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Arquitetura

Projeto resgata elementos de antigos armazéns para loja de produtos a granel

Roberta Braga, especial para HAUS
15/06/2022 14:59
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Prateleiras dispostas a partir da ilha central ajudam a criar um eixo intuitivo de fluxo pelo espaço. | Eduardo Macarios

Armazéns que não usam embalagens plásticas, que têm os produtos como protagonistas e incentivam o consumo consciente. Esse foi o fio condutor para o desenvolvimento do projeto arquitetônico da Nova Despensa, loja de produtos naturais vendidos a granel, que fica nas esquinas das Ruas Coronel Dulcídio e Vicente Machado, no bairro Batel, em Curitiba.
Desde o começo do projeto, o escritório teve o desafio de trazer uma releitura de um ambiente como os dos antigos armazéns. “A ideia é que o cliente não se sentisse pressionado pelos produtos, que pudesse ‘navegar’ na loja de forma natural”, conta Lucas Aguillera, da Solo Arquitetos. Para isso, a primeira solução foi criar uma nova dinâmica de layout de exposição, atendimento e circulação.
O projeto, conta Mariana Osowski, uma das sócias da Nova Despensa, ao lado de Felipe Giovanaz e Renata Acosta, teve um tempo de maturação grande, por conta da pandemia. Isso permitiu que um trabalho mais consistente de branding e personalidade da marca, que ficou a cargo da @touz.co, pudesse ser feito. “Queríamos abrir um negócio que estivesse ligado a movimentos como o zero waste e que, de partida, eliminasse o plástico de uso único do processo de compra e incentivasse a utilização dos potinhos de casa para levar os alimentos.”

Desafio

Projeto teve como objetivo valorizar os produtos em exposição, como os antigos armazéns.
Projeto teve como objetivo valorizar os produtos em exposição, como os antigos armazéns.
O desafio foi usar a arquitetura para ajudar a venda dos produtos e a entrega do conceito do cliente. "A arquitetura não deve ser protagonista em projetos comerciais. Mas já se foi a época em que o produto se vendia sozinho. Por isso, hoje, a função da arquitetura é ajudar a destacar o que se vende", afirma.
Para colocar as soluções em prática, um ponto era fundamental: achar o imóvel ideal, que tinha um requisito importante, ter abundância de luz natural. Imóvel e conceito definidos, o escritório passou para o projeto, que tem no mobiliário a função de valorizar os produtos. Para isso, foram escolhidas cores mais neutras, além de linhas retas e minimalistas. “Trouxemos apenas o essencial, deixando a atenção mesmo para os produtos. Um exemplo é que as gavetas não têm puxador. Um círculo vazado deixa o design mais clean, além de facilitar o abre e fecha”, ressalta o arquiteto.
A instalação de uma ilha central acomoda o atendente com visão 360º e também serve de vitrine para a exibição dos produtos.
A instalação de uma ilha central acomoda o atendente com visão 360º e também serve de vitrine para a exibição dos produtos.
Já os dispensers, feitos em parceria com o designer de produto Max Kampa, do VenturaLab, foram pensados para atender especificamente o mix da loja. Neles, é possível observar um elemento que se destaca e se repete, o medidor integrado, escolhido para marcar um “ritmo” visual ao todo, criando identidade. As estantes, balcão e demais mobiliários foram feitos em MDF e melamínico nas cores branco, bege e goiaba, essa última escolhida para trazer um toque de cor em meio aos tons neutros. O compensado de madeira, visto em alguns detalhes, ajuda a remeter ao natural, conceito que perpassa toda a decoração. “É uma loja que sempre quis ser despretensiosa, e a marcenaria reforça essa ideia, de valorizar os produtos", aponta Lucas.

Layout e iluminação

Imóvel escolhido se destaca pela abundância de luz natural.
Imóvel escolhido se destaca pela abundância de luz natural.
Se nos antigos armazéns os produtos ficavam em exposição, mas sem o acesso do cliente, na Nova Despensa foi proposta uma nova dinâmica, com a instalação de uma ilha central, que acomoda o atendente, mas também serve de vitrine para a exibição dos produtos. Isso permite que o atendente tenha uma visão 360° da loja, podendo estar atento às necessidades dos clientes, mas deixando-os livres. E os produtos, por sua vez, se destacam assim que se entra na loja, permitindo um rápido entendimento da disposição dos itens.  “A loja tem um espaço quadrado, que é mais difícil de organizar. Mas trouxemos essa ideia de inverter o trajeto linear visto no comércio, onde o caixa fica sempre na entrada ou na saída. Resgatamos a ideia de colocar o atendente no centro, como um orientador.”
Mariana conta sobre o impacto dessa mudança no dia a dia da loja. “O layout se tornou um ponto importantíssimo e, de certo modo, definidor da experiência de compra. A ilha central, além de propor o sentido do fluxo, traz um elemento reconhecível de um estilo antigo de mercearia, onde o dono, de trás do balcão, tem o controle da situação - ao mesmo tempo em que está sempre disponível para dar atenção a quem deseja ou precisa.”
Linhas retas e minimalismo marcam as escolhas do mobiliário. Um exemplo é nas gavetas, em que se optou por círculos vazados no lugar dos puxadores.
Linhas retas e minimalismo marcam as escolhas do mobiliário. Um exemplo é nas gavetas, em que se optou por círculos vazados no lugar dos puxadores.
A iluminação também ajudou nessa valorização dos produtos, como faziam os antigos armazéns. Além da abundância de luz natural, que entra pelas amplas janelas, foi usada iluminação em dois níveis. No salão, o uso de spots embutidos na lateral consegue flexibilizar e direcionar de forma inteligente a luz. Na ilha, o uso de perfil de LED para baixo ajuda na iluminação dos produtos da ilha e da área de trabalho, e um perfil voltado para cima contribui para a iluminação indireta do espaço. Além disso, fitas de LED foram usadas nas prateleiras, ressaltando ainda mais o mix.

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