Arquitetura

Prédio modernista da notícia abriga a Casa Cor Paraná

Daliane Nogueira*
15/06/2016 00:34
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Fachada do prédio foi mantida, mas recebeu novo paisagismo para abrigar Casa Cor Paraná. Fotos: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Foi em 1974. O advogado e ex-governador do Paraná Paulo Pimentel, naquele momento um dos principais empresários de comunicação do estado, deixou as acanhadas instalações da Rua Barão do Rio Branco – uma construção eclética próxima de onde hoje funciona o Museu da Imagem e do Som – para mudar seu Grupo Paulo Pimentel (GPP) para um prédio modernista no bairro Vista Alegre.
Os 7 mil m², assinados pelo engenheiro Alcy Ramalho, reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre 1982 e 1986, configuram o primeiro espaço de Curitiba projetado para ser um jornal impresso. Depois dele somente outros dois foram erguidos para este fim: o Canal da Música e o prédio onde funcionou o Diário Popular, na Rua XV de Novembro.
As áreas de pé-direito altíssimo do prédio foram pensadas para receber as rotativas de onde saíam as edições da Tribuna do Paraná e de O Estado do Paraná.
Área onde ficava uma das rotativas do jornal. Foto: Acervo O Estado do Paraná
Área onde ficava uma das rotativas do jornal. Foto: Acervo O Estado do Paraná
“A construção guarda características da arquitetura que se fez nesse período em Curitiba, com a fidelidade ao material em evidência. Neste caso específico principalmente o concreto, a madeira e o vidro”, aponta o arquiteto e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Luiz Salvador Gnoato.
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O espaço receberá, a partir da próxima terça-feira (21), a principal mostra de decoração do Paraná. A Casa Cor abre suas portas para o público revelando 48 ambientes entre propostas residenciais, comerciais e de entretenimento. Uma das premissas do evento foi preservar as características do prédio. “Boa parte dos profissionais procurou manter o piso original dos ambientes (um parquê datado dos anos 1970)”, comenta Marina Nessi, diretora da Casa Cor PR.
Outro destaque é a preservação da área onde ficava uma das impressoras, que ganhou um ambiente mesclando paisagismo e cenografia.
História
O terreno em uma das áreas mais altas da cidade transformava a redação em um ponto de observação. Dos grandes janelões é possível observar quase todos os cantos de Curitiba.
Das janelas do prédio, na Vista Alegre, vê-se quase toda Curitiba. Fotos: Átila Alberti/Acervo O Estado do Paraná
Das janelas do prédio, na Vista Alegre, vê-se quase toda Curitiba. Fotos: Átila Alberti/Acervo O Estado do Paraná
Entre as particularidades da construção estão, ainda, uma entrada privativa para o publisher, cortina de vidro para a sala de máquinas, além de instalações sob medida para um set de cinema. Pimentel tinha praticamente um auditório e um anfiteatro para receber políticos, empresários e seus editores. E, nas demais dependências, espaço de sobra para fotógrafos, diagramadores e repórteres, entre eles o poeta Paulo Leminski.
Paulo Leminski trabalhou na redação de O Estado do Paraná. Foto: Arquivo
Paulo Leminski trabalhou na redação de O Estado do Paraná. Foto: Arquivo
No andar de baixo, no entanto, ficava um dos patrimônios mais emblemáticos: o arquivo fotográfico, um acervo de fotojornalismo estimado em 19 milhões de documentos, o mais importante do gênero no sul do país.
Parte do legado construído por Pimentel faz parte atualmente do Grupo Paranaense de Comunicação (Grpcom), que adquiriu os títulos Tribuna do Paraná e O Estado do Paraná em 2011.
*com colaboração de José Carlos Fernandes

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