto o subsolo vai ser o lar de uma sala de vídeo game, música, yoga e boxe, além de incorporar lavanderia e depósito. “Além de tudo, em uma área que havia uma garagem e churrasqueira, teremos uma churrasqueira gourmet anexa a um espaço para reuniões sociais de 75 m²”, complementa Paulo.
Foto: Paulo Henrique de Jesus
Foto: Paulo Henrique de Jesus
Os quartos ficam no primeiro pavimento, que foi inteiramente reconstruído, e serão mais modernos. Pela inclinação do telhado, eles terão o pé direito alto, valorizando a luz natural. mas um detalhe foi mantido: a janelinha de madeira da fachada.
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
Segundo o publicitário, todas as ampliações da casa, originalmente construída com tijolos duplos e paredes estruturais, foram feitas em steel frame. “Escolhemos o método pela rapidez da construção, relação custo-benefício, o ambiente é mais térmico e o consumo de água durante a obra foi quase zero. Buscamos reaproveitar os materiais que tínhamos para gerar o menor impacto ambiental e de resíduos possíveis”.
Para isso, as vigas metálicas vieram de construções demolidas, assim como boa parte dos tijolos utilizados, de forma que somente 200 unidades foram compradas durante a obra. “A casa foi projetada para receber toda a luz que vem do norte. Além das grandes janelas, foram feitos rasgos na lateral norte para que luz chegasse no subsolo”, detalha ele, complementando que contou com o trabalho de uma designer de interiores, Josleide Valdívia, e de um arquiteto para conduzir a obra.
Escadas de madeira criam uma composição com os tijolos aparentes. Vãos entre os degraus permitirão que a luz natural chegue até o subsolo. Foto: Paulo Henrique de Jesus
Escadas de madeira criam uma composição com os tijolos aparentes. Vãos entre os degraus permitirão que a luz natural chegue até o subsolo. Foto: Paulo Henrique de Jesus
Em boa parte do processo, no entanto, a família colocou pessoalmente as mãos à obra. “O ático da casa antiga e todas as paredes internas foram demolidas por nós e nossa família, assim como o forno que havia no subsolo e o piso do térreo. Acompanhamos o projeto muito de perto visitando quase que diariamente a obra”, completa Paulo.
No segundo piso, a arquitetura transforma a  própria janela numa moldura para o quintal. Foto: Paulo Henrique de Jesus
No segundo piso, a arquitetura transforma a própria janela numa moldura para o quintal. Foto: Paulo Henrique de Jesus
De tanto acompanhar de perto, a família resolveu se mudar logo de uma vez e terminar a construção já morando no novo endereço, mas a obra só será concluída no ano que vem. Ao final, a ideia é que o resultado consiga traduzir as preferências de arquitetura e decoração do casal. “Eu gosto mais dos estilos modernista e minimalista. Já a Poli é saudosista, gosta de coisas que lembram casa de vó e interior. Com esse espírito vamos decorando a casa”.
E, quanto ao Artur, bom, já tem um tempo que ele conseguiu o que queria: os cachorros Kevin Bacon, Snow e Breno, que agora já têm uma área verde enorme para correr.
*Especial para Haus

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!