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Arquitetura

Pioneiro da arte cinética, Abraham Palatnik morre aos 92 anos vítima de coronavírus

HAUS
09/05/2020 18:21
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O artista plástico brasileiro Abraham Palatnik foi pioneiro na técnica da pintura e escultura em movimento. | Fundação Schmidt/Reprodução

Um dos pais da arte cinética, o artista plástico brasileiro Abraham Palatnik, natural do Rio Grande do Norte, morreu neste sábado (9) aos 92 anos em decorrência do novo coronavírus. Ele estava internado desde 29 de abril no Hospital Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo apuração do jornal O Globo com amigos íntimos do artista, ele sofria de doença pulmonar e contraíra uma pneumonia há seis meses.
Filho de judeus russos, o artista se mudou para Tel Aviv, em Israel, aos quatro anos de idade. Na adolescência, estudou física e mecânica numa escola técnica. Conciliou a especialização em motores de explosão com aulas de arte e a vivência em ateliês de pintura e de escultura.
Exposição dos 90 anos de Palatnik na galeria carioca Nara Roesler.
Exposição dos 90 anos de Palatnik na galeria carioca Nara Roesler.
Palatnik retornou ao Brasil aos 20 anos, desta vez indo morar no Rio de Janeiro. Lá, faz amizade com nomes como o artista Ivan Serpa e o crítico Mário Pedrosa, com quem formou, anos depois, o histórico Grupo Frente, ao lado ainda de Lygia Clark, Franz Weissman, Ferreira Gullar e outros.
Tocado pela autenticidade da arte-terapia da médica Nise da Silveira, no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, na década de 1950, Palatnik abandonou tintas e o pincel para voltar a criar trabalhos com movimento e luz.
Depois de diversas experimentações começou a ser considerado um dos precursores da arte cinética ao lado do venezuelano Jesús Rafael Soto e do israelense Yaacov Agam.
Aparelho Cinecromático SF-4, de 1954.
Aparelho Cinecromático SF-4, de 1954.
Como atesta o artista em entrevista para a Folha de São Paulo em 2013, ao participar de Bienal de Veneza de 1964, ele encantou até mesmo o espanhol Joan Miró — que pediu uma poltrona para contemplar os "Cinecromáticos". "Ele queria ficar sentado, cômodo, admirando o meu trabalho. Ficou lá parado um tempão."
Mais tarde, Palatnik realiza trabalhos que deixam de lado a mecânica e só simulam movimentos com grafismos.
W-432, de 2012.
W-432, de 2012.
Além desses, Palatnik criou obras interativas, pinturas em vidro, móveis, e até um jogo que, parecido com o xadrez, busca ativar a percepção ao ter como objetivo formar o vértice de um quadrado.
Em 70 anos de carreira, o artista participou de cem exposições, no Brasil e no exterior. Entre elas, quatro Bienais de São Paulo, a histórica "Mouvement 2", na galeria parisiense Denise René, e tem obras em coleções como as do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

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